Capítulo 18

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 A última vez que me lembro de pisar no edifício das empresas Fontini foi aos meus onze anos de idade

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A última vez que me lembro de pisar no edifício das empresas Fontini foi aos meus onze anos de idade. Ele parece ser ainda maior do que me lembro. Ao olhar para cima dá pra sentir uma certa tontura, andares e mais andares se empilham um em cima do outro e não parecem ter fim, como a torre de Babel. Meu pai sempre me trazia quando a Tia Lu ficava doente ou não conseguia chegar à mansão para cuidar de mim. Era sempre um tedio quando eu vinha, pois não havia nada para fazer a não ser ficar olhando pessoas digitando incessantemente em teclados e levando papéis de um lado para o outro. Claro que tentei acabar com esse tédio, e quando passei um contrato milionário assinado num cortador de papéis, nunca mais meu pai me trouxe.

Passo pela porta giratória e vou para a recepção, onde uma mulher com rabo de cavalo e uma cara blasé mexe no celular e mastiga um chiclete.

Fico parada ali em frente ao seu balcão, esperando que ela perceba minha presença. Mas acho que não vai fazer isso porque está ocupada demais dedilhando no seu smartfone. Então faço um som com a garganta e ela finalmente levanta os olhos, explodindo a bola de chiclete nos lábios – o que me irrita.

— Pois não.

— Estou procurando o senhor Fontini.

— Tem horário marcado? — Pergunta insolente, sem deixar de mascar o chiclete.

— Não.

— Ah. Acho que não tem consciência do tamanho que é esta empresa, né? Sabe que empresa é esta?

— Claro que eu se...

— Esta é uma das maiores empresas de laticínios da América Latina. Sabe disso, mocinha?

— Eu se...

— Claro que deve saber. A marca Fontini tem presença muito forte na vida de todos os brasileiros, desde leites até chocolates, sendo também a marca mais consumida no ramo dos laticínios pelos brasileiros. E não só pelos brasileiros. Todos os dias são exportados milhares de produtos da marca para outros países.

— Ah, é? — Finjo admiração. Como se eu não soubesse disso.

— Sim. Então deve saber que só entram pessoas aqui nessa empresa com horário marcado. E mesmo assim são pessoas muito importantes. Resumindo — ela para um segundo para estourar a bola do chiclete —, infelizmente não posso deixá-la entrar.

— E você não pode ligar para o senhor Fontini e avisar que estou aqui? Foi ele mesmo quem mandou eu vir e me disse que assim que eu chegasse era para eu procurá-lo.

— O senhor Fontini é um homem muito ocupado. Não sei se ele me atenderia agora. Com certeza deve estar em uma reunião muito importante.

Juro que se ela frisar mais uma palavra sou capaz de avançar nela e fazê-la engolir esse chiclete. E também puxar esse rabo de cavalo horroroso.

— Bom, não custa tentar uma ligação. E se ele atender?

Apartamento 302 (Série Apartamento - Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora