O que você tirou de mim

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Por causa da linda raiva que estou sentindo agora, chuto com força a cadeira que está ao me lado e acabo machucando o pé. Sorrio enquanto reclamo e entendo perfeitamente as coisas que Julio provoca em mim. Não consigo ficar nem um segundo brava com ele. Ele é tão idiota e teimoso, e amo mesmo tempo fofo e lindo, o que me faz não conseguir ficar brava com ele.

Saio de casa e a chuva começa a cair com mais força. Acredito que daqui a pouco vai chover granizo. Subo na moto e coloco o capacete antes de partir. O vento frio me faz arrepiar, minhas mãos estão brancas de tanto apertar meus dedos estão brancos. Estou com muito frio. Eu tinha que ter colocado um casaco a mais; e agora estou sofrendo com as consequências.

Ainda com a dificuldade do clima, consigo chegar até a clínica. O vento quente do ar condicionado que te recebe na porta de entrada me faz arrepiar no mesmo instante. É uma sensação tão deliciosa sentir calor quando do lado de fora as temperaturas estão superbaixas.

Quando chego na sala de espera, vejo o relógio na parede: são as 13:29 pm. Mas parece que já é as dez da noite. O céu está coberto de nuvens cinzas que escurecem o céu até deixa-lo um azul opaco, com um pouco de preto. Em algumas ocasiões consigo escutar trovões que resplandecem na escuridão e é bonito, mas nada agradável.

Consigo ver no final do corredor o cabelo de Agus, a cabeça do médico e Fred, o pai de Agus. Estão conversando, Agus está com os braços cruzados e Fred concorda levemente com cada coisa que o médico diz. Molho os lábios e caminho insegura até onde eles estão. Percebo que já estou perto deles e três pares de olhos estão me olhando fixamente.

- Isa.... – Uma voz ressoa em meus ouvidos.

Me viro e me perco nos olhos que eu tanto sentia falta. Eu realmente senti muita falta de me afundar em seu olhar, ver esse brilho especial que salta ao redor de suas pupilas e quão radiante essa cor mel tão única que tem seus olhos pode ser. Estou tão fora de mim que tenho que sacudir u pouco a cabeça e apoiar bem os pés sobre o chão, pois sinto minhas pernas fraquejarem. Percebo quanto seu olhar intenso tem poder sobre mim.

- Senti sua falta, linda. – Ele diz, enrolando seus braços ao meu redor e meus pelos se arrepiam com o contato de sua pele quente sobre a minha. No mesmo instante o frio vai embora e percebo que inconscientemente estou sorrindo, assim que seus lábios pressionam minha bochecha.

Mas minha felicidade vai embora quando vejo Clara caminhando até nós. Ela está com um jeans e saltos que fazem ela parecer ainda mais alta. Seu cabelo ondulado cai como uma cascata pelas suas costas. Ela está bem maquiada, sem nenhuma imperfeição no rosto e seu casaco é tão apertado que ressalta suas curvas. Olho para o chão, analisando meus jeans surrados, o moletom que fica gigante em mim e meu all star desgastado. Meu cabelo está um pouco úmido por causa da chuva, mas o bom é que ainda cheira ao shampoo de frutas. Meu rosto está sem nenhuma maquiagem, já que não consegui fazer enquanto estava em casa.

- Oi – Murmura Clara. Eu levanto a cabeça. Não tenho nem um pingo de vontade de cumprimentá-la. Fico séria, tentando evitar o olhar de Julio, que está suplicando que eu não comece uma discussão com ela ali mesmo.

- Oi. – Respondo. Fria. Em um volume quase inaudível. Me viro para olhar Agus e ela está digitando algo em seu celular. Quando percebe que estou ao seu lado, aperta o botão "enviar" e guarda o celular no bolso do casaco. Se levanta da cadeira e olha para mim. Ela respira fundo e diz:

- Isa, sua mãe está em coma.

Sua voz é tão dura e precisa, e sei que desde o começo ela queria me dizer isso. Ela está magoada, já que seus lindos olhos estão cobertos por uma camada de água, e ela está se segurando para não piscar e nenhuma lágrima escape. Eu simplesmente fico muda e lembro da morte do meu irmão e da minha vó há poucos meses. Eu sabia que isso ia acontecer. Minha mãe vai morrer. Estou destinada a sofrer e ficar sozinha. Entendo que sou uma pessoa ruim, mas acho que a vida me está dando muitas coisas que me fazem sofrer demais. Não estou tão mal por escutar que minha mãe não estará mais comigo no futuro; eu simplesmente já estava avisada de que isso aconteceria. Meu coração está machucado e sinto o choro inundando minhas bochechas lentamente.

Dou alguns passos para trás ao ver Agus se aproximando para me abraçar. Não consigo mais, pois a parede bloqueia meus passos e não estou forte o suficiente para correr, minhas pernas estão fracas e não respondem aos meus comandos. Escondo minha cabeça ente minhas pernas e começo a soluçar baixinho, tentando fazer o menor barulho possível.

- Isa, eu sinto muito...

- Por favor, me deixa sozinha. – Sussurro para Agus. Ela acaricia meu ombro e escuto os sons de seu salto começando a se afastar mais e mais. Ela sabe que quando estou assim, preciso ficar sozinha. Não adianta me dar conselhos quando estou neste estado. Tudo vira de cabeça para baixo e acabo fazendo ao contrário, o que acrescenta mais erros para a minha lista.

Ouço depois de um tempo, que uns saltos com passos rápidos estão vindo até mim. Se for Agus, não quero conversar, ainda não estou em condições. Mas me surpreendo ao ver entre meus cabelos ondas diferentes das de Agus. Coloca uma mão sobre a minha, que está em meu joelho. Não levanto a cabeça, e afundo minha cabeça ainda mais entre minhas pernas.

- Me deixa te ajudar... – Diz Clara. Isso me enfurece, tenho certeza que só faz isso por pena e não porque realmente quer. Ela saiu da minha vida! Não quero nada com ela!

- Não! Sai!

Ela fica um tempo em silêncio, mas eu o quebro com meus soluços. Ela aperta minha mão e eu afasto a minha bruscamente.

- Por que você é assim comigo? Depois de tudo? – Murmura com dor. Não acredito nada nessa atuação de menina inocente.

- Ao que você se refere? – Pergunto secamente. Ela fica pálida e seus olhos verdes se enchem de confusão. Seus lábios se transformam em uma linha.

- Eu fui a única que te apoiei quando todos te ignoravam. –Responde, olhando para o nada. – Não pode dizer que não.

Me levanto do chão bruscamente, mas uma onda de tristeza me inunda ao mesmo tempo.

- Mas me tirou o que eu mais queria. 

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Não tenho muito o que comentar sobre o capítulo em si, mas vim me desculpar novamente por ter ficado tanto tempo sem postar. E a "surpresa" que eu tenho que falar para vocês é, eu comecei uma nova fanfic adaptada para Isulio, de um livro que eu amo, se chama "Perdida". Eu comecei ontem e já tem três capítulos postados, eles são grandes e eu vou postar todos os dias. Ela veio para "suprir" a falta de capítulos de AG quando eu não conseguir postar. É uma história bem levinha, com um romance lindo, é engraçado e eu JURO que vocês vão amar o Julio. Vou deixar o link e a sinopse para caso vocês se interessem aqui embaixo.

Comentem o que acharam do capítulo e até o próximo capítulo, bjs

Sinopse de 'Perdida": Isabela vive em uma metrópole, está habituada com a modernidade e as facilidades que isto lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor a menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição. Após comprar um novo aparelho celular, algo misterioso acontece e Isabela descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Peña, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa. Com a ajuda do prestativo Julio, Isabela embarca numa procura as cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam leva-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos...

{ATENÇÃO: Esta história não é de minha autoria, apenas a adaptei para Isulio. Todos os direitos para a PERFEITA Carina Rissi, que criou todo esse universo}

Link da História: https://my.w.tt/YOjUrcJbDab

Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora