- Mas você não gostaria que isso acontecesse?
Abro os olhos surpresa e na minha mete vem os momentos daquela noite. Me vejo no canto da sala, com as lágrimas descendo pelas minhas bochechas, enquanto eu olho aquela cena. Sacudo a cabeça e cruzo os braços.
- Ele já tem alguém, Emma. – Murmuro. – O Julio...não precisa mais de mim.
Emma se levanta da cadeira e se aproxima de mim. Seu olhar brilha e um sorriso triste passa por seus lábios. Apoia uma mão em meu ombro e suspira.
- Você acha que ele não precisa de você, Isa? – Sussurra. – Você é a pessoa que o Julio mais precisa. Mesmo que você não acredite, você faz ele feliz. Talvez ele não demonstre agora, está cego porque gostou de uma garota pela sua aparência...
Depois dessa frase, só consigo observar os lábios de Emma se movendo, mas é como se eu tivesse perdido a capacidade de ouvir. Seguro um soluço e tapo minha boca com a mão, sentindo como um rio se acumula em meus olhos, descendo pelas minhas bochechas. Tento escutar o que ela está dizendo, mas estou assustada e eu só quero ir abraçar o Julio.
- Por favor, faça com que ele seja ele de novo.
Concordo com a cabeça e giro a maçaneta da porta da cozinha. Minha mente está concentrada em subir aquela escada, entrar em seu quarto e poder consertar as coisas com ele. É o que eu mais quero. Mesmo que tenhamos que voltar a ser os mesmos amigos de antes, não me interessa! Quero que tudo volte a ser como antes.
Coloco um pé no segundo piso e vou até seu quarto, que está com a porta fechada. Engulo em seco e descanso a mão na maçaneta. Quando estou a ponto de girar ela, sinto que outra pessoa a gira do outro lado da porta, fazendo minha mão soltar. Tropeço sem querer, provocando que o outro corpo caia em cima de mim.
- Ai – reclamo.
Levanto o olhar e dou de cara com o par de olhos que eu tanto amo. Ele me dá um olhar confuso e brincalhão ao mesmo tempo. Levanta do chão e estende sua mão para mim. Eu a pego e sinto milhares de correntes elétricas passam pelo meu corpo.
- E você, linda? O que está fazendo aqui?
Estou confusa, com a mão dele ainda segurando a minha. Não consigo desviar o olhar do dele, de seu rosto sonolento, seus cabelos bagunçados e de seu lindo sorriso.
- É... eu estava indo no banheiro. – Minto. O que eu poderia dizer a ele? "Ei Julio, eu gostaria de consertar as coisas com você, podemos voltar a ser como antes? Sim, é tão fácil, sentiu minha falta? Eu também, senti muito a sua falta, posso te dizer uma coisa? Eu gosto de você, poderia deixar a Clara por mim? Eu sabia que você diria que sim! Sim, claro que eu quero ser sua namorada".
Foi uma má ideia tomar esse café antes de vir aqui.
- Eu sei que não é isso, Isa.
O que eu faço?
- Quero... conversar com você – Digo. Julio baixa a cabeça e concorda. Abre completamente a porta de seu quarto e com um movimento de cabeça entendo que ele também quer conversar. Isso me acalma um pouco e entro no quarto. A cama está desarrumada, o livro que temos que ler para a aula está abeto em cima dela. Seus tênis estão espalhados no tapete e a janela está totalmente aberta, fazendo com que o vento gelado inunda o quarto.
- Vem – Sussurra segurando minha mão. Me surpreendo quando seu corpo passa pela janela. Seu olhar me passa confiança de que nada vai acontecer, por isso o sigo. Coloco um pé do resistente chão de madeira que tem do lado de fora. Julio se segura na pequena escada que está na parede para poder subir no telhado. O imito e me sento ao seu lado.
- Por que você vem aqui? – Pergunto. Ele olha para o horizonte, todas as luzes dos condomínios iluminam a cidade. – Está muito frio.
- É... pra refrescar a mente. Mesmo estando em casa, sinto que não estou sozinho o suficiente para pensar bem nas coisas. É como um lugar para reflexionar.
- E sobre o que você pensa?
Julio demora para responder. Eu abraço a mim mesma, começo a tremer por causa do frio. Sinto o braço de Julio passar pelos meus ombros e no mesmo estantes sinto uma corrente de calor atravessando meu corpo. Apoio minha cabeça em seu ombro.
- Coisas importantes para mim. Não sei. Minha relação com minha família, assuntos das reuniões, assuntos do colégio, das minhas amizades, das pessoas que são importantes para mim. Pessoas que eu sinto que estou perdendo. Pessoas que eu sinto que já foram.
- Que pessoas?
Julio pressiona sua mão em meu ombro e segura minha mão.
- Sinto que estou te perdendo.
Levanto a cabeça e franzo os lábios. Eu também sinto o mesmo. As vezes parece que não posso mais confiar nele, que não preciso mais dele. Mas eu preciso dele mais que tudo! Minha mente considera que ele já foi parte da minha vida, e já foi embora, que não está mais no meu coração. Que não o quero, que não tem porque dar uma segunda oportunidade.
- Não diga isso.
Julio suspira.
- Porque não? É tudo minha culpa.
- Por que? – Digo confusa. Julio cobre seu rosto com as mãos, está frustrado. Levanta a cabeça com os olhos um pouco vermelhos.
- Não aguento mais não pensar antes de fazer as coisas, Isa. Odeio isso! Odeio que que eu só faço coisas que me separam de você.
- Nem tudo é sua culpa! – Exclamo nervosa. – Julio, não ache que tudo é sua culpa.
- Como? – Murmura, - É que você não entende. Não sabe nada das coisas que acontecem comigo, Isa.
- E como você quer que eu saiba se sempre está com outra pessoa? Sempre que quero estar com você, nos momentos em que mais preciso, você está com pessoas que me machucam! Você acha que... quando você está com a Clara, isso não me faz sofrer? Ela está te afastando de mim, Julio!
Ele olha para mim com os olhos arregalados. Um enorme peso sai do meu peito. Me aproximo dele e o abraço, escondendo minha cabeça em seu pescoço. As lágrimas não demoram para descer pelas minhas bochechas, molhando a camisa de Julio.
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Me desculpem se tiver algum erro, eu não revisei kkkkk mas é isso, me digam o que acharam e até o próximo capítulo 💕
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...