S03082020

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O vento frio que batia no rosto dela lhe parecia agradável. A rua não tinha movimento mas, ao longe, o zumbido dos carros que passavam pela principal era audível, carregado pela brisa outonal.

Em sua cadeira de balanço, a garota posicionou o ukulele entre as pernas e testou alguns acordes. O instrumento lhe parecia afinado, e ela desbloqueou o celular em busca de canções que pudesse tocar para o pôr do sol.

Com o aparelho apoiado na coxa direita, ela seguiu os acordes, tocando uma música que gostava muito. Essa hora era sempre um pouco mágica, então ela preferia escolher um repertório que fosse apropriado.

As cordas abafavam o barulho da principal, a não ser por uma buzina ou outra, e tudo que a garota se concentrava era a música que preenchia seus ouvidos.

E assim ela ficou por algumas horas. Quase podia jurar que os passarinhos já a conheciam, pois os ouvia cantar no embalo de seu ukulele, mas a irmã a lembraria que estava louca.

Tudo bem, ela gostava assim.

Os pássaros e seu ukulele formaram o comitê de boas-vindas da noite, se despedindo do brilho dourado no qual o sol antes os banhara. O vento frio ficara mais frio, e as senhorinhas da rua começaram a se juntar na casa da frente.

A garota desejou uma boa noite para as senhoras e entrou. Amanhã voltaria para se despedir do sol e receber a lua novamente.

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