Inevitável

5 - DOMINIC

Meu pai, homem que eu era completamente apaixonado e devoto, estava me apresentando a mulher que eu mais desejava na vida. Ele também se apaixonou e de verdade, não dava para julgá-lo, Isabel é tudo o que um homem pode querer como mulher.

O meu mundo desabou, eu sabia que meu pai estava verdadeiramente amando, ele jamais me apresentaria para uma mulher que ele não tivesse em um relacionamento sério. Ele havia me prometido que só se casaria novamente se realmente estivesse amando, e eu vivenciei todo o luto que ele passou pela minha mãe, meu pai não era leviano, ele casaria com a Isabel e eu perderia todas as minhas “chances” de conquistá-la. Não dava mais pra me imaginar invadindo o estúdio para pedi-la em casamento. Meu pai havia vencido essa batalha, mesmo sem saber.

Eu não tinha reação, fiquei mudo vendo a cena se desenrolar na minha frente. Sou capaz de jurar que ela me achou um idiota naquela noite, eu estava estarrecido. E eu não lutei por ela, não poderia fazer isso com o meu pai.

“Se você a amasse de verdade, teria lutado por ela” — Eu jamais tiraria a chance do meu pai de ser feliz novamente por uma paixão minha. Eu vi o meu pai se desfazer quando a minha mãe morreu e levar oito anos para voltar a sorrir por causa da Isabel. Ela era a causadora daquele sorriso no meu velho, eu não seria egoísta a esse ponto.

Eu deixei as coisas acontecerem, eu nunca contei ao meu pai sobre o que sentia por ela, eu não me insinuei ou lutei por ela e muito menos me opus ao casamento e todas as consequências que ele traria. Meses se passaram, eles casaram e ela se mudou pra nossa casa. E as coisas seguiram. Era minha madrasta, mas não podia levar a fama que esse título sempre carregou, nunca me tratou mal, nunca quis trocar as coisas da minha mãe de lugar na nossa casa, nunca quis substituí-la e a cada atitude boa que ela tinha com o meu pai ou comigo me fazia sentir um lixo, por que eu não deixei de amá-la nenhum segundo.