esponja

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Queridxs, quenturas a seguir. Boa leitura!

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Val POV

A arte da sedução nunca foi o meu forte. Acho que já deu pra perceber que as impressões podem enganar a quem apenas me enxerga como um pedaço de carne. Creio que nunca desenvolvi essa faceta por alguns traumas e porque via minha mãe sendo a mestre sedutora da família e me dava uma certa repulsa. Desde pequena eu chamei a atenção de todos, que me diziam que eu parecia uma boneca, que eu devia ser modelo, que eu chegaria longe com esses olhos, que conquistaria um homem rico e poderia desfrutar da minha beleza. Todas essas afirmações sempre me deram asco e eu, como surgia em todas as minhas brigas com meus pais, era a "do contra". Nunca quis usar a minha suposta beleza para nada daquilo e com isso esquecia de vez em quando que podia chamar a atenção das pessoas. Por dentro, eu era insegura, gritava por falta de afeto e era incapaz de me abrir pra quem quer que fosse. Com os homens, sempre foi complicado e foi ficando cada vez mais difícil de me conectar. Meu pai era o meu exemplo, o que não ajudava a mudar o meu conceito quanto ao gênero masculino, já que era um cara frio, machista, preconceituoso e provavelmente traía a minha mãe em todas as viagens que fazia. Além disso, episódios na minha juventude me afastaram ainda mais de pensar em um futuro com um homem ao meu lado. Essa ideia que já não me atraía desde a infância, só foi ganhando força durante os anos.

E agora, eu me encontrava tentando seduzir aquela morena que tirava o meu sono. Talvez fosse isso, talvez fosse a minha falta de gana de sentir a pele de um homem que me bloqueava e me afastava de qualquer investida dos caras que se aproximavam. Eu transei com alguns, mas eu me sentia tão vazia depois, parecia sempre uma experiência de outra pessoa, como se eu não estivesse confortável no meu corpo e a minha mente se transportava para bem longe. Eu queria que acabasse, que parassem de me tocar, que o calor das peles não me incomodasse mais e eu simplesmente pudesse voltar a ser eu, a habitar o meu corpo novamente. Analisando, acho que por isso que fugi dos primeiros toques de Juliana, pois acreditava que seria igual, que eu me sentiria mais violada, que sua proximidade me deixaria machucada, como em outras ocasiões. Um passado doloroso é com certeza o que impede um futuro pleno e preenchido de felicidade.

- Você quer mesmo que eu responda? – Juliana indagou e eu senti que ela não queria responder e me dar mais poder. Eu daria um passo atrás no jogo.

- Não precisa. Sua cara já me respondeu. – sorri e passei por ela em direção a cozinha. – Quer tomar alguma coisa, Juls?

- Quero. O que você tem?

- Alcoolico temos vinho, vodka e whisky.

- Acho que preciso de uma dose de whisky. – ela disso risonha e eu percebi que estava nervosa.

- Ahhh senhorita Valdés, precisa de algo forte pra se acalmar?

- Ou pra me soltar de vez. – sorrisinho maldito aquele estampando seu rosto. Ela era uma maldita atriz. Cada hora me respondia de uma forma e eu queria bater na cara dela, de tanto que me sentia frágil ao seu lado. A servi do whisky sem falar nada e nos sentamos na varanda para admirarmos a vista. – Val, posso te fazer uma pergunta? – ela soltou depois de alguns minutos olhando para a paisagem.

- Já fez. Mas deixo você fazer outra. – ri e a fiz sorrir. Eu estava louca naquele sorriso perfeito. Se controla, garota. Tá com mais fogo que adolescente. Seja madura.

- Você nunca tinha sentido atração por mulher antes? – ela era direta e eu tinha que admirar isso nela.

- E quem falou que eu tenho atração por mulher? – eu estava mexendo com fogo. Claramente essa provocação não passaria em branco.

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