Doce criatura.

Moldando o coração.

Vovó sentiu que era bom deixar os dois sozinhos e se recolheu aos seus aposentos enquanto o jantar ainda estava sendo feito, Harry empurrou a cadeira de rodas para o quarto ainda pensando sobre a situação da marca, mas sem conseguir entender isso realmente, afinal não era fácil compreender nada disso.

Já Louis sentia que estava perto da verdade, mas nem imaginava qual verdade seria essa, queria tocar no assunto, mas ainda sentia receio em conversar normalmente com seu suposto marido, principalmente porque a conversa que teve com ele no primeiro dia em que foi trazido ali era bem vívida em sua mente.

Foi Harry quem quebrou o silêncio como sempre.

-Louis...O delegado me informou que tem uma pista da menina desaparecida, amanhã me informará melhor sobre o caso, quer ir comigo a delegacia pela manhã?

-Sim! Acredita que eles podem localiza-la?

-Creio que já o fizeram, mas ainda não tenho todos os detalhes, por enquanto eu queria ver se tem mesmo a marca nas costas ou não, eu realmente tentei te ajudar no banho sem prestar muita atenção em seu corpo, me sentia invadindo sua privacidade e não queria isso...Mas eu quero saber agora.

Louis concordou e começou a desabotoar a camisa leve que usava de um algodão clarinho de tom verde água com pequenos desenhos de arabescos na cor areia, delicada como ele mesmo, esses movimentos leves de seus dedos sobre o tecido enchiam seu marido de um desejo novo, recém criado em sua mente, algo mais leve e mais profundo, um desejo de ter ele de novo em suas mãos, mas desta vez com amor e carinho, algo que raramente experimentou com Edgar. Naquele tempo quando ele e Edgar transavam tudo era sensual, agressivo e sexy, mas nunca havia carinho, afeição, amor, apenas a paixão louca e desenfreada.

-Pronto, pode me ajudar agora? Pediu Louis erguendo os braços e seu marido puxou a camisa revelando o corpo magro, porém já mais saudável, a pele começando a ter uma cor mais amendoada, tão belo...

Harry o tirou da cadeira e o colocou na cama, ele se deitou e virou na cama, as costas nuas eram convidativas...Lisas e sem nenhuma marca de nascença ou cicatriz.

-Meu Deus...Como não vi isso antes? 

Louis virou a cabeça para olhar o marido.

-Se você não é Edgar, quem é você? Perguntou Harry, afinal havia concordado em chama-lo de Louis a pedido dos médicos, uma medida para auxiliar o regresso de sua memória, mas e se todos estivessem errados?

-Eu sou Louis...Irmão mais velho de Sophia e é tudo que sei...Pode me ajudar Harry a descobrir realmente quem eu sou além disso e como me encaixo nisso tudo?

Harry olhou para Louis como se fosse a primeira vez, ele o trouxe para sua casa certo de que trazia o marido de volta, todos o condenaram, todos falaram mal dele, todos o rejeitaram pelo que fez no passado e todos estavam enganados, até os médicos! Está criaturinha linda deitada em sua cama não era e nunca foi Edgar, seu marido infiel, cheio de mentiras e trapaças, este ali era Louis...E Louis era um desconhecido lindo, doce e sem memória.

-Me perdoe...Disse Harry o puxando para um abraço, o primeiro abraço verdadeiro depois de tudo.

Louis chorou, não porque estivesse triste, mas porque finalmente tinha provas de ser quem imaginava ser de verdade, ele não era Edgar, não mentiu, enganou, fingiu ou traiu este homem e os que o cercavam, não roubou suas jóias e nem despedaçou seu coração...Mas ele queria juntar os caquinhos deste coração e colar tudo de volta em um novo molde, ele o queria e só agora neste momento percebeu isso.

-Não chore! Eu sou o culpado de tudo isso, eu errei com você, prometo tentar ajudar de todas as maneiras possíveis...Eu...

Louis o calou com um beijo tímido, não se lembrava de algum dia ter beijado, não se lembrava se algum dia tinha amado ou se apaixonado, mas o que sentia era puro e real, palpitava em seu coração e ele o queria, queria sentir, entender e viver isso, não estava preocupado que tudo isso seria uma forma de sua mente em pedaços se reerguer ou tentar isso, nada importava além deste beijo.

As mãos grandes e fortes do homem enlaçaram a cintura nua e o puxaram para si num aperto de posse e vontade, ele correspondeu ao beijo, sabia que tudo podia ser um engano, não eram casados, nem mesmo se conheciam de verdade, ele o ameaçou antes, o julgou e discriminou da maneira mais injusta, mas mesmo assim ele estava em seus braços.

O beijo durou o tempo exato de uma eternidade e findou rápido demais para ambos, ofegantes e confusos.

-Louis...Talvez isso seja um erro, você pode estar com Síndrome de Estocolmo, sabia?

Um sorriso brotou nos lábios vermelhinhos e levemente inchados, ele escondeu o rosto no peito do homem divertido.

-Você não me sequestrou, me trouxe para casa como seu marido, existe uma diferença nisso, não acha?

Harry suspirou vencido.

-Mas eu o ameacei, o enganei...Eu achava que era mesmo Edgar.

Louis o encarou sério desta vez.

-Mas nunca me machucou, nem mesmo me tocou de modo diferente, foi gentil, atencioso e mesmo que não seja meu marido...Mesmo assim...Eu gosto de você.

-Como pode gostar de mim depois de tudo? Perguntou Harry acariciando os cabelos que voltavam a ser macios e brilhantes, sentindo o aroma da pele, gostoso e inebriante.

-Não sei, eu estou perdido, você também está, somos duas pessoas quebradas tentando juntar os cacos de uma vida, podemos fazer isso juntos? 

Harry o beijou de novo, desta vez com uma paixão mais intensa e depois o soltou.

-Eu ainda sou casado, meu marido desapareceu...Mas eu quero ficar com você, devo estar louco.

Louis sorriu timidamente.

-Então também estou completamente louco, o bastante para deseja-lo mesmo sem saber...

Harry viu a frase morrer e não entendeu.

-Sem saber o que? perguntou acariciando os cabelos macios e cheirosos.

Louis estava com vergonha, ele não sabia se em seu estado sentiria algo ou mesmo se alguma vez já chegou a fazer amor com alguém.

-Edgar era devasso...Eu nem sei se já fiz amor antes...E se não gostar?

Harry suspirou com essa confissão fofa, cada vez o amava mais, era possível isso?

-Você é Louis...Não tente se comparar a mais ninguém, é único e perfeito do seu jeito e estou feliz em ser eu aquele que vai descobrir e faze-lo descobrir como seu corpo reage, mas não agora...Não sei se é seguro ainda, vamos esperar a próxima consulta com o Dr.Liam.

Louis corou.

-Não pode conversar isso com ele! É vergonhoso demais!!

Harry riu vendo a pele clarinha se tornar rosada nas bochechas e até nos ombros e pescoço.

-Mas ele é seu médico!

-Mesmo assim, vou ficar muito envergonhado...

Harry o deitou na cama e o cobriu de beijos antes de solta-lo o deixando tonto.

-Eu não tenho vergonha alguma, quero te amar, quero te ter em meus braços e preciso saber como agir sem feri-lo, quero que sinta tanto prazer como eu...

Louis tremeu, podia estar sem poder andar, mas sentia a excitação dentro de si, sabia que sim, estava quente...

-Harry...Gemeu se contorcendo e o homem notou a ereção evidente na roupa, agora ele sabia de duas coisas com certeza.

Louis podia ficar muito excitado e ele não conseguiria se conter...