Prefiro ficar com a dúvida do que perguntar. Se ele não me disse é porque esse assunto lhe incomoda e deve doer. Tento mudar de assunto e por sorte consigo. Falamos sobre nosso passado e o que fazíamos antes de nos conhecermos.
O mais bonito de tudo é que finalmente tenho um amigo que posso confiar. Eu sabia que Julio não falaria nada para ninguém e nem me trairia. Sei que soa idiota, porque nos conhecemos a tão pouco tempo, mas ele se tornou uma pessoa importante para mim. Acho que ele já está no nível da Letícia. Gosto dele dessa maneira. Ele é importante e especial para mim desse jeito. Não quero perdê-lo. Espero que o meu azar não de as caras nos meus próximos dias. Quero aproveitá-los. E é isso que farei!
- É aqui – indico o condomínio. Nós entramos e Julio cumprimenta o guarda. O guarda responde sorrindo. Isso é o que Julio provoca nas pessoas!
- Como você faz isso? – Pergunto chocada. Para mim é incrível o efeito que Julio causa nos outros. Faz com que eles se sintam bem com um simples gesto ou cumprimento.
- O que? – Me pergunta franzindo o cenho, divertido.
Dou um leve soquinho em seu ombro e mesmo assim ele faz uma leve cara de dor. Começo a rir e ele ri comigo.
- Você sabe muito bem do que eu to falando – Digo com um tom irônico. Ele nega e solta outra gargalhada enquanto coloca uma de suas mãos no bolso de sua jaqueta.
- Não sei do que você está falando, linda.
Coro no instante em que escuto ele dizer a última palavra. Xingo por dentro. Para de fazer isso, Julio!
- Disso – Murmuro.
- O que? Fazer você corar?
Coro ainda mais. Isso é mesmo possível? Dou mais soquinho, mas dessa vez um pouco mais forte. Ele reclama e sorri. Sua risada é tão contagiante que rio com ele.
- Não – respondo com um tom meio irritada. – Como você provoca isso nas pessoas?
- Fazer elas corarem? Não sei... – Responde divertido.
- Julio!
- Ta, beleza. Na verdade, eu não sei – Faz uma pausa e me olha – Acho que faço isso porque gosto de ver as pessoas sorrindo. São coisas pequenas que tem um grande impacto. Você também deveria fazer isso, apesar de que só com ter você perto de mim e conversar com você, já alegra o meu dia.
Coro de novo por causa das suas lindas palavras. Quero fazer ele ficar bravo. Quero muito ver como o rosto de Julio fica quando ele se irrita. Não consigo nem imaginar. Ele sempre anda por ai feliz. É sério, como será que é vê-lo com o cenho franzido, olhar sério e calado? Seria muito estranho.
- Para quantas você disse o mesmo, Julio?
Parece que ele não fica muito surpreendido com a pergunta, mas ainda assim franze o cenho. Tento não rir ao ver seu rosto totalmente confuso.
- Para uma...
- Quem?
- Você
Merda! Já está me estressando isso de a cada dois segundos olhar para baixo e sentir minha cara ficando vermelha de vergonha. Mas eu adoro que ele me cause isso. Acho que eu estou ficando bipolar ou sei lá. Que droga.
- Para de fazer isso – Digo a ele com um tom autoritário.
- Isso o que? – Se faz de desentendido olhando para frente e escondendo um sorriso.
- De me dizer coisas tão bonitas! – Respondo. Ele ri.
Não percebo que já estamos na porta da minha casa. Paramos de caminhar, ele coloca suas mãos em meu rosto, onde faz um carinho. Esse pequeno contato me faz arrepiar. Olho para baixo, nervosa.
- Eu não consigo parar de te dizer coisas bonitas. É inevitável. Além de que, é adorável quando você cora. Na minha opinião, as mulheres que coram, sempre são as mais bonitas.
Julio me deixa na porta da minha casa e me abraça por mais de um minuto. Me dá um beijo na bochecha e me diz que vai vir me buscar amanhã. Respondo com um "beleza" e o vejo se distanciar e desaparecer através da neblina que se espalha pela cidade. Entro em minha casa e está tudo escuro. Rapidamente subo as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível. Entro em meu quarto e coloco meu pijama. Deito na cama e em menos de dois segundos, já estou dormindo.
(...)
O som irritante do meu celular vibrando contra minha cômoda me acorda. Esfrego meus olhos com as mãos. Estou com dor de cabeça e com muito sono. O céu está nublado e acredito que vai chover a qualquer momento. Pego meu celular e vejo que é uma mensagem da Clara. Ignoro completamente e me levanto da cama. Desço para a cozinha e não vejo Daniel, o namorado da minha mãe, sentado no sofá onde quase sempre está. Como cereais com leite e subo para ver Leticia. O berço está vazio. Ok, eu estou começando a ficar assustada.
Me viro e vejo minha mãe. Me assusto.
- Até que enfim você acordou, Isabela – Diz com os braços cruzados. – Por que você chegou tão tarde ontem?
- Eu estava com alguém – Dou de ombros. Odeio quando minha mãe faz isso, que quando é do interesse dela, me pergunta onde eu estava ou coisas assim.
Não me responde. Bom, isso é normal, por isso não dou importância. Vou até meu quarto e vejo o horário em meu celular. Quase desmaio. São as 3:45? Que? Quando? Eu dormi tanto assim? Isso é impossível.
Escuto a campainha tocar e depois os gritos da minha mãe pedindo para eu abrir a porta. Claro, até porque estou em ótimas condições e por isso vou toda feliz abrir a porta para que um desconhecido ria me vendo de pijama a essa hora da tarde. Coloco um suéter velho por cima, que chega até metade das minhas coxas e saio com as minhas sapatilhas para abrir a porta. Desço as escadas, bocejando.
Abro a porta esperando que seja o carteiro ou uma vizinha. Mas me encontro com um par de olhos castanhos, apoiando no batente da porta. Ele me olha e sorri. Minha mandíbula quase toca o chão. Verdade, hoje eu ia sair com ele! Merda.
- Julio, eu...- hesito – Eu...
- Dormiu de mais, linda? – Me olha de cima a baixo e coro. Não consigo nem me tampar com a porta. Eu só quero enfiar minha cabeça em um buraco.
- É... sim – Murmuro – Que vergonha! Eu estou horrível.
- Você fica muito bonita, assim que levanta.
Ele deve estar brincando. Viro minha cabeça para olhar o espelho que temos praticamente na entrada. Estou com a maquiagem toda borrada, com o rosto sonolento e o cabelo despenteado. Ah sim, muito bonita.
- Você pode me esperar uns vinte minutos para eu tomar banho, trocar de roupa e irmos? – Digo com as bochechas vermelhas. – Pode entrar se quiser...
- Claro, eu te espero. – Sorri. Me surpreende que ele tome meu indecente problema com tanta calma e que me trate, mesmo estando horrível, normalmente.
- Quer um copo de suco, agua... alguma coisa?
- Não, obrigado.
Escuto as sandálias da minha mãe, descendo as escadas. Era só o que faltava. Peço a Julio que não diga nada. Ele me olha confuso.
- Isabela, se você quiser saber, Daniel e Letíc... – Para de falar assim que vê Julio sentado no sofá. Minha mãe me olha e vejo um sorrisinho de surpresa passar por sua boca. Droga, droga. – E quem é esse garoto? Desde quando você tem namorado Isabela?
Agora sim eu quero enfiar minha cabeça em um buraco.
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Capítulo meio bobinho enquanto tuda esta na "paz". Se gostaram de esqueçam de comentar e votar por favor ❤
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...