A campainha toca e vou logo abrir a porta. Cris me dá um beijo na bochecha e entra no meu apartamento, dizendo:
— Oi, tudo bem?
— Sim.
— Vim fazer uma visitinha. Você tá ocupado?
— Não. Eu só estava lendo um livro.
— A Mari está em casa?
— Saiu. Senta aí — digo e ela senta no sofá, eu ao seu lado.
— Eu vim convidar a Mari para um almoço lá em casa. Eu iria te convidar também, mas como vai ser um almoço só entre mulheres acho que não vai querer ir.
— Não mesmo.
— Foi o que pensei. Mas não fica chateado, pois não vai demorar para eu fazer uma festa de inauguração e chamar todo mundo.
— De boa.
— Será que a Mari vai demorar?
— Não sei. Ela saiu sem me dizer onde ia. Ela deve ter ido na padaria ou em alguma loja aqui perto, pois não estava muito produzida. Nos padrões dela, eu quero dizer.
— Sei bem como é — Cris fala rindo. — A Mari é o tipo de pessoa que coloca um vestido caro de festa só para ir na padaria.
— Exatamente — concordo com ela rindo também.
— Mas e vocês dois? Como estão indo? Como tem sido a convivência de vocês?
Solto o ar pesadamente.
— Iiih, já vi tudo.
— Pode-se dizer que ela não é uma pessoa muito fácil de conviver.
— Estou por dentro de tudo.
— Ela te falou alguma coisa?
— Ela sempre fala. Sei inclusive daquela cena erótica no banheiro — ela me olha com um sorrisinho e me encolho de vergonha.
— Ah.
Claro, a cena do banheiro. Como esquecer?
Foi absurdamente erótico. Mais pegação do que aquilo só um filme pornô. Sendo sincero, acho que superamos um filme pornô, mesmo não havendo acontecido o sexo propriamente dito.
Fico me perguntando até hoje o motivo de deixar aquilo acontecer, e só vem uma resposta na minha cabeça: carência sexual. Claro que depois da Raíssa transei com algumas mulheres, mas não sou como meu irmão que pegava uma mulher por noite. Têm meses que não fico com uma mulher, e aí de repente vem uma toda nua e linda nos meus braços.
E somando a isso tudo ainda tem a tensão sexual que venho guardando há vários dias, desde aquele beijo no estacionamento. É claro que eu iria perder a cabeça.
— A Mari ficou bem chateada com isso. Ela pensa que você não ficou com ela só porque a acha vulgar.
Claro que tenho consciência de que fui um perfeito babaca. Ela me massacrou aquele dia na padaria e não pude fazer nada a não ser dizer um vergonhoso sinto muito e de cabeça baixa. A julguei sem nem a conhecer direito. E pior, pelas suas costas. Imagine como deve ter sido para ela ouvir às escondidas palavras negativas ao seu respeito. Nada legal. "Se desculpar não basta. Você me ofendeu... e doeu pra caramba." Isso não sai da minha cabeça.
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Apartamento 302 (Série Apartamento - Livro 2)
Roman d'amourMariana não é aquela garota que precisa de um príncipe para se sentir amada. Ela mesma faz esse trabalho. Além de se vestir bem, usa e abusa de sua beleza para conquistar os rapazes e não se importa em cumprir horários. Quem não gosta nada disso é o...