Emoções Confusas

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         "O único dom que me salva é a distração. Ela preserva a minha sanidade" ~ A menina que roubava livros.

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  Não dormi nada durante a madrugada, em partes porque a festa perdurou até umas quatro da manhã. As pessoas gritavam e, a cada cinco minutos, alguém se jogava na piscina, o que fazia um barulho tremendo. Além do mais, o quarto estava com um cheiro terrível de vômito e de cigarro, visto que Taehyung teve a brilhante ideia de fumar antes de dormir. Pensei em interferir, mas estava tão esgotado mentalmente que nem me dei o trabalho.

  E ele também parecia precisar daquilo, de qualquer forma.

  Além de tudo isso, juro que escutei gemidos em determinada hora. E duas pessoas discutindo e xingando no quarto ao lado em determinado momento. Por que as pessoas sempre precisam fazer um escândalo, seja brigando ou fazendo amor?

  E ainda tinha o meu coração recém-partido e a preocupação com o meus pais, que também me mantiveram acordado. Eu nunca havia dormido fora de casa sem avisá-los, e tinha certeza de que seria punido por isso. Um mês sem celular, eu esperava. É melhor do que ficar sem notebook e, assim, me desvincular do único lugar onde posso ser quem eu sou: o Nagareboshi

  Se bem que, agora, acho que o meu blog já não é mais o único lugar onde posso ser quem sou...

  Diferente de mim, Taehyung dorme feito uma pedra ao meu lado, de bruços, abraçado a um travesseiro. Vê-lo dormir ao meu lado nessa cama de casal é estranho, e por algum motivo me faz pensar na estrela com o meu nome. Aquela pequena pintura, tão afastada das outras, tão escondida, vem me afetando de uma forma incomum. Quando penso nela, o motivo da felicidade de Taehyung naquele momento, saber que ela o fará sorrir nas horas mais desesperadoras, me traz uma calma inexplicável. É quase como se eu gostasse de ser um dos motivos de seu sorriso.

  — Jeonggukie... — o ouço balbuciar ao meu lado, quase inaudível. Me viro na sua direção, surpreso, mas não consigo ver o seu rosto. Ele não estava dormindo? — Você... eu quero... muito...

  Franzo o cenho enquanto observo seu corpo parado ao meu lado, apenas o peito se movimentando de maneira ritmada. Será que é um só um sonho...?

  Um sonho... comigo?

  — Taehyung..? — sussurro. Eu espero e... nada. Mordendo os lábios, arrisco: — O que você quer...?

  — Hum... — ele murmura alguma coisa que não consigo identificar, e então o silêncio volta a reinar no quarto.

  Ok, era só um sonho... penso, tentando não imaginar o quão estranho é ele estar sonhando COMIGO.

  De repente, o Kim se vira para o meu lado, e passa uma das pernas sobre o meu quadril, o braço jogado sobre a minha cintura. Ele se aconchega em meu peito, o que faz meu corpo inteiro enrijecer. Penso em tirá-lo, mas então olho para o seu rosto, tão sereno, e desisto. Ao invés disso, pouso uma de minhas mãos sobre o seu joelho e o encaro, sentindo o doce aroma de canela que seus fios castanhos exalam.

  Me pego querendo desenhá-lo agora: seus olhos levemente fechados; a boca entreaberta; o sinal que ele tem na pontinha do nariz; os cílios longos, que fazem uma curva bonita; os fios castanhos escuros e levemente ondulados que caem sobre a pele bronzeada de sua testa e que escondem parte das sobrancelhas escuras.

  Nunca havia prestado tanta atenção em seus traços antes, mas Kim Taehyung daria uma bela obra de arte.

  Suspiro, desviando o olhar e fechando os olhos. E, sentindo o calor do seu corpo encostado ao meu, consigo dormir tranquilamente.

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