Novo recorde

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Maratona 3/5

Enquanto eu pressionava o ferimento da facada para tentar parar o sangramento, o homem colocava as mãos nos meus bolsos para ver se tinha algo de valor. Me apoiei na parede da minha esquerda e fui escorregando para o chão lentamente.

– Acho que vou ter que levar seu skate já que você não tem nada além dele.

– Não! – Disse firme afastando o skate do homem.

– Você tá pedindo pra morrer mesmo não é?! – Ele aproximou a faca com o meu sangue perto do meu rosto.

– Prefiro morrer do que te entregar meu skate de bandeja. – Lancei um sorriso provocante pra ele.

E o mesmo homem que estava prestes a cortar a minha garganta agora estava no chão, imóvel. Minha vista estava embasada.

– Onde você morava nunca te ensinaram que não se deve reagir a um assalto? – Eu já reconheci a voz.

Confesso que fiquei aliviada pela chegada do Noah.

– Posso te encostar agora? Ou você acha que pode ir sozinha até o hospital?

– Eu iria aceitar, mas agora, eu vou sozinha. – Dei um sorriso e tentei levantar.

Quanto mais eu me mexia bruscamente, mais dor eu sentia e o sangue escorria.

– Para de ser teimosa garota. – Ele veio até mim e colocou sua mão direita em volta da minha cintura e posicionou meu braço em volta do pescoço dele fazendo de apoio o seu corpo.

(...)

E lá estava eu de novo, em uma cama de hospital. Dessa vez com um geso na perna e minha barriga costurada.

– Por que você fugiu do hospital?! – Minha mãe gritou.

– Não enche. – Fechei os olhos pra não ver a cara dela.

– Você fugiu de casa, quase morreu afogada, fugiu do hospital, quebrou a perna não sei como, e pra completar a desgraça... você levou uma facada! Tudo isso em menos de 24 horas, 24 horas! – Ela repetiu.

E ainda tinha roubado, mas já que ela não sabe, vamos deixar quieto.

– Foi o meu recorde, confesso. – Abri os olhos e dei um sorriso de canto que sabia que ela iria explodir de raiva. – Mas te juro que vou quebra-ló em breve. – pisquei pra ela.

Ela se aproximou de mim e só pude ouvir o barulho do salto dela se chocando com o chão fortemente enquanto andava. Meu corpo estava do mesmo jeito que eu acordei, só minha cabeça estava na direção da dela.

– Você não tem respeito por mim mesmo, não é? – Nossos olhos estavam fixados uns nos outros.

– Pra você ter uma noção mais exata... meu respeito por você é igual ao de uma formiga. – Respondi.

Ela queria me matar, disso eu tinha certeza.

– Você tem tanta sorte que nem consegue imaginar... – Ela disse se sentando calmamente na cadeira que estava sentada antes.

– Tanta sorte que ninguém me ama. 

Um clima tenso ficou no ar. Eu olhando para o teto e ela olhando para o chão.

– Você pode achar que eu e o seu pai somos os vilões, e você a pobre princesinha mal amada e cuidada, mas você está errada. Eu e o seu pai que somos os heróis, os salvadores da pátria, eu diria. 

– Você fala tanta merda... – Tentei me sentar mas a dor me impediu.

– Me xingue mais uma vez e se veja vivendo nesse pais por mais de um ano...

Fiquei calada mas a minha vontade era de levantar e puxar os cabelos dela. Logo depois ela saiu da sala e um vulto entrou.

– Sofiaaaa! – Ele entrou correndo e quase pulou encima da minha cama mas eu impedi. – Ouvi a mamãe dizendo que você só faz besteira e merece estar aqui, então fiquei me perguntando... que besteiras você fez pra estar no hospital?

– Olha... a mamãe só fala bosta, escuta ela não. Eu me afoguei na praia por isso que eu estou aqui. E não porque eu faço merda. – Pisquei pra ele.

Ele sentou no canto vazio da cama e aproximou um boneco na minha cara.

– Para mim? – Perguntei.

– Sim. Você é igual ele... forte, corajosa, e vem de outro planeta.

– Eu não venho de outro planeta.

– Mas vem de muito longe.

Até que ele tinha inteligencia no final das contas.

– Obrigada. 

Eu dei um sorriso e fechei os olhos para ver se ele ia embora, mas aconteceu algo bem... diferente. Ele me abraçou.

– Vê se não se afoga de novo, tá? – Ele perguntou sério. 

Me senti amada, era o único sentimento que eu estava precisando... Ele era tão fofo.

– Você vai abrir meus pontos. – Fingi que não me importei com o que ele me disse.

– Ah! – Ele levantou. – Desculpa.

Logo depois ele foi embora. Não vou deixar de mencionar o sorrisinho que eu dei depois que a porta se fechou.

[...]

✨ Capítulo finalizado.

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Grandes Merdas [Reescrevendo]Onde histórias criam vida. Descubra agora