O tempo passou tranquilamente para a pequena família formada por Harry, Louis e a menininha alegre que enchia o lar de alegrias, a avó que via seus sonhos se realizarem ao ter uma criança correndo pela casa se sentia renovada e muito feliz.
Dias tranquilos se tornaram semanas e as semanas logo um mês, os exames confirmaram que Louis e Sofia eram de fato irmãos e mesmo que o jovem não pudesse se lembrar do seu tempo anterior com a irmãzinha ele a amava profundamente, talvez o amor não precise mesmo de lembranças para existir mais seja uma fonte inesgotável de luz dentro de almas sensíveis e assim chegou a primavera na bela propriedade.
-Vovó vai me levar para brincar no jardim, vem Lou-Lou!!
O jovem riu e acenou para as duas, ele gostaria, mas hoje seu dia estava bem completo, fisioterapia, depois a sua sessão com o psicólogo e logo mais uma visitinha ao hospital, ele suspirou cansado, sabia que tinha que se esforçar ao máximo, mas infelizmente não via nenhuma melhora em seu estado atual, ainda não andava e não se lembrava de nada.
-Hoje não princesa, preciso fazer meus exercícios, mas no final do dia iremos ao abrigo buscar o gatinho que me pediu, está bem assim?
Ela sorriu e concordou, a avó também sorriu e saíram junto com uma empregada para o belo e florido jardim dos fundos, perto dos vinhedos magníficos, com a primavera o tempo estava ameno e o ar mais limpo e cheio de aromas agradáveis, Louis suspirou imaginando em como seria bom poder caminhar pela propriedade e ver as belezas do lugar.
-Preciso ir, mas voltarei na hora do almoço, quero estar com você um pouco mais. Disse Harry lhe roubando um beijo em frente a um dos empregados o que emprestou um tom rosado ao rosto belo do jovem na cadeira de rodas.
-Não precisa se preocupar, eu ficarei bem.
Harry o observou, agora era incrível que em algum momento no passado tenha realmente achado que aquele doce menino era Edgar, como foi capaz de agir como o fez? Era impensável e isso sempre o assombrava, nestes momento a única maneira de amenizar sua mente era abraça-lo apertado e lhe dizer novamente mil vezes perdão.
-Louis...Como eu pude ser imprudente com você!
O jovem acostumado com essas crises do namorado o apertou nos braços sorrindo e acalentando suas costas com as mãos pequenas e macias.
-Ainda se recrimina depois de tanto tempo...Eu estou bem, Sofia está bem e estamos todos juntos.
Harry concordou e o olhou detidamente, a luz da manhã de primavera entrando sorrateira pela fresta da janela conferia ao ambiente algo de mágico e os olhos profundamente azuis traziam essa magia ao mundo real e assim ele pensou que não podia existir no mundo ser humano mais belo.
-Eu mesmo o levarei ao hospital mais tarde, após o almoço, não posso pensar em deixa-lo sozinho por lá, vamos conversar sobre as possibilidades do tratamento proposto.
Louis concordou, realmente se sentiu feliz com isso, a conversa seria complexa pois o Dr. Liam propôs um tratamento ainda em fase de testes que consistia em células troncos e que podia com a dose certa e a medida exata de sorte lhe fazer andar novamente, mesmo sendo uma pequena esperança era alguma coisa e ele se sentia muito feliz com a proposta.
-Vou me esforçar hoje na fisioterapia e prometo ser paciente com a consulta ao psicólogo. Disse muito seriamente o que fez Harry roubar dele mais uma dúzia de pequenos beijos estalados e doces antes de finalmente sair para trabalhar.
Louis o observava sair quando um flash de lembranças irrompeu em sua mente sempre tão suave, nestas ele via uma mulher bonita com um sorriso grande a fazer um bolo perto de uma pia de mármore, ele via sua pequena irmã sentada em uma cadeira de bebê, certamente ainda muito novinha e sentia a alegria rara de ser parte de algo que a muito havia esquecido, mas a lembrança fugiu como veio, uma luz rara na escuridão ao redor e no final tudo se apagou como mágica.
Antes que pudesse realmente compreender o seu fisioterapeuta chegou e ele guardou isso para mais tarde, sentindo no entanto um fio de esperanças brotar.
Apesar de imaginar que o dia seria cansativo tudo correu de forma diferente após as lembranças que vivenciou, sua energia se renovou e ele conseguiu finalmente realizar seus exercícios sem tanto sofrimento, a consulta ao psicólogo foi produtiva e ele sorriu ao ouvir que era um bom sinal o que vivenciou mais cedo, após o almoço Harry já o condizia para o carro quando novamente ele viu uma série de imagens em sua cabeça, um monte de papeis no chão, giz de cera, lápis de cor e sua irmã brincando, ele estava ali, podia sentir...E tudo passou novamente.
-Louis? Querido?
-Aconteceu de novo, eu vi minha casa! Ou a sala onde eu e Sofia brincávamos de desenhar.
Harry sorriu, eles rumaram ao hospital conversando amenidades, uma vez lá dentro logo foram atendidos pelo Dr. Liam que estava muito animado, como um adolescente ao ganhar um presente.
-Os exames indicam uma melhora incrível! Não será necessário algo tão invasivo como o imaginado, suas chances são muito boas Louis.
Após isso o caminho de volta foi cheio de sorrisos, o futuro parecia brilhar em sua frente, tanto Louis como Harry se sentiam bem.
Porém seguindo o carro vinha um velho Mustang detonado, nada suspeito, a não ser pelo motorista que era muito parecido com Louis...
-Liam acha que voltarei a andar no final da primavera, isso significa que poderei andar até o altar no templo para agradecer.
Harry sorriu, era um pensamento lindo, ele mesmo nunca foi a um templo budista e nem mesmo sabia o que esperar de um local destes, mas claramente faria tudo que Louis pedisse.
-Sei onde tem um templo bonito.
Um carro os cortou na estrada, ainda estava claro, era por volta das seis da tarde, era um velho Mustang verde todo detonado, mal rodando, mas mesmo assim foi uma passagem perigosa.
-Idiota, ele dirige como um louco.
Louis estava pálido, ao olhar para o carro que os cortou e passou do seu lado viu seu próprio reflexo no bando do motorista, num relance, mas estava lá.
-Hazz...Eu vi um homem muito parecido comigo no carro, podia jurar que me via num espelho e estou assustado com isso.
Harry acelerou, ele teve uma pressentimento muito ruim neste exato momento, sua avô e Sofia estavam em casa, havia empregados é claro, mas eram empregados domésticos, ele não pensou em colocar seguranças no local.
-Segure-se baby.
Louis apertou o cinto de segurança e o carro esporte correu loucamente pela estrada deserta, mesmo assim a cada curva nada viam, o carro velho e aparentemente caindo aos pedaços sumiu da face da terra.
-Era Edgar, só pode ter sido ele.
Louis viu um flash de uma lembrança que o apavorou tremendamente...Ele viu uma faca na mão de um homem igual a ele, viu a faca descer em sua direção e depois viu uma mulher cair ao seus pés.
-Harry!! Eu me lembrei!! Ohh deuses, eu sei agora!!
-Edgar tentou me matar e acabou ferindo minha mãe!!
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Doce criatura.
FanfictionAs aparências enganam e podem ter consequências cruéis e devastadoras caso a verdade não venha a tona antes que o mal realmente tome conta de uma vida inocente. Harry recebe um telefonema do único hospital da cidade, ele mora em uma propriedade rura...