T08092020

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O muro se erguia, imponente, ao seu redor. Ele olhou em volta, e em todas as direções só enxergava muro. Concreto. Parede.

Não ia adiantar correr, e ele sabia disso, mas mesmo assim tentou. Correu por todo o curto perímetro que tinha disponível e terminou, ofegante, no mesmo lugar.

Ele já tinha jogado pedra atrás de pedra nesse muro, e nada acontecia. Se frustrara tentando buscar uma saída, tentando descobrir como era a vida lá fora. Do lado de dentro, não sentia nada. Nem fome e nem sede, mas também não sentia alegria nem realização. Nenhuma sensação de tristeza, mas nenhuma de conquista também.

Tinha vivido por um bom tempo sem precisar de nada disso, mas ultimamente escutara uma algazarra depois dos muros, e tinha visto fogos de artifício também. Ele queria ver, queria sentir alguma coisa, qualquer coisa.

Sabia que não podia culpar ninguém pelos seus muros pois ele mesmo os tinha posto lá, com aquela paranóia de "proteção". Agora não sabia mais como derrubá-los.

Ele só queria ser capaz de sentir de novo...

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