Seu rosto fica triste. Paro de franzir o cenho ao ver milhões de lágrimas descendo por sua bochecha. Ela está chorando, em silêncio. Olho para ela sem acreditar. Quando eu era amiga de Clara nunca a tinha visto chorar.
- Você nunca vai entender, Isabela. E nem vai perceber, mas no dia que o fizer, vai se arrepender de ter me tratado dessa maneira. – Diz com a voz tremula enquanto limpa os resquícios de lágrimas em seu rosto. Ela se levanta e acomoda sua bolsa em seu ombro, começando a caminhar rápido até a saída.
O que eu nunca vou entender? Nunca vou perceber o que? Por que vou me arrepender? Tenho que admitir que me deu sim um pouco de pena ao vê-la chorar. E não estávamos na melhor situação, vamos dizer assim. Talvez eu tenha sim a tratado de maneira cruel e eu não deveria ter feito isso. Mas eu já disse, quando estou neste estado não penso bem e não controlo as palavras. Minha oca diz simplesmente todas as coisas que não consigo dizer quando estou raciocinando. Em poucas palavras, quando estou assim não se aproximem, porque vou explodir. Não consigo controlar isso. Quando eu choro fico extremamente fraca. E agora, simplesmente estou destruída em todos os sentidos.
Vou para o banheiro e lavo meu rosto. Meus olhos estão inchados e agradeço por não ter me maquiado, senão eu estaria com a cara toda borrada. Escondo minhas mãos no bolso do casaco e saio. Agus está sentada junto com Julio, estão conversando. Estão um pouco sérios, mas percebo que Julio está prestando atenção na conversa, pois seus olhos estão fixos em Agus, prestando toda atenção possível e concordando com a cabeça várias vezes. Quando Julio sem querer olha para aonde estou, Agus para de falar, se vira para mim e pisca um olho.
Não entendo.
Julio se aproxima de mim e me aconchega em seus braços. Eu escondo minha cabeça em seu peito e ele se apoia em meu cabelo, tocando levemente me fazendo arrepiar. Onde ele estava enquanto eu conversava com Clara? O corredor parecia completamente vazio enquanto eu estava com ela. Ou talvez era só a minha imaginação. Mudando de tema, Julio tem um cheiro tão bom. Seu perfume é cítrico e bem suave, e prende muito. Pois uma vez, quando eu passei a tarde com Julio, cheguei em casa e Agus me disse que eu estava com cheiro de homem. Sorrio com a lembrança.
- Está melhor agora? – Me pergunta suavemente. Eu levanto o olhar.
- Sempre que você me dá abraços grátis eu fico bem, Julio. – Respondo. Ele sorri e isso faz minhas bochechas ficarem levemente coradas. Acaricia minha bochecha e sinto calafrios.
- Por que Clara foi embora chorando?
Essa pergunta me faz pensar por alguns segundos. Não quero admitir que foi embora "porque a tratei da forma mais cruel possível" ou algo como "lhe disse que ela me tirou a pessoa mais importante para mim: Você, e por isso a fiz se sentir uma merda". Julio ficaria bravo comigo. E isso é o que menos quero. Não quero mais problemas.
- Tivemos uma discussão forte. Só isso.
Julio concorda com a cabeça. Me pressiona mais contra ele e uma angústia me invade. O que farei agora? Obviamente meu pai vai saber da notícia cedo ou tarde e irá fazer eu ir morar com ele. Vou parar de ir ao colégio, deixarei Agus, vou parar de ir nas reuniões, não verei Letícia, nem a meu padrasto, Miguel, Paula, Emma... e Julio. Não quero ir embora daqui. Talvez doa mais estar neste ambiente pesado, mas quero estar aqui. Só duas coisas me mantem de pé: Julio e Agus. Só eles.
- Isa, quero falar com você. Poderíamos ir no banheiro? – Diz. Olho para ele e em seus olhos estão aquele brilho que ele sempre tem, de repente sua íris aumenta de tamanho e é como se ela toda ganhasse vida. Sacudo a cabeça e concordo.
Ele segura minha mão e me leva até o banheiro. Graças a Deus não tem ninguém. Ele abre a torneira e toma um pouco de água.
- Vou ir direto ao ponto. – Ele inspira uma grande quantidade de ar e solta. – Quero saber o que nós somos...
Isso deixa minha mente em branco. Posso ver como seus olhos estão dilatados e estão se tornando de uma cor mais escura. Ele está ansioso e não quer esperar. Quer uma resposta concreta, neste momento. Mas eu não a tenho.
- Amigos? Digo recuperando a respiração. Ele solta um sorrisinho adorável e passa uma mão pelo cabelo. Eu quero fazer isso.
- É isso que você acha?
- Bom... sim. – Respondo. Estou brincando com minhas mãos nervosa, não quero olhar para ele. – Por que a pergunta?
Ele fica em silêncio por um tempo. É incômodo, muito. Mas percebo que ele também está nervoso, por como fica trocando o peso da perna de um lado para o outro, várias vezes seguida. Sorrio ao perceber em que ponto ele quer chegar.
- As coisas mudaram para mim desde o dia que quase, nos... beijamos.
Ah. "Claro que as coisas mudaram, Julio. Não acha que é algo óbvio? " – Digo a mim mesma de forma irônica. Ele se aproximou alguns centímetros de onde estou. E vai diminuindo a distância cada vez mais.
Tenho certeza que Julio bebeu alguma coisa antes de vir aqui. Ele está tão carinhoso. Não sei se está brincando. Mas também não pode ser mentira, porque me trouxe até o banheiro para falar sobre o que exatamente nós somos. Bom, ninguém sabe o que nós somos, Julio!
- Não sei. – Sussurro. Não posso confessar meus sentimentos. Não é porque eu não quero, mas eu sou uma covarde. Sei que ele não sente o mesmo por mim e está fazendo isso para podermos consertar as coisas, e voltar como éramos antes. E de qualquer maneira, mesmo que o meu maior desejo é estar com ele...
Não estou preparada para isso.
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Vamos lá, as coisas estão se encaminhando não é? Comentem, surtem e tudo o mais aqui nos comentários. No próximo capítulo vamos ter a continuação dessa conversa. Preparem os corações para esses capítulos que vão vir. Tenham paciência comigo, e é isso. Beijinhos
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Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)
Romance"Muitas vezes não encontramos as palavras adequadas para expressar o que sentimos, seja por timidez ou porque os sentimentos nos dominam, e é em um abraço que encontramos a solução, no idioma dos abraços. Eles nos fazem se sentir bem, aliviam a dor...