Eu sou bonito, gostoso, boa pinta, milionário, inteligente e como vocês podem ver modesto. Não adianta, eu não vou falar que eu sou feio, até por que é mentira e eu odeio mentira, nada me tira mais do sério nessa vida. Na verdade, tem sim, algo que me tira do sério. Algo não, alguém! Isabel Villar Bittencourt, a dona dos meus pensamentos e do meu tão disputado pau.
Eu tenho certeza que quando você leu a sinopse desse livro, você me imaginou como um pervertido mimado que só queria brincar com o coração da madrasta. Eu não vou negar que tenho um pouco de perversão correndo nas minhas veias, mas acredite, eu jamais seduzi, me declarei ou transpareci o meu desejo desenfreado pela Isabel quando meu pai estava vivo e eles eram um casal perfeito, que fique bem claro.
E se for o contrário, e você imaginou que ela era a pervertida que deu em cima do pai e do filho, tire isso imediatamente da sua cabeça. Isabel é a mulher mais correta, elegante, educada, fina, cheirosa, bonita, gostosa que eu já vi em toda a minha vida. E acostume-se, eu geralmente divago quando começo a falar dela. Não tem jeito, ela me fisgou no primeiro olhar, eu não acreditava em amor à primeira vista, mas quando eu botei meus olhos nela eu jurei que ela seria só minha, mesmo que tenha sido através da tela de uma televisão.
"E ainda diz que não é pervertido" — Calma, entenda, quando eu a conheci, não sabia que ela era a pretendente que meu pai me apresentaria. E eu como adolescente cheio de hormônios que era eu só pensava em foder, não me julgue na minha apresentação, por favor.
Eu era um jovem de 18 anos quando a vi pela primeira vez, meu pai havia sido convidado para dar uma entrevista na televisão e me encheu a paciência para assistir, ele estava encantando e feliz com a entrevista, eu achava que era por causa da repercussão que ela traria para a Conti, nossa empresa, mas eu estava terrivelmente enganado. Ele tinha se apaixonado pela apresentadora do programa e quando eu a vi na televisão eu o entendi completamente.
Minha mãe, dona Laura, faleceu quando eu tinha dez anos de idade em um atentado que sofremos. Meu pai trabalhou muito e criou um império de joalherias e minas de pedras preciosas, então minha infância sempre foi cercada de seguranças, perigos e ameaças de sequestro para extorquir o dinheiro da família. E apesar dos esforços em segurança que meu pai sempre nos submeteu, numa noite, voltando de um jantar beneficente que minha mãe amava organizar, caímos em uma emboscada e capotamos na estrada. Minha mãe morreu na hora e eu fraturei a perna direita, meu pai estava viajando e voltou enlouquecido e destroçado para o Brasil para cuidar de mim e enterrar dignamente a minha mãe.
Ele sempre se sentiu culpado pelo que houve, nunca assumiu isso a ninguém, mas eu conhecia o pai que tinha. Depois da morte da minha mãe ele se fechou para vida e eu só o via sorrindo quando eu estava presente ou quando era algo relacionado a minha mãe. Até que em um belo dia, meu pai voltou a sorrir. Tudo aconteceu depois de uma entrevista na televisão, acredite. Meu pai, a pessoa mais reservada que eu conhecia, teve que dar uma entrevista a uma grande apresentadora, já que seus negócios estavam em evidência e todas as pessoas influentes desse país sentavam no sofá dela para falar sobre os mais variados temas.
Eu nunca fui ligado em televisão, eu sempre preferi os meus videogames e o programa que ela apresentava era sério demais para jovens como eu assistirem. Isabel Villar, uma deusa em forma de mulher.
Eu já havia visto? Sim. Já tinha prestado atenção nela? De jeito nenhum.
No dia da entrevista eu me obriguei a assistir, já que meu pai só falava da gravação que tinha feito, estava sorridente demais, animado demais e eu devia ter desconfiado que toda aquela alegria tinha nome, olhos e sorriso perfeitos e o corpo mais enlouquecedor que eu já tinha posto os meus olhos.
Eu simplesmente pirei nela, não ouvi uma palavra da entrevista, mas hoje, depois de 15 anos eu sou capaz de descrever cada peça de roupa que ela usava, bonita demais, inteligente demais, eu tive vontade de invadir a tela da minha televisão e agarrá-la e nunca mais deixar ninguém chegar perto dela. O meu macho alfa interno gritava: MINHA. Daquele dia em diante, eu parava tudo o que estava fazendo para assistir a minha deusa e sonhava todas as noites que eu ia ao programa e a pedia em casamento.
"É muito machismo e hormônio dentro de uma pessoa só" — Você está totalmente certa, eu estava descontrolado, mas eu só percebo isso hoje, naquela época eu estava apenas cheio de hormônios mesmo e sem nada na cabeça. Quer dizer, ela estava na minha cabeça, Isabel me perseguia, se entranhou na minha mente. E eu tinha certeza que enquanto ela não fosse minha, esse fogo não apagaria.

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Inevitável
RomanceEla não foi uma madrasta malvada e ele não foi um enteado presente. A tensão sexual de ambos venceu o tempo e a distância! E agora não há nenhum impedimento, muito pelo contrário, o destino parece dar um empurrãozinho quando eles se vêem trancados n...