O som dos calçados confortáveis da enfermeira se deslizando pelo chão, o rangido das rodas da maca se movendo de um lado para o outro e o impacto da tempestade contra as janelas da clínica me faz abrir os olhos lentamente. Não foi uma ideia muito boa usar a cadeira dura da sala de espera como cama. Eu olho ao redor e encontro um cobertor rosa brilhante enrolado em meu corpo. A carteira de couro de Agus repousa na cadeira que está ao meu lado esquerdo. O casaco de Vicente, o pai de Agus, está pendurado atrás. Eu estico meus braços e sinto minhas costas estralarem. Sorrio triste quando me lembro o porquê de eu estar aqui. Verifico a hora no meu celular e são as seis da manhã. Eu dormi tanto tempo assim?
Quando me levanto da cadeira, sinto minhas calças pegajosas, e por causa do calor da minha jaqueta junto com o cobertor que me cobria, tenho alguns resquícios de suor nas costas. Eu me sinto mal, suja, vulnerável e com dor. Minhas costas doem como se eu tivesse dormido em cima de um pedaço de madeira. Vou ao banheiro e molho o rosto, escondendo um pouco a minha cara de quem acabou de acordar. Aperto meu rabo de cavalo; não quero desfaze-lo. Meu cabelo deve estar horrível.
Quando volto para a sala de espera, o silêncio é interrompido pelos saltos de Agus ecoando pelo corredor, fazendo um eco fraco. Vejo seu sorriso radiante e ela me dá um beijo forte na bochecha. Ela tira as chaves da casa do bolso da calça e as coloca na minha mão.
- Vai para casa. Tome um banho quente, suas costas devem estar quebradas depois de ter dormido aqui. - Ela segura uma risada. - A propósito, Julio ligou dez vezes para o seu celular e eu liguei de volta para ele. Ele está preocupado com você. Me pediu para dizer para você ligar de volta assim que puder.
Sinto que minha mandíbula está quase tocando o chão nesse exato momento. Julio, ligou dez vezes, para mim. Ele estava preocupado comigo. Queria saber sobre mim. Mordo meu lábio enquanto saio pela porta da clínica, me sentando na moto e dirigindo com cuidado na neblina que cobre a cidade e as ruas escorregadias por causa da tempestade que está inundando Buenos Aires.
Ao chegar, tomo um banho de vinte minutos. Me visto com a primeira coisa que vejo no guarda-roupa e visto um casaco branco por cima, que é um pouco grande para mim, mas que vai me proteger da chuva por causa do capuz que tem. Nunca gostei de usar guarda-chuva.
Antes de sair de casa, preparo um chá para mim com um sanduíche de queijo derretido. Quando estou prestes a sair de casa, meu celular começa a vibrar no bolso de minha calça. Começo a ficar nervosa e sinto tudo o que eu havia acabado de comer se revirar em meu estômago.
Ah merda.
-Alo? Eu digo na voz mais segura e calma que consigo fingir. Mordo a unha do meu dedo indicador enquanto espero sua voz preencher meus ouvidos.
- Isa... - Posso sentir sua respiração ofegante contra o telefone e sei que ele está chateado e muito preocupado ao mesmo tempo. Fico frustrada por conhecê-lo tanto.
- Julio, oi. Desculpe por não responder ontem, mas quando eu liguei você também não atendeu - murmuro trêmula. Ele suspira pesadamente e tenho certeza de que está franzindo o cenho.
- Estava ocupado. - Ele diz. Seu tom de voz é tão frio e sem carinho que é como se algo estivesse sendo enterrado em meu peito. Respiro fundo.
- Bem, desculpe - eu hesito – Me desculpe por te incomodar. Se você estava preocupado, bem, obrigada pela atenção. Agora eu tenho que ir, tchau Julio.
- Is – Não escuto meu nome completo, porque meu dedo pressiona o botão vermelho com força. Cerro os dentes e minha mandíbula dói.
Novamente o telefone começa a tocar, cinco, dez vezes, e não atendo. O nome de Julio se repete e preenche minha lista de chamadas perdidas. Até que ele se cansa e para de ligar. Mas, envia uma mensagem.
"Desculpe, eu estava irritado. Me chateou nós termos ficado mal. Nestes dois dias em que não nos falamos senti muito a sua falta, acredite. Além disso, não pude responder ontem porque estava no velório de uma tia-avó. Sinto sua falta agora. Me perdoe por te tratar assim. Te adoro".
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Entaum, vamos dizer que por algum motivo que é desconhecido para mim, esse capítulo não me convenceu muito. Mas relevem.Votem e comentem o que acharam, até o próximo ♡
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...