Agora eu estou deitada na cama de hóspedes de Agus, com a maquiagem borrada, centenas de lenços de papel usados no chão, com os pés doloridos, me afogando com as minhas próprias lágrimas e obviamente, com o coração partido.
Acabo de descobrir algo horrível que nunca havia acontecido comigo em toda a minha vida: estou gostando de alguém de verdade. Não é algo passageiro, ou só atração física...é verdadeiro. Eu adoro o Julio, adoro pensar o tempo todo nele, em seu lindo rosto, em sua personalidade, em como se preocupa com os outros sem querer nada em troca, e como prefere o bem-estar dos outros antes do dele... em como saber alegrar os outros. Nunca na minha vida eu pensei que iria passar por uma situação assim, com o coração apertado, com as borboletas já normais para mim no estômago.
- É verdade que eles se beijaram? – Pergunto em voz baixa
Agus baixa a cabeça e assente levemente. Ela me disse para eu não olhar para trás, mas tonta como sou, eu fiz e vi uma das piores cenas da minha vida. Os lábios de Julio devorando os da Clara, eles dançando no meio da pista, ele com os braços ao redor de sua cintura, acariciando a bochecha enquanto as mãos de Clara seguravam seu pescoço. Lembro de como os olhos de ambos estavam fechados, se esquecendo do mundo, da existência de todos... pensando só neles. Pego mais um lenço e assoo o nariz, tentando conter meus soluços.
Como ele não me viu? Será que ele não pensou em mim em nem um segundo da noite? Que.... sua "melhor amiga" estava ali? Estava bem ali... no canto, olhando com os olhos perdidos como eles se beijavam, como dançavam com tanta liberdade. Eu estava imaginando eu e Julio ali, dançando sozinhos, as mãos dele em minha cintura e as minhas em seu pescoço para depois juntar nossos lábios...
Foi a alucinação mais linda que eu já tive.
Me dói imaginar o que vai acontecer de agora em diante. Ver todos os dias as mãos de Julio e Clara entrelaçadas, enquanto eles caminham pelos corredores, rindo juntos, se beijando. O que vai ser de mim? O pouco que ficou de meu coração se destruiu por completo. Mas e daí... ela já ocupou meu lugar. Tirou ele de mim. Tirou meu melhor amigo, meu ombro pessoal em que eu podia chorar, a pessoa que pode em pouquíssimo tempo se converter em alguém tão importante para mim, eu depositei toda a minha confiança nele, lhe contei todos os meus segredos, meus sentimentos mais íntimos. Ele seria capaz de me trair? Ele vai continuar falando comigo? Vai se dar conta da minha presença a partir de agora? Acho que ele só vai me ver como um fantasma que anda pelos corredores.
Os braços de Agus passam pelos meus ombros, me abraçando. A primeira coisa que vem em minha cabeça é: "não são como os que Julio me dava"; e choro ainda mais forte. Por que? Por que de novo o azar teve que tomar conta da minha vida? Tudo estava tão perfeito! Ainda lembro dos dias que passei com Julio, em cada estação do metrô que íamos com Guido e os outros adolescentes, rindo e contando histórias até a madrugada, lembro de como Julio segurava minha mão, me deixava corada e me levava até a entrada de minha casa. Em como me dizia que gostava quando eu ficava corada e perguntava se eu podia ir almoçar em sua casa. Se eu podia ficar cuidado de seus irmãos enquanto ele estava no reforço, ou como ele me emprestava seu casaco nos dias de chuva.
- Sabe de uma coisa? Vou te ajudar. Vou te ajudar a conquistar o Julio - Sussurra Agus em meu ouvido. – Vai ser difícil porque ele vai estar junto com Clara o tempo too. Mas você é muito mais do que ela, você é mais bonita e mais... real. Você é uma pessoa tão fácil de se gostar Isa, nunca esqueça que você é especial para muitas pessoas. Te adoro viu?
Me separo dela e olho para ela. Ela seca uma lágrima que escorre pela minha bochecha e sorri.
Vai ser difícil... mas não impossível.
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Tá quase chegando em uma parte da fic que eu amo muito, tenham um pouquinho de paciência kkkkkk até o próximo capítulo ❤
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...