Na sala era possível de se escutar a doce melodia do piano de calda. A cada nota era uma parte do seu coração que era quebrada. Ele não sentia mais nada, não tinha mais vida. Ela era sua vida.
Ele percebia a chuva cair do lado de fora, deixando o clima cada vez mais melancólico. Quando a música chegou ao final, apenas fechara o piano, se apoiando no mesmo com as mãos na cabeça, soltando o pesado suspiro. Olhava aos aredores vendo o cômodo totalmente vazio, sentido-se sozinho novamente. Quando seu olhar chegou na velha sala de jantar se deparou com seus varios coelhos feito de papel, e o mais especial para o senhor. Sob a janela se via um coelho de duas cores, elas sendo amarelo e azul, feito de papel. Ele sabia que seria impossível esquece-la afinal havia um pouco dela em cada canto sa casa.Ele encarava o obsoleto guarda-chuva azul – já bem desbotado – apoiado no corrimão da velha escadaria de sua casa. De frente a porta e com a sombrinha em mãos, ele se encontrava, repensando a sua ideia sobre o que iria fazer era certo. E por fim, tomara coragem girando a maçaneta vendo a porta a sua frente abrir aos poucos, liberando um cenário feio, com o céu nublado e a chuva fina caindo. Abrindo o guarda-chuva, ele enfim saia da casa ao encontro dela, havia tanto tempo que ele não conseguia vê-la, porém ele sentia que precisava. O barulho do mar batendo nas pedras era como música para seus ouvidos.
A velha montanha do farol. Um ótimo lugar para se aposentar, não era? Eles pensaram nisso. Ali foi o lugar mais importante na vida dos dois, eles queriam apenas eternizar o lindo amor construído por anos, e aquele foi o melhor lugar imaginado. Nada melhor do que eternizar onde tudo começou, pelo menos era o que ela sempre pensava, mas mal ele sabia sobre a verdade.
– Olá Anya. – Disse fraco. – Sou eu de novo.
[. . .]
– Onde estamos? – Perguntou o doutor.
– Neil, continuamos no farol.
– Quando se trata de chuva caindo "em mim" é melhor do que "sobre mim". – Watts reclamava vendo as gotas de chuva atingirem seu cliente na lembrança.
– Eu não tenho preferência. – Dizia Rosalene, enquanto observava tudo ao seu redor. – Parece que o pulo de memória só cobriu um curto período. Não foi tão longe quanto eu imaginei que estariamos. Precisamos encontrar uma recordação que salte mais, ou demoraremos uma eternidade.
– Ah, aproveita para curtir o cenário. – Respondeu tranquilamente. – Tenho certeza que não veremos um tão belo quanto esse em outro trabalho.
"Em memória de Heyoon J. Beauchamp."
– Creio que era sua esposa. – Comentava Neil, olhando a lápide.
– Acredito que sim. – Confirmou Eva.
– Eww. Que criaturinha horrenda. – Disse ao observar um velho ornitorrinco de pelúcia próximo ao senhor. – Sinceramente, acho que este animal não tem o direito de existir.
– O mundo não é grande o bastante para dois de você. – Eva dizia zombando do colega que a encarava irritado.
Os dois seguiam ao grande farol que ficava na ponta da montanha. Enquanto Neil se preparava para subir as escadas, A Dr. Rosalene dava uma olhada no local, conferindo se não haviam deixado nada para trás.
– Ficou pronta, Yoon. – Disse o senhor, fazendo com que Eva se assustasse, logo percebendo que havia acionado a memória. – Assim como você, poderei cuidar dela todos os dias. Ela não ficará mais sozinha. – Disse, fazendo com que a moça prestasse cada vez mais atenção no tal diálogo. – Talvez eu nunca compreenda o porquê dele, mas mantive-me fiel ao seu desejo. Anya também está agradecida, certamente. Mas quando eu morrer, quem vai cuidar da gente? – Disse por fim soltando o ar que tanto segurava, enquanto as lagrimas quentes rolavam pelo seu rosto.
– ... Quem é você? – Perguntava quando a doutora ativava a interação.
– Meu nome ê Eva... Só estava de passagem. – Disse meio nervosa. – Ela era sua esposa?
– Sim, ela se chamava Heyoon.
– É um nome muito bonito. – Disse com um sorriso melancólico.
– Não precisava ter acontecido assim. – Disse com a voz trêmula.
– Hum?
– Ela... Ela não precisava ter feito o que fez. Mas ela... – Suspirou pesadamente. – Você não entenderia... Nem mesmo eu entendo.
A memória logo chegou ao seu fim, fazendo com que a doutora voltasse ao farol derrotada por não conseguir saber a história por completo. Subia as escadarias velhas do antigo farol, ouvindo-as rangerem a cada passo que dava.
Anotação: Anya adicionada
Por fim ela subia o último degrau encontrando seu companheiro de trabalho sentado em uma velha caixa que possuía dentro do farol.
– Já não era sem tempo. Pensei que tinha caído do penhasco. – Zombou da moça. – O que estava fazendo?
– Curtindo o cenário,o que mais? – Devolveu a piadinha que o garoto havia feito mais cedo. – E você, teve sorte por aqui?
– Grande sorte. Imensa. Dinossáuristica! – Respondeu fazendo sua companheira soltar uma leve risada.
– Hum, esse lugar me parece bem vazio.
– É um farol, o quê você esperava? – Disse seguindo até o proximo intem de travessia. – De todo modo, te vejo do outro lado. Divirta-se quebrando a barreira por conta própria. – Disse acionando a memória e desaparecendo de sua frente.
Eva andava pelo farol, a procura dos conectores de memória que faltavam. Acabara encontrando um conector em uma lâmpada do farol quebrada, que ativara uma nova memória do vosso paciente.
Ele estava sentado, observando a vista. Era um dia lindo e ensolarado, um dia que todos amam. Mas ele sentia que nem o dia mais feliz da terra traria a sua alegria de volta. Ele suspirava, olhando o mar, e logo em seguida encarando o coelho de papel, em sua mão.
Após já ter em mãos todos os conectores necessários, Eva começava a preparar a lembrança para a travessia de memória, esperando para que fossem levados para uma recordação mais distante.
"Recordação ativada para a travessia de memória."
– E lá vamos nós, de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
To The Moon|•Heyosh•
RomanceHeyosh+| "Eles conseguem ver todos os outros faróis de onde estão, e querem falar com eles. Mas não conseguem, porque estão distantes demais para escutar o que estão falando. E só o que podem fazer... é brilhar suas luzes á distância. E é isso que e...