S12122020

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As vezes, as coisas aconteciam assim. Em um dia, estava tudo bem, nada fora do normal, todo mundo vivendo como deveria viver.

E então, no dia seguinte, a notícia se espalha. As pessoas choram, algumas simpatizam, e outras se arrependem. Se arrependem pelo que foi dito e não pôde ser desfeito, pelo que não foi dito mas deveria ter sido, pela distância e pelo tempo perdido.

Algumas pessoas se lamentam. "Ah, mas se foi tão cedo!". Outras, temem. "Quando vai ser a minha vez?"

No meio de tanto sentimento, é difícil se recompor. É difícil dar um passo na frente do outro, levantar a cabeça e continuar. É difícil não ceder à tentação de se deixar levar pela correnteza de sentimentos.

Mas a maioria das pessoas que se vão esperam que, quem quer que fique, resista à isso. A maioria das pessoas que se vão querem ver os que ficaram sendo felizes. Lamentar, sim. Prestar homenagem, sim. Mas parar a própria vida só geraria mais arrependimento.

É complicado. É quase como se houvesse uma canção no ar, um coro de vozes, e subitamente uma delas se cala, mas não porque precisa descansar, e sim porque o maestro decidiu sem consultar o coral. Não parece certo. Faz falta. Não parece justo. Mas aconteceu.

O problema é... como continuar ouvindo o coral com uma voz a menos?

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