Capítulo 11: Lúcia, Sofia e Maria

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3 anos antes

_ Lúcia Campos, Sofia Campos Rivera e Maria Tereza Campos, podem entrar.
A sala do contratador, era gelada e sem um pingo de cor, como um consultório médico.
_ Sentem-se por favor.- ele apontava as cadeiras com sua mão grande e de dedos grossos.- Estava dando uma olhada em suas qualificações e experiências, e vocês são irmãs certo?
_Exato senhor - Responderam em coro.
_ Vocês estão cientes que os cargos, são os mesmo e que é uma atividade pesada, certo?
_ Sim senhor.

Ele se senta, deixando o corpo cair sobre a cadeira. As três haviam combinado, do lado de fora da sala, que aquele homem seria uma espécie de ser que faz seu trabalho, por pura obrigação. As três haviam acertado. Maria, como sempre a mais engraçadinha, quis rir, ao ver o peso daquele homem, despencar na cadeira. Porém, se conteve. Seu emprego, estava em jogo. Na verdade, o emprego das três.

_ Bem...hm hm, por que eu deveria contratar vocês?
Um silêncio se instalou no ambiente. Era normal, acontecer em situações assim... Certo? Normal ou não, aquilo não durou mais que cinco, assim Lúcia, a mais velha, responde:
_ Bem, trabalhamos com eficiência, rapidez, e estamos precisando sair daqui. Novos rumos,novos lugares. Será necessário. Para todas nós.
O contratante, olhou para elas e deu uma suspirada enorme e então lhes respondeu.
_Meninas, mesmo com todas suas qualidades, e outros adendos mas...
As três tremeram em suas cadeiras. Deram as mãos, e tudo que poderiam desejar de melhor, é que ele pudesse indica-las a outra agência.
Batem na porta. A secretária, enfia a cabeça na sala e avisa que alguém, importantíssimo quer falar com o tal contratante.
_ Mande entrar, por favor. Seja quem for.
Um cara alto, vestido de preto, com suas mãos cheias de anéis, e com um perfume deliciosos. As três viraram sua atenção ao homem que adentrou aquele ambiente. Antes tão frio, e agora tão quente.
_Ricardo seu putão. Quanto tempo!!- Ele chegou falando com o contratante, que agora elas sabiam, que chama Ricardo.
_ Senhor Hector!- Ele disse se levantando na maior agilidade e de força desengonçada.- Eu não sabia que o senhor viria aqui hoje e
_ Ei ei. Sem essa de senhor, Ok?
_ Ok, Hector.
Os dois ignoraram a presença das três, e quando caíram em si, Hector tomou a frente da conversa.
_ E as lindas moças,são?
_ Ah, elas são as candidatas, a vaga de emprego, no hotel.
_ Você quer dizer o hotel do meu pai, certo?
Os olhos das meninas ficaram em brilhos. Cada vez maiores. Talvez pela oportunidade que fosse jogada ao seus colos, ou pela beleza do garoto.
_ É... Hotel de seu pai..
_ Hmm...- Ele pensou um pouco, enquanto olhava pra elas.- Posso analisar o currículo delas?
Ricardo, ficou em um impasse. Se não desse, podia ser despedido ou levado uma advertência. Ou podia receber uma punição maior. Hector, era bom em punir pessoas, seja a forma que for.
_ Você é, hm hm, não deseja analisar os currículos das outras candidatas?
_ Neeem. Eu me interessei pelas moças, elas parecem ser muito bem qualificadas pro serviço.
Ele entregou o currículo a Hector, que ficou analisando, analisando, até que teve sua resposta final, já que suas caras e bocas feitas enquanto lia aquela folha, eram estressantes.
_Vocês, tem algum empecilho, ou algo que as obrigue a ficar aqui? Por que vocês ficariam lá por um bom tempo, claro, com moradia e afins.
_ Nada nos impede! Eu e minhas irmãs, precisamos recomeçar em algum canto novo. E agora temos mais motivos pra ir.- Maria era ardilosa, sabia muito bem convencer as pessoas das coisas. Não tinha sucesso todas as vezes, porém era uma boa tática, para conseguir o que queria.
_Otimo. Estão contratadas! Vocês... Possuem passaporte?
_É... Não senhor.
_ Ricardo, você pode providenciar os três passaportes por favor?
_ Cla- claro, Hector!
_ Obrigado fofo! Enfim meninas, no fim do mês, vocês me encontrem nesse endereço.- Ele pegou um cartão de visitas de seu bolso traseiro, como se estivesse esperando uma oportunidade como essa aparecer.- Aqui está meu número, e o endereço de meu apartamento. Entro em contato com vocês assim que tudo estiver resolvido.
Bem, agora tenho que ir! Espero que sejam bem recebidas no hotel.- Ele diz saíndo pela porta, porém da uns passos para trás, como se estivesse se esquecendo de algo.- Ah, se preparem, por que lá na Espanha, o clima é muito queeente, Muchachas!- Ele solta seu sorriso mais malicioso, que derrete qualquer um.- Agora sim, bye Amores de mi corazon!
Ele caminha no corredor, e deixa as garotas e o Ricardo na sala de entrevistas.
_ Então senhor... Ricardo certo? Bem, o que o senhor falava mesmo?
Ele ficou vermelho. Sua resposta não serviria de nada. Hector já havia tomado a decisão, e agora, ele só precisara, agilizar a documentação.
_ É, me emprestem seus documentos por gentileza. Assim já posso tirar uma xerox de todos, e resolver assuntos do passaporte.
_ Claro, fofo.
Ele ficou com mais vergonha ainda. Sua cara ficou quente, mas depois de alguns minutos ali, ele já havia feito o que era preciso.
_Então meninas, tá tudo certo e vocês já estão empregadas. Parabéns.
As três agradeceram, e de certa forma, aquilo já tinha sido um achado e tanto. Agora podiam sair do país, empregadas e sem fugir. Sairíam legalmente, e nada seria percebido.
Ao saírem da sala, viram que todas as outras pessoas, que procuravam por vagas de emprego. Umas roiam as unhas, outras batiam os pés no chão num ritmo constante e frenético, e umas passavam as mãos na cabeça nervosos. Elas tinham certeza, que aquela seria a melhor chance de todas. E que a vida delas iria mudar drasticamente.

_ Quem vai chamar um Uber?
_ Eu chamo.
_ Aí a linda, toda responsável e certinha.
_ Calada Maria. Você não é a mais responsável daqui, não é mesmo.
_ Vá a merda Lúcia.
Ela mostra o dedo do meio para Maria, que logo solta um vai se fuder bem puta da vida.
_ Dá pra vocês calarem a boca, porra?- Sofia, como sempre a acalmava a situação, apontou para o cara na rua, mexendo no celular na calçada.- Olhem, aquele ali não é, o tal de Hector?
_ Realmente... É ele mesmo! Devemos falar um oi, ou agradecermos ele?
Ele como instinto, olha pra elas, e caminha até onde elas estão.
_ Meninas, muito prazer! Me chamo Hector. Sobrenomes não são importantes agora. E vocês se chamam...?
_ Meu nome é Maria, essa lindona é a Sofia e a outra ali - ela aponta pra Lucia que está afastada deles, esperando o Uber, e emburrada como de costume- É Lúcia. Somos todas irmãs e ela é a mais velha. E mais chata.
_ Se ser responsável é ser chata, eu sou com muito orgulho, ok? Vocês duas que são irresponsáveis e só pensam em festa. E por isso fizeram merda acaba ferrando todo mundo.
_ ESPERA UM POUQUINHO... Você, VOCÊ também é culpada ok? Não vem colocar a culpa toda em cima da gente, sua vaca.
Lúcia se vira pra Maria, e da um tapa em sua cara. Sofia e Hector ficam estáticos, observando a situação toda.
_ Você... Me enoja! Pega esse Uber aí sozinha, e vai pra puta que pariu!
_ Maria espera eu vou com você!
_ Eu posso levar vocês duas, esperem aí.
Lúcia acabou ficando sozinha. Era sempre assim. Ela sempre tomava as dores, os problemas e qualquer tipo de situações ruim que suas irmãs tomavam. Isso também aconteceu do fatídico dia do acidente. Mesmo acidente, que fez com que elas fossem obrigadas a sair de casa, do estado e do país.
_ Aí Lúcia... Você só se mete em roubada garota! Deus nos ajude, Deus nos ajude. Agora é só questão de tempo, para sairmos daqui.





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