"Louis...Hey! Olhe para mim!! Sou a princesinha Sophia!!"
A risada cristalina ecoou na memória dentro de um sonho e os olhos se encheram de lágrimas.
-Ahhh volte!! Gritou Edgar sentando na cama e levando a mão direita ao encontro da imagem que sumia em sua mente confusa.
Harry parou onde estava e ficou olhando para o jovenzinho sentado na cama com lágrimas nos olhos, por um momento quase correu para ele, o abraçou e afagou como fazia antes, ele o amou tão profundamente que ainda sentia dor. Mas lógico que era apenas mais uma encenação, um ótimo ator, tão bom que mesmo os médicos sucumbiram, uma equipe inteira com a mesma intenção idiota de proteger este menino lindo, cruel e insensível, mas eles não o conheciam como ele conhecia.
-Quem é Louis? Um dos seus amantes?
Edgar piscou aturdido, esse tinha sido um dos sonhos mais reais que teve desde de que acordou neste maldito hospital, tão real que sentia saudades por dentro.
-Louis? Não sei...Havia uma Sophia no meu sonho e ela me chamava, acho que eu era Louis, mas não sei ao certo. Não reconheço nenhum dos dois nomes.
Harry suspirou irritado, uma garota? Nunca soube que Edgar gostasse de meninas, não que fosse impossível, ele mesmo já havia namorado mais de uma garota em sua vida, infelizmente após Edgar ninguém lhe satisfazia, era um inferno completo.
-Também teve uma namorada? Sulista?
Edgar se acomodou e passou os dedos sobre a calça de pijama que usava, podia sentir os dedos tocando as pernas, sentia o toque mas não conseguia move-las nem mesmo um centímetro, isso era tão frustante!!
-Não sei, eu não sei de nada...Nem de Louis ou de Sophia. Mas ele escondeu que compreendia que esse nome era de uma criança.
Harry puxou uma cadeira de rodas preta e a colocou ao lado da cama, sem nenhum aviso passou as mãos por baixo dos joelhos do rapaz e o colocou na cadeira de rodas ajeitando seus pés no descanso.
-Sua alta saiu, vamos para casa, mandei levar suas coisas antigas para o quarto perto da escada, ele tem uma janela grande e é espaçoso, nem mesmo se compara a nosso quarto antigo, mas não deve se lembrar de nada dele mesmo...Enfim, suas roupas e sapatos ainda estão todos lá, certamente fora de moda, mas não vou me esforçar para repagina-los. E dizendo isso Harry esperou por um ataque de raiva da parte do menino que o olhava sem entender nada, mas por fim ele suspirou.
-Se fosse a um ano teria gritado e jogado tudo que está em volta em cima da minha cabeça depois do que eu disse.
Edgar abaixou a cabeça, sentia cada vez mais que odiava quem foi um dia.
-Desculpe...
Harry parou a cadeira de rodas antes de chegar a porta.
-O que disse?
Edgar repetiu.
-Desculpe por todo mal que eu lhe causei, sei que não tem como remediar e que eu não me lembro, mas me desculpe.
Harry tossiu, sua mão tremeu, mas ele se firmou em segundos, sentiria apenas raiva, nada mais que isso, toda essa encenação de doçura era mentirosa e perniciosa, uma armadilha bem camuflada em palavras macias e olhos azuis.
-Liam disse que estar em casa pode avivar sua memória e talvez se lembre de algo, nosso acordo ainda está valendo, se me contar onde escondeu as jóias posso até mesmo retirar as queixas, isso vai depender de você.
Edgar olhava o corredor comprido e frio por onde passavam, não se lembrava, nem mesmo de seu nome que era tão estranho na boca dos outros como na sua mesma.
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Doce criatura.
FanfictionAs aparências enganam e podem ter consequências cruéis e devastadoras caso a verdade não venha a tona antes que o mal realmente tome conta de uma vida inocente. Harry recebe um telefonema do único hospital da cidade, ele mora em uma propriedade rura...