Aquele do quadro

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E tocou

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E tocou.

Era sexta feira, ou seja, seria o dia da prova de Yoongi. E o dia em que Taehyung tinha mais aulas práticas. O que ele adorava. Aquele dia tinha tudo para ser incrível, e o Kim faria de tudo para ser mesmo. Sua primeira prática era de óleo sobre tela, que tomava basicamente metade do dia letivo. O óleo demorava demais para secar, e como não existia jeito de fazer com que as cores não se misturasse, a classe tinha que planejar bem e trabalhar no mesmo quadro por semanas. Taehyung sempre terminava seus quadros antes do prazo e de todo o resto da sua turma. Gostava de conceitos monocromáticos. Eram mais simples de trabalhar e com o movimento certo, o desenho ideal e um pouco de técnica, a tela ficava tão boa quanto as pinturas coloridas.

Taehyung tinha começado esse quadro alguns dias antes, desde que vira Yoongi tocar. Fez boa parte do trabalho em casa, trabalhando com as bases e deixando os detalhes para finalizar em aula, já que era a parte mais difícil. Pela primeira vez, decidiu não fazer algo monocromático. Não que esse fosse seu plano original, mas com a memória tão latente do sonho, não poderia mandar um quadro inspirado em som sem colocar as cores que enxergou na música. Era um pouco poético e metafórico demais para explicar, mas ao menos sabia pintar.

Taehyung ficou a aula inteira terminando aquele quadro, retratando movimento do vento no mato seco e alto, colocando tons diferente de azul no céu, pintando as pequenas folhas de papel sendo levadas pelo mesmo vento que levava as plantas a bel prazer. Colocava sentimento em cada pincelada, o que fazia parecer que estava demorando mais para pintar. Mas ao final daquele período, tinha em sua frente um dos quadros mais bonitos que já pintara. Estava orgulhoso de seu trabalho e queria fazer mais. Estava inspirado.

A aula seguinte, que também tomava metade do dia, era prática de paisagem. Taehyung sempre escolhia o céu. Decidiu que faria algo novo dessa vez. Se em óleo sobre tela o loiro costumava pintar conceitos monocromáticos, quando se tratava de paisagem ele fazia o oposto. Sempre pintava um pôr-do-sol colorido. Tratava de mostrar o céu azul escurecendo, os tons de lilás, rosa, vermelho, laranja e amarelo. Todos presentes junto das primeiras estrelas que despontavam no céu. Era poético e por isso Taehyung amava. Mas sua inspiração o fazia sair de sua zona de conforto. Estava pronto para usar tinta acrílica e fazer um conceito mais monocromático.

Era diferente, mas já separou a tinta azul, branca e preta. Sua paleta estava pronta. Mas em sua mão estava um lápis. O rascunho é uma parte importante do desenho, sem ele as pinceladas sempre ficam perdidas. Kim sabia bem disso. Então desenhou com a tela apoiada no cavalete - uma posição muito mais favorável ao desenho do que o clássico "apoiado na mesa" - e desenhou. Suas mãos surpreendiam os outros alunos, ele parecia profissional. Com movimentos leves mas precisos, a borracha era presente mas estava inteira, mal era usada. Várias linhas e muitas curvas depois, a inspiração "clicou" em sua cabeça e ele já sabia como aquele trabalho terminaria. Suas mãos eram tão rápidas mas ainda tão delicadas.

Em 40 minutos de tracejadas e muitos olhares admirados, o rapaz já estava escolhendo os pincéis. Em momentos como aquele, Taehyung nem sequer se importava em tirar os olhos do seu material. Não se importava com os olhares, nem os via mesmo. Não se importava com os murmúrios, mesmo antes do acidente. Sua mente se focava em sua arte e viajava por aquilo que lhe deu inspiração. Geralmente eram imagens estáticas, "fotografias mentais" como o mesmo chamava. Mas dessa vez era um filme, um eterno loop de mãos em peças brancas e pretas, num piano de madeira envernizado. Essa era a primeira vez em anos que sua imaginação colocara som nas imagens que tinha por imaginação.

Taehyung não percebeu, mas estava cantarolando o som que estava em sua cabeça. Ele surpreendeu a todos na sala, desde o professor até Jimin, que estava no cavalete ao lado do seu. O mais baixo o olhava já com lágrimas nos olhos, mesmo sem poder ouvir a voz do amigo, faziam mais de 2 anos que não ouvia nem um "uhum" sair de sua boca. Vê-lo cantarolando foi algo que fez com que o coração do Park desse diversos pulos dentro do peito. Eles eram realmente muito próximos, então a surpresa foi gigante e a felicidade maior ainda. Decidiu que pintaria aquele quadro inspirado nessa felicidade. Inspirado em Taehyung.

Já o loiro começou a fazer as misturas, pintou as bases de seu trabalho e se concentrou no que deveria fazer. Esse período de prática tinha basicamente 3 horas de duração. Taehyung terminou seu quadro antes de todo o resto da turma e foi liberado pelo professor. Pintou um quadro com a base completamente azul, com nuvens e um avião no meio. Usou um pouco de tinta vermelha, amarela e laranja para os detalhes. Gostou desse conceito da visão ilimitada que teve. Não tinha certeza do porquê, sua inspiração surpreendia até a si mesmo, mas o resultado era extremamente satisfatório. A perspectiva superior, olhando para baixo e encontrando um avião sobre as nuvens e um oceano azul embaixo. As cores usadas para profundidade, o movimento do pincel para fazer as nuvens. Até o fato do avião ter sido pintado de forma extremamente realista e o resto da obra ter pinceladas visíveis traz um conceito levíssimo de op-art para o trabalho. Precisava admitir, era uma de suas melhores obras.

Ao sair da sala, não tinha mais tarefas naquele dia. Não tinha aulas, seu quadro para o concurso estava pronto. Decidiu que procuraria por Yoongi. Queria saber como tinha ido em sua prova. Mas com o péssimo senso de direção que tinha, não sabia por onde começar a procurar.

Passou no seu armário, deixou seu material de pintura e sua mochila com material teórico toda amontoada ali e saiu a procura. Era mais leve andar sem peso algum e se sentia mais à vontade para andar na escola assim. Subiu para o andar de música, procurando por qualquer que fosse a sala que Yoongi se escondia. Não que ele estivesse realmente escondido, mas na cabeça do loiro fazia sentido. Andou, andou e andou. Não o encontrou em lugar algum, até que descobriu que estava no departamento errado. Estava nas salas de teatro procurando por um aluno de música. Novamente se culpou e ouviu o sinal. Bom, tinha tempo extra para ficar com ele se o encontrasse, mas não foi o caso.

Kim voltou para o seu armário e pegou seus materiais de desenho. Seu kit de canetinhas aquarela e canetas hidrográficas com a ponta maleável, junto com seu caderno de desenhos. Não faria nenhum quadro ou pintura grande, mas se estivesse entediado enquanto Yoongi tocava poderia pintar. E se pôs a andar até a sala onde, dessa vez, sabia que encontraria o mais velho. A única sala além das de artes que ele sabia ir sozinho.

Chegando lá encontrou Yoongi tocando. Estava concentrado, decidiu que não iria interrompê-lo. Mais uma vez, decidiu que iria desenhar. Acabou saindo um retrato. Estava lindo. Mas não tão lindo quanto o original. Pensou o loiro quando finalmente interrompeu o veterano e o chamou para começarem a aula de linguagem de sinais.

 Pensou o loiro quando finalmente interrompeu o veterano e o chamou para começarem a aula de linguagem de sinais

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River flows in you - TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora