Consequência de muitas merdas

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Eu escutava uma música deprimente enquanto olhava para as nuvens através da janela no avião. Lágrimas estavam caindo, mas não era de tristeza, pelo contrário, eram de raiva. Raiva por me lembrar do momento em que recebi a pior notícia que poderiam me dar.

...

 Você vai para os Estados Unidos morar com a sua mãe.  Ele ameaçou ela novamente.

– Aham.  Ela debochou imaginando que ele estava apenas bufando como nas últimas vezes.

 Sua passagens já estão prontas, estou falando sério. – Ele mostrou as passagens. Você vai no sábado!

...

– E você senhorita? – A aeromoça me perguntou com um sorriso. – Quer algo?

– Não – Respondi sendo curta e grossa, sem retirar os olhos da janela.

Como meu pai teve a coragem de fazer isso? Esse é o pior castigo que poderiam dar, mas pelo menos, vai ser só uma ano, um ano no inferno. Espero que eu não me queime.

Eu chorava silenciosamente, afinal, acho que você não gostaria que todos os passageiros de um avião ficassem te olhando. Mas minhas lembranças não ajudavam. Allan era o único que realmente me amava nessa droga, e tive que deixar ele pra trás...

...

– V-você vai embora?  Ele disse com aqueles olhos castanho claro se enchendo de água.

Sofia apenas assentiu cobrindo as mãos com o rosto, ela não era uma garota de chorar, ver ela chorando era como achar um pedaço de ouro no meio da rua. Mas lá estava ela, chorando em um banco da praça, se despedindo do namorado.

Ele disse que eu vou morar lá por 1 ano, 1 ano! – Ela tirou as mãos do rosto e mostrou ele todo molhado por conta do choro.

 Não importa.  Allan se agachou passando as mãos pelos braços da Sofia.

A garota fez uma cara de surpresa pelo o que o namorado disse.

 Vamos continuar junto! Nada nem ninguém vai nos separar, nem mesmo a distância.

– Que frase mais clichê. – Sofia franziu a testa.

Os dois riram. Pela primeira vez nos últimos 3 dias, Sofia deu um riso verdadeiro. Ela se sentiu bem de novo por 7 segundos.

 Esse 1 ano vai passar voando, você vai ver.  Ele segurava fortemente as mãos dela.  Vou ligar pra você todos os dias, sem falta.

 Me sinto sortuda por ter você. – Ela segurou o queixo do Allan e lhe deu um beijo.

...

Cansei de chorar, até mesmo sofrer era cansativo. Eu queria era dormir, dessa forma a viagem passaria em um piscar de olhos. E então acordei com a esperança de já ter chegado no inferno, mas não. Ainda faltava 5 horas. Dormir de novo? Não. Agora eu estava com fome.

(...)

5 horas depois

Cheguei no meu doce destino, e assim que pisei no aeroporto, vi minha mãe, meu padrasto e o meu irmão me olhando de longe com um sorrisinho. Se era falso? O do meu padrasto era, certeza. O da minha mãe eu não sei, ela mentia muito bem quando queria. O do meu irmão não, aquela peste era um grude em mim. Não leve a mal, eu gostava dele, mas as vezes...

Grandes Merdas [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora