O encontro do Julio
Depois de muito tempo conversando com o diretor Álvaro, Julio teve que ir para suas outras aulas. A professora de álgebra conversou com o diretor, dizendo todos os meus defeitos, que eu não presto atenção em suas aulas, a falta de respeito e muitas outras coisas que eu tentei não me importar, mas que no fim acabou baixando ainda mais a minha autoestima (a pouca que havia subido nesses últimos dias). O diretor tentou me defender muitas vezes dizendo que pelo menos minhas notas eram ótimas em álgebras, e que ela não podia reclamar disso, pois são poucos alunos que vão bem em sua matéria. A professora ficou muda e saiu da sala, mas não sem antes me dizer que o que havia acontecido hoje iria ser registrado. O diretor Álvaro tentou subir meu ânimo com um pouco de chocolate quente e doces ácidos, mas não conseguiu. Ele me disse que mesmo que eu não concorde, nos próximos dias ele terá que chamar minha mãe para conversarmos sobre minhas discussões com a professora. Não me importei, agradeci e saí da diretoria.
Fazia quanto tempo que haviam me expulsado da aula? Não sei que horas são agora. Procuro meu celular dentro da mochila e vejo que são as 13:15 pm. Fiquei todo esse tempo fora da sala? Perdi o almoço. Mas bom...não estou com fome.
Vou até a sala vinte e dois, onde deixei minhas coisas. Quando chego, ela está vazia. Vou até meu lugar e pego minha bolsa com alguns cadernos que não cabem na minha mochila, e meu casaco. Percebo que tem um livro perto da minha carteira, pego ele e procuro o nome do dono. É do Julio. Bufo e saio da sala para procura-lo. Acredito que agora ele deve estar tirando seus livros do armário, então desço as escadas e o encontro. Ele está ali, tirando alguns livros de biologia, mas não está sozinho. Está com Clara, conversando animadamente e rindo muito. Com um pouco de timidez me aproximo dele, com o livro em baixo do meu braço.
- Julio...- Murmuro.
Ele nem se dá conta da minha presença, está muito ocupado conversando com a minha melhor amiga. Suspiro e tento tocar seu ombro para chamar sua atenção, mas fico com vergonha de interromper ele. Por isso, deixo o livro dentro de seu armário e me afasto, indo para a cafeteria pra comprar alguma coisa para comer. Compro um desses doces ácidos que o Diretor Álvaro me deu, porque são realmente muito bons.
Como um de cor laranja enquanto caminho pelos corredores. Nesse momento, sinto uma mão feminina em meu ombro, que me faz girar, fazendo minhas costas baterem contra os armários, provocando uma dor forte em minha coluna vertebral e no peito. É Agustina, a capitã das líderes de torcida.
-Só estou fazendo isso pra te avisar que isso ainda não acabou. Só porque esse garoto bonito fica te defendendo a cada minuto não significa que vou ficar de braços cruzados, ok? – Me diz com os dentes cerrados. Eu só concordo com a cabeça, congelada pelo medo. Me dá um sorriso debochado e se vira para encontrar suas amigas. Acaricio a parte de baixo das minhas costas, que está doendo muito.
Ignoro a forte dor que sinto e saio do colégio, caminhando para a reunião. Recebo uma mensagem de Guido que me diz que será em um pequeno parque perto da minha casa. Me apresso para pegar o ônibus. Caminho apressadamente pela rua perto de minha casa e vejo um grande grupo de adolescentes sentados na grama. Quando me veem, me cumprimentam com a mão e dou um sorriso triste.
-Ei, o que aconteceu? Por que você está com essa cara?
Suspiro, o ar que sopro faz com que uma mecha do meu cabelo caia em meu rosto. Coloco a mecha atrás da orelha e olho fixamente os olhos claros de Guido.
- Por que você não está com Julio? – Me pergunta, com o rosto preocupado.
- Não sei onde ele está, a última vez que o vi foi nos armários, estava com uma amiga minha, não quis incomodar...e uma garota me empurrou em um armário e agora minhas costas estão doendo – Mostro a parte de baixo das minhas costas, onde Guido coloca sua mão delicadamente.
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...