Hyungs

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                        “Apenas viva bem. Apenas viva”. ~ Como eu era antes de você.

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  Pensei muito nas palavras do senhor Lee até chegar a conclusão de que ele estava certo. Foi como se, de repente, a minha vida inteira tivesse sido apenas um rascunho, e agora eu poderia fazer dela a obra final; poderia reescrevê-la e, finalmente, segui-la do jeito que eu quisesse.

  Eu não vou ser infeliz a minha vida inteira fingindo ser alguém que eu não sou, apenas para satisfazer os outros. Se eu for infeliz, que seja vivendo a minha própria vida, então.

  Que seja sendo eu mesmo.

  Quando eu notei o quanto eu queria isso, num ímpeto, com o coração acelerado, meus olhos se direcionaram até a casa dos Kim, mais especificamente até a janela de Taehyung. Queria contar para ele da minha decisão; queria saber se ele ficaria feliz por mim.

   Infelizmente, eu havia me esquecido de que não estávamos mais nos falando, e só me recordei quando o vi através da janela de seu quarto, os fios castanhos bagunçados e o torso desnudo, Yoona sentada em sua cama, os dois sorrindo um ao outro. Taehyung foi até a janela e percebeu que eu estava os observando. Seu sorriso vacilou um pouco e, num movimento rápido, as cortinas se fecharam.

  — Tudo bem. — murmuro para mim mesmo, tentando não pensar no que os dois estariam fazendo naquele exato momento. — Você pode fazer isso, Jeongguk. Com ou sem ele.

  E foi o que eu fiz.

  Primeiro, percebi que precisava conversar com alguém da minha família a respeito da minha decisão. Quando estamos passando por um problema, o nosso primeiro instinto é procurar por nossa família, seja quem quer que consideramos que essa seja. Eu precisava saber se teria o apoio de pelo menos um dos Jeon, para conseguir seguir em frente.

  Se meu próprio irmão não fosse capaz de me compreender, então talvez fosse melhor eu desistir.

  — Jeongguk? — observo Junmyeon bocejar do outro lado da webcam. Ele está todo descabelado e com olheiras imensas. — Aconteceu alguma coisa? Você sabe que ainda é madrugada aqui nos Estados Unidos, não sabe?

  — Desculpa. — hesito, mordendo os lábios. Parece que meu coração vai quebrar minhas costelas e sair voando do meu peito a qualquer momento. Mas eu preciso fazer isso.

  Sua expressão se suaviza e, de repente, ele parece mais acordado.

  — Aconteceu alguma? Está com tantas saudades do seu hyung que não consegue esperar até amanhã?

  — Você faz falta aqui... — murmuro, com um sorriso triste, porque é verdade.

  — Também sinto sua falta, irmãozinho e... Ei, Jeongguk, você está chorando?

  Sim, eu estou chorando feito um bebê, com direito a catarro e tudo. Tento limpar as lágrimas, mas meus olhos não param de produzir mais e mais líquido. Junmyeon não diz nada, mas me olha com uma expressão de dó.

  — Hyung, vai ser tão difícil sem você aqui... — soluço, tentando me acalmar. — Eu não sei como fazer isso. Não sei como as coisas serão e eu... estou com medo, hyung. Muito medo. Mas preciso seguir em frente.

  — Jeongguk, eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou aqui por você, tudo bem? Eu sou seu irmão mais velho, e eu te amo demais. — sua voz sai calma e doce, e isso deveria me acalmar, mas parece que dói ainda mais.

  — Não diga isso, hyung. Me faz com que eu me sinta pior ainda por ter mentindo para você a minha vida inteira. — consigo me acalmar ao ponto de essa frase ter soado inteligível. Junmyeon me encara, confuso.

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