Se uma agulha caísse no chão daria para ouvir. Todos os presentes se encararam, um silêncio quase funerário instaurado na sala. Os corações todos acelerados, suor escorria da testa da moça na cabeceira da mesa enquanto todos olhavam para o garoto de boné no canto. Ele parecia bastante aflito, as duas mãos muito apertadas, olhos fechados.
Com um suspiro, sacudiu as mãos e jogou os dados à mesa.
Todos acompanharam o movimento das coisinhas pelo tampo, dedos cruzados e ansiedade a mil. Finalmente eles pararam, com suas faces voltadas para cima somando vinte.
O silêncio se quebrou em gritos, suspiros aliviados e um choramingo de felicidade por parte do garoto de boné. A moça na cabeceira da mesa sorriu largamente e assentiu para ele, podendo finalmente voltar a narrar a história deles.
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Porcelana
Short StoryS31072020 "Desse jeito, não tinha quem viesse ao mercado mesmo..."
