Ela ficou encarando seu próprio reflexo na tela desligada do computador. Sua expressão mostrava um leve desespero enquanto o aparelho se recusava a ligar, e ela não sabia se chorava ou ria de nervoso.
A pilha de livros ao seu lado mostrava toda a matéria que os professores tinham vomitado nos alunos, ela inclusa, e só a deixava mais nervosa ainda com a possibilidade de não conseguir estudar todo o assunto para a prova, que era em três dias.
E ainda lhe parecia que a máquina à sua frente não queria colaborar.
Ela bateu a cabeça no tampo da mesa, irritada e ansiosa. E se não conseguisse revisar? E se o computador tivesse quebrado? E se fosse mal na prova? E se ficasse com média baixa? E se reprovasse a matéria? E se fosse para a final? E se repetisse o ano? E se ficasse presa na escola para sempre? E se nunca se formasse em nada? E se ficasse desempregada? E se fosse um fracasso na vida? E se morresse antes dos vinte e sem nenhum diploma??
Todas essas perguntas escalaram em questão de segundos e lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da garota. Ela tentou fazer parar, mas não conseguia. Estava tremendo e soluçando quando finalmente, pelo canto do olho, viu a mesa se iluminar com uma luz azul.
Levantou a cabeça para ver que o computador estava iniciando. Com um suspiro aliviado, enxugou as lágrimas e sacudiu a cabeça. Tudo bem, talvez ela não morresse antes dos vinte.
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Porcelana
Короткий рассказS31072020 "Desse jeito, não tinha quem viesse ao mercado mesmo..."