Aquele do sorriso bobo

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Três dias.

Yoongi estava a três dias sem ver Taehyung.

Não que isso fosse alguma novidade. Na semana anterior já havia passado o mesmo período sem vê-lo. Por que sentir falta agora? Aparentemente, por causa disso, Yoongi não queria tocar.

- Vou sair um pouco para vê-lo. - falou para si mesmo, afinal só tinha ele na sala.

Vai se arrepender por não ficar aqui tocando... Provavelmente seu consciente estava certo. Precisava ensaiar bastante, o concurso era em duas semanas. Mas naquele momento, somente Taehyung estava em sua cabeça.

Sinceramente, Yoongi não entendia como isso poderia estar acontecendo. Por que não conseguia se concentrar? Por que não conseguia tirar o loiro da cabeça? Por quê? Não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas. Mas também não procurava respostas. Era impulsivo, agitado e, acima de tudo, inexperiente. O pianista mal sabia se estava fazendo as perguntas certas, quem dirá procurando respostas. Mas, ao menos para si, elas não faziam falta por enquanto.

Enquanto pensava tudo isso, caminhava em direção ao departamento de artes. Mandou mensagem para Jimin perguntando onde estavam antes de sair da sala, logo, sabia exatamente para onde ir. Caminhava sem pensar em nada específico, só querendo ver certa pessoa.

Quando chegou na sala, abriu a porta devagar e o viu pintando. Estava somente ele na sala, o que era estranho já que Jimin que o avisou que estavam ali. O moreno chegou perto do cavalete onde ele estava pintando, mas o loiro não pareceu notar uma outra presença na sala. Sua concentração era invejável. Uma pequena parte de Yoongi ficou incomodada. Por que eu fico doido com vontade de ver ele, e o homem consegue não notar que eu entrei na sala por estar concentrado? Pura injustiça! Mas o músico ignorou aquele lado, era egoísta pedir que ele passasse pela mesma coisa que ele estava passando. Mas não deixava de se sentir rejeitado. Bom, não sabia explicar direito, mas estava um tanto incomodado.

Porém a maior parte na mente do rapaz estava encantada - mais uma vez. A beleza do loiro já era inacreditável normalmente, mas quando pintava ele se tornava um deus constituindo sua obra; a natureza esculpindo todos os biomas de forma equilibrada; a encarnação perfeita da beleza e inspiração. Os olhos de Yoongi estavam brilhando, não conseguia se cansar de ver aquilo.

Repentinamente o pincel parou e, com isso, tirou o moreno de seu transe. Taehyung desgrudou de seus materiais (finalmente) e foi comprimentar Yoongi, que simplesmente deu um salto de susto ao ver o rapaz vindo em sua direção. Ainda estava meio atordoado por causa dos próprios pensamentos.

'Hyung, está tudo bem?' Taehyung sinalizou com cara de preocupado. O moreno ficou pálido de repente.

'Estou sim' Respondeu, também em sinais. A resposta foi completamente vaga e não deixou o loiro satisfeito. Ele fez uma cara de quem comeu e não gostou e voltou a ficar de frente para sua tela. Não voltou a pintar, só encarava a pintura.

O pianista levantou e tocou seu ombro de leve. Taehyung já esperava isso, então nem se assustou com o toque "repentino". Somente se virou e o encarou. Seu olhar dizia não vai me dizer a verdade, mas ainda quer falar comigo? Como ele conseguia dizer tudo isso somente com o olhar é um mistério até mesmo para Yoongi que estava ali e presenciou esse olhar dirigido a ele. O menor engoliu em seco. E suspirou, se dando por vencido.

'Eu estava completamente vidrado por você enquanto pintava, quando você veio na minha direção eu travei' Sinalizou completamente embaralhado. Estava claramente nervoso. Taehyung entendeu tudo. Estava acostumado a trocar sinais com pessoas que fingiam saber soohwa, então vivia tendo que entender seja qual for o sinal que as pessoas faziam. As mãos embaralhadas do veterano eram bem fáceis de entender perto das coisas que teve que entender até então.

O que Yoongi viu fez com que ficasse com um sorriso gengival no rosto. Não que ele controlasse os músculos do rosto nesse momento. Só sorria. Taehyung estava corado, olhando de canto para o chão. Aquele sentimento de rejeição, sumiu. O moreno não conseguiria tirar essa imagem da cabeça nunca mais, e, mesmo sem saber, fez com que o loiro perdesse a capacidade de responder.

'Eu fico muito lisonjeado que tenha ficado assim por minha causa.' Finalmente o pintor tirou os olhos do chão e olhou para o pianista. Poderia passar o resto da vida olhando para esse rosto... Não. Pera, quê?! Yoongi discutia consigo mesmo dentro de sua cabeça mas seus olhos não desgrudaram do loiro. Taehyung ficou ainda mais vermelho. Esperava por uma resposta, mas recebeu um sorriso, olhos brilhando e um olhar fixo no seu. Era lindo, não negaria, mas estava com vergonha.

Min saiu de seus devaneios e olhou no relógio. Merda! Merda! Merda! Passou tempo demais ali, precisava voltar correndo para a sala, tocar sua música ao menos mais uma vez antes de levar a chave de volta para a sala dos professores. Além do relatório que teria que escrever para o seu professor. Eu sabia que era um erro vir aqui, só espero que consiga me concentrar melhor agora... Estava tão imerso que levantou sem avisar onde ia, mas se parou no meio do caminho e se dirigiu ao mais alto.

'Eu preciso voltar, queria te ver um pouco mas agora eu tenho que ir' Se despediu e saiu sem esperar uma resposta, deixando Taehyung estático, confuso e, principalmente, com muita vergonha. O loiro soltou um suspiro e saiu da sala. Precisava lavar o rosto para voltar a se concentrar no quadro. O excesso de sentimentos no mais novo era todo despejado nas pinturas, então tinha que aproveitar os momentos que Yoongi aparecia assim e se fazia cada vez mais presente.

Já Yoongi corria pelos corredores. Sua mente estava tão agitada quanto ele próprio.

Preciso tocar, limpar a sala, conferir a afinação do piano, trancar, ir para a sala dos professores, fazer o relatório e entregar para o professor... Esqueci de alguma coisa? AI MEU DEUS EU VOU SURTAR!!! Sua mente não lhe deixava em paz. Começou a suar e não era necessariamente pelo esforço físico. Droga!

Chegou na sala e olhou o relógio por puro hábito. E foi aí que percebeu. Não estava atrasado, seu relógio de pulso estava adiantado. Sua mente finalmente tinha parado. Voltou a ter somente um par de olhos em conjunto com bochechas coradas. O rapaz suspirou.

Fez seu caminho até o piano, que já tinha deixado ajeitado para tocar, e se concentrou nas teclas. Olhava as notas na partitura e suas mãos se mexiam. A melodia era linda. Conseguiu tocar a música inteira. Ao menos essa saída valeu pra voltar a me concentrar. Pensou ao fechar o piano e pegar seus equipamentos para ver a afinação. Seu dia estava longe de terminar, e sua música longe de estar perfeita. Mas seu coração havia finalmente se acalmado. E amanhã tem aula de linguagem de sinais...

River flows in you - TaeGiOnde histórias criam vida. Descubra agora