S10102020

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A janela redonda dava de frente para o campo florido e para o riachinho que passava atrás da casa.

De certa forma, era mágico. Ver as árvores ao longe, as flores coloridas logo abaixo, o céu azul e o riacho que brilhava, refletindo a luz do sol. Parecia uma cena tirada de filme.

A janelinha redonda era o toque final. Ali do sótão da casa, ficava tudo com um quê de fantasia, como um livro de páginas amarelas que tinha gravuras, mas que ficara muito tempo escondido. Era uma paisagem intocada pela violência e ferocidade humana.

Se pudesse não ter que sair de lá nunca, não sairia, mas a vida não se ganhava sozinha, então precisava ir. Deixar coisas para trás, mesmo que por pouco tempo, não era uma sensação legal, mas algumas coisas precisam ir para que outras possam entrar.

E a paisagem mágica precisava ir por agora. Voltaria para ela logo, mas sentiria falta dela enquanto estivesse longe. Mesmo que por algumas horas.

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