Podemos conversar?

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Sim, faz uma eternidade. E eu estava morrendo de saudade de escrever pra vocês. Vou tentar essa semana dar um gás para não deixar ninguém orfão. Um beijo grande a todas as Juliantinas e boa leitura.

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Val POV

            A primeira vez que a vi, senti uma força que eu nunca tinha sentido antes. Aquele sorriso desafiador que ela me lançou foi o primeiro indício de que eu perderia aquela batalha. Mal sabia eu que ela ganharia com outras armas que possuía. Seus olhos levemente tristonhos, aquele castanho profundo cor de chocolate amargo, seu queixo perfeitamente furadinho e aquele toque quente que era tão marcante em minha pele. Ela tinha um poder incomparável, que me deixou desnorteada e agora eu sabia o porque dela ter que ser forte e o por que do seu olhar ser algo infeliz.

            Depois de quase quinze minutos de silêncio, Juliana retirava suas mãos da cabeça, que permaneciam naquela posição pois o tanto de informação, lembranças e dores estavam pesando naquele momento. A deixei sentir tudo o que foi preciso e estava a seu lado para ser a força que ela precisava naquele momento.

            - Juls, você quer alguma coisa?

            - Sim. Morrer e nascer de novo.

            - Juliana, nem brinca com isso. – disse séria, mas sem querer ser agressiva. A entendia, apesar de não querer nem pensar nisso de brincadeira.

            - É tudo tão difícil, sabe? Porque eu não posso ter uma vida normal, tipo a sua? – ela achava que minha vida era normal? Eu tinha tanto o que contar a ela, mas será que esse era o momento?

            - Não se engane, minha linda. Nossas vidas de fato foram bem diferentes, mas eu não sei o que você considera ser normal. Posso afirmar que a minha não tem toda essa normalidade.

            - Ahh Val, você entendeu. Sei que você tem suas complicações de família, mas você teve tudo que quis e o que era bom pra você. – virei de costas pois senti uma pontada no meio do peito nesse momento.

            - Menos amor... – falei baixinho, acreditando que apenas eu mesma ouviria o meu desabafo.

            - O que você falou, Val?

            - Nada, Juls.

            - Pode me falar.

            - Não é nada importante.

            - Confia em mim. Eu tô confiando tanto em você. Acho que mereço essa troca.

            - Acredite em mim, Juls. Acho que nunca confiei em alguém como confio em você.

            - Então...me fala. – suspirei e fechei meus olhos.

            - O que faltou foi, amor, Juliana. Eu nunca tive amor.

            - Ahh Val, às vezes as pessoas amam de formas diferentes..

            - Não, Juls. Eu nunca fui amada. E eu sei disso e tudo bem. Eu segui com a minha vida e se você quer que eu confie em você, vou confiar agora dizendo: só tô descobrindo o que é ser amada agora, com você. – pronto, entreguei meu coraçãozinho ali, sentada ao lado daquela mulher que deixou minha tediosa vida de pernas pro ar.

            - Val..

            - Não precisa dizer nada, mas essa é a única certeza que eu tenho nesse momento. E por isso, quero viver tudo o que puder com você, mesmo se daqui há um tempo você resolva ir embora, me deixar, sei lá. Quero receber tudo o que eu puder de você. – ela não me deixou nem respirar e puxou meu rosto contra o seu. Aquele foi um beijo de desespero, de entrega. Ela nunca respondeu ao que eu falei, e nem precisou. Nos seus lábios soube que ela queria a mesma coisa que eu e fiquei em paz. Depois de um tempo, nos afastamos o suficiente para nos olharmos dentro dos olhos um da outra e sorrirmos. Em segundos, seu rosto mudou e vi a expressão de alguém que teve uma ideia ou lembrou de alguma coisa.

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