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— Está tudo bem agora... eu estou aqui, sempre estarei. — Ouço a vibração de sua voz. Me desvencilho do abraço e olho para o seu rosto, aparentemente estava chorando também. — Não chore mais. Você tem a nós agora. — Ela seca delicadamente minhas lágrimas com o seu polegar. Mesmo chorando, ela sorri, radiante.

— Eu só tenho que agradecer. — Ponho minha mão sobre a sua, que ainda estava meu rosto. — Se eu tivesse ficado sozinho...

— Sua avó sabia exatamente o que fazer quando esse dia chegasse.

— Sim. Ela sabia. — Olho para o céu, nublado. — Ela ficaria feliz em ver que eu estou me dando bem com as pessoas. — Sorrio.

— Tenho certeza que sim.

— Podemos ir? Quero ver minha antiga casa.

— Claro. — Seguimos até a saída do cemitério e vamos para o carro. — Onde fica?

— Pode seguir esta rua. — Em cinco minutos, nós já estávamos em frente à casa. — É aqui. — Seguro a chave em meu bolso com força.

— Ela é bem pequena, sim?

— É, bem diferente da mansão que você vive. — Digo, rindo. — Mas ainda assim, eu era feliz.

— Vamos entrar. — Ela vai até a porta, me esperando.

Ao girar a chave, me bate uma nostalgia. Todos os dias eram os mesmos.

— Está exatamente do mesmo jeito que era antes. — Os móveis estavam completamente empoeirados. Paredes estavam úmidas. — Abandonado. — Espirro.

— São os seus pais? — Jennie pega um dos quadros que estavam em cima da estante.

— Sim, são. — Pego o quadro para olhar. — Eles também se foram, mas eu não sinto tanto, mal me lembro deles...

— Você viveu a maior parte de sua vida com sua avó?

— Sim, era uma mãe para mim. — Sorrio ao ver outro quadro, com uma foto com eu e minha vó. — Ela era perfeita.

— Como os seus pais...

— Acidente de carro. Eles eram muito novos, moleques. Viviam em festas, bebendo muito e voltando para casa em altas velocidades, até que um dia aconteceu o que minha avó mais temia.

— ... — Ela parece querer falar algo, mas hesita. — Eu fazia isso.

— Complicado. — Pego todos os quadros com fotos minhas e de minha finada avó.

— Aqui era o seu quarto? — Ela abre uma das portas.

— Sim. — Vou atrás. — Minha cama desarrumada é a mais.

— Pensa que pelo menos evitou os ácaros, mas nessa altura, a poeira consumiu tudo. — Nós dois rimos alto.

— O quarto que eu durmo hoje é ainda maior que essa casa.

— Sim.

— Ok, eu tenho que sair daqui. — Meu nariz começa a coçar, há muita poeira. — A única coisa que eu não gostava era que essa casa tinha mais poeira que as outras.

— Não quer ver o quarto de sua vó?

— Não tem nada lá. Pedi para que doassem as roupas que ela tinha, não eram muitas, mas ajudaria alguém que precisasse.

— Eu faria o mesmo. — Jennie segue até a porta de entrada. — Tem algum lugar para nós comermos? Estou morrendo de fome.

— Eu sei um lugar perfeito! — Animo e vou correndo para fora da casa, trancando a porta e entrando no carro. — Vamos almoçar no restaurante onde eu trabalhava.

Partimos e fomos até o restaurante. Faz tanto tempo que eu não sinto o cheiro da comida de lá, o sabor era incrível! Sempre levava a janta para minha avó.

— Tenho certeza que você irá gostar. — Sorrio e nós dois vamos até a entrada do local, que desde que fui embora, não mudou nada!

— Y-yoongi? — Sunbae fica surpreso. — Temos um cliente especial hoje! — Ele grita.

— Tem uma mesa disponível?

— Claro, me sigam, por gentileza. — Ele nos leva até a mesa, perto da janela, uma das melhores. — Quem diria que um dia você estaria pagando para nós. — Ele ri. — O que vão querer? O prato do dia é Kimchi, mas temos outros pratos também. — Ele nos entrega dois cardápios, pega seu bloco de notas e uma caneta.

— Kimchi?! Eu vim no dia certo!

— Certo! — Ele anotou rapidamente. — E a senhorita?

— Tteokkiboki e um shikae, por favor.

— Anotado. Já chego com o pedido de vocês! — E lá se foi ele, levando os cardápios.

— Não sabia que gostava de comidas picantes. — Digo, surpreso.

— Eu gosto de muitas coisas picantes. — Ela ri, travessa.

— Minha nossa.

— Brincadeirinha! Eu gosto mesmo por conta do Shikae. É tão doce! Ajuda a aliviar também o sabor picante após a refeição. — Rio baixo.

Após um tempo esperando, nossos pedidos foram entregues.

— Aqui estão. Boa refeição!

— Obrigada.

Comemos em silêncio, estávamos com tanta fome que apenas pensamos em comer.

— Eu comi tão rápido que sinto que ainda estou vazia. — Ela abre a latinha e toma um gole. — Como pode ser tão bom?!

— Você gosta mesmo de doces.

— Gostar é pouco, eu amo. — Ela olha para mim. — Principalmente doces como você. — Ela sorri de canto e termina de beber o Shikae.

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🔹Shikhae ( 식혜 )

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É uma bebida de arroz doce com pequenos pedaços de arroz. É muito doce e geralmente servido no final das refeições, como uma sobremesa. É aconselhável tomar quando se vai comer 떡볶이 (Tteokbokki) que é um prato picante, então o doce ajuda a aliviar depois.

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𝐑𝐢𝐜𝐡 - 𝒴ℴℴ𝓃𝓃𝒾ℯOnde histórias criam vida. Descubra agora