18 - ISABEL

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Eu não sei o que me deu, quando vi, eu e Dom já estávamos atracados como dois famintos. Eu não queria pensar, eu só queria beijar aquela boca gostosa dele, senti-lo por todo o meu corpo e matar um pouco desse tesão todo.

Ele parecia um polvo, suas mãos estavam por todo o meu corpo e eu não me fiz de rogada, me esbaldei naquele corpão mesmo, fazia mais de um ano que eu tinha vontade de apertá-lo inteiro, ele me tirava o ar, literalmente, achei que ia morrer sem oxigênio, mas não queria acabar aquele beijo tão cedo. Eu nunca tinha sido beijada assim, com tanto fogo, tanta vontade. Quando ele começou a espalhar beijos pelo meu queixo e chegou ao meu pescoço eu senti minhas pernas falharem, ainda bem que ele me sustentou.

É o meu ponto fraco, ele é o meu fraco, e mesmo querendo tudo isso e muito mais, eu estou morrendo de medo. Medo de ser rejeitada por ele, medo de ser só um joguinho, esse safado me encheu de tesão e mesmo sabendo que ele está tão sedento quanto eu, o depois me assusta demais.

Não sei a quanto tempo estamos aqui, abraçados, comigo mexendo em seus cabelos, ele mordendo o meu pescoço e me deixando chupões, por que tenho certeza que marcada eu ficaria. No corpo, na alma e, principalmente, na minha mente. A única coisa que se passa na minha cabeça agora é que eu vou aproveitar, o que ele tiver para me dar, não vou criar expectativas de viver um grande amor, eu vou simplesmente deixar acontecer.

Meus pensamentos são interrompidos pelo som de uma chamada no computador dele. Nos afastamos contra a nossa vontade, eu tentando arrumar a bagunça que virei e ele com um bico contrariado nos lábios, tentei controlar a vontade de beijá-lo de novo, e prendi meu lábio inferior com os dentes, e isso pareceu despertá-lo novamente. Voltando a me abraçar, levando uma mão aos meus lábios.

— Eu preciso ver quem é, então, por favor, não faça isso Isabel...

— Isso o que Dom? — Eu disse encarando sua boca, essa barba dele me deixa acesa

— Não me provoque!

Eu dei uma risada e me soltei de seus braços.

— Atenda a chamada, eu vou preparar o nosso almoço. Te espero na cozinha, gostoso!

— Ok, chego lá em 2 minutos, gostosa!

Fui caminhando de costas em direção a saída da biblioteca, sem conseguir deixar de encará-lo, tão bonito.

— Ah, e se for a assanhada da sua secretária, já sabe né?!

Ouvir a gargalhada dele com o comentário me fez rir também. Quando eu cheguei na cozinha, pude enfim soltar o ar que, involuntariamente, eu prendia. O que eu fiz, meu Deus? Eu beijei o meu ex-enteado e quero beijá-lo muito mais.

Cesso os meus pensamentos enquanto coloco uma lasanha no forno, eu odeio comida congelada, mas não tive cabeça para pensar em comida nessa manhã então, como diria a Mônica, é o que tem pra hoje! Arrumo a mesa e aguardo os minutos que faltam para a lasanha ficar pronta, e para que os meus sentimentos se acalmem. Desde a minha conversa com a Mônica, eu demorei a tomar coragem, tentei ser sutil, não conseguiria me jogar em cima dele assim, sem mais nem menos.

Me enfurnei na biblioteca sem o motivo algum, disse que estava trabalhando, mas passei grande parte do tempo navegando em sites de notícias, lendo curiosidades, jogando paciência, tudo isso para observá-lo, para estar perto dele. Ok, soa psicótico, mas era uma desculpa, eu não sou assim tão atirada, e de verdade, mesmo com tudo isso que acabou de acontecer entre nós, eu não sei como entender o que está acontecendo.

Eu tenho sentimentos por ele? Tenho, não me pergunte ainda quais são, mas eu tenho. Eu resisto a ele? Não mesmo. Terei coragem de levar isso a diante? Depois do beijo que ele me deu, eu ganhei uma coragem que vocês não fazem ideia. Que calor! Desculpa, divaguei. Eu quero tudo o que ele me der, sem neuras, eu preciso me controlar, essa cena de ciúmes que eu acabei de armar são gatilhos, eu não consigo me segurar. Ouvir a sonsa da secretária dele o chamando de Dom, me tirou do sério. Eu nunca fui ciumenta assim, eu nunca fui possessiva e isso me assusta terrivelmente.

Teoricamente, eu teria que ter a cabeça no lugar, eu sou quase vinte anos mais velha que ele, e cada vez que eu lembro disso eu sinto meu coração afundar um pouco dentro do peito. Eu sou uma pessoa pública, eu não posso não pensar em coisas desse tipo na minha vida. Mas ao mesmo tempo, se ele quiser eu enfrento cada comentário maldoso, cada olhada crítica, cada momento ruim. Somos independentes e mesmo que isso me dê algumas dores de cabeça, sei que vai valer a pena.

“Mas você não disse que não ia criar expectativas?” — E não vou. Mas se ele me disser que quer realmente tentar, você acha que eu vou falar não? Não conte com isso! Eu só não o pressionarei e nem direi nada sobre os meus sentimentos antes que ele diga. Caso eu esteja enganada, e para ele seja só diversão, eu guardo meus sentimentos numa caixinha e sigo a minha vida, com a consciência tranquila, de que fiz o que tive vontade, quando e com quem eu tive desejo.

— Todo o meu dinheiro, pelos seus pensamentos... — Ouço a voz de Dom na porta da cozinha e saio dos meus devaneios, com um sorriso tímido no rosto.

— Não brinque com isso, posso ficar mais rica do que eu já sou e você com uma história nada interessante e ainda por cima, pobre.

Sua gargalhada me tira o ar, e pasmem, eu coro. Eu coro como uma adolescente quando o vejo vindo em minha direção como um predador selvagem, lindo de morrer!

— Se não quer dizer o que estava pensando, ok, só não quero que pense que o beijo que demos foi imprudente, ou errado, ou qualquer coisa desse tipo! — Prendo a respiração quando ele me encurrala junto a pia — Eu espero por esse beijo a tempo demais!

— O que estamos fazendo Dominic? — suspiro — Seja sincero comigo, por favor, senão eu juro que vou enlouquecer... Sem jogos!

— Não tem jogo nenhum Isabel, você é tudo o que eu sempre quis na vida! A mulher que eu sou apaixonado desde a primeira vez eu a vi na televisão. Eu sonho com você todos os dias, mesmo antes do meu pai nos apresentar naquele jantar. Eu sei que pode soar doentio, e eu quero te explicar tudo com calma e abrir meu coração pra você, mas não agora, não aqui com pressa.

A sinceridade que vejo em seus olhos é brutal, estou sem fala, paralisada e sem ação, quando ele toma as minhas mãos e completa.

— Janta comigo hoje? Eu te levaria para um restaurante, encheria ele de flores, mas a situação atual não permite, mesmo assim quero que seja especial... Me deixa cozinhar o nosso jantar hoje, me deixa te mostrar e contar tudo o que eu tenho pra te dizer a tantos anos, eu juro que serei o mais sincero possível e vou esclarecer todas as suas dúvidas! Por favor...

— Eu também tenho algumas coisas pra dizer... É claro que eu aceito, vejo sinceridade nos seus olhos e tudo o que eu mais quero é entender o que estamos fazendo Dom!

— Você não vai se arrepender, eu prometo! — Ele respira aliviado e faz um carinho perfeito no meu rosto — E mesmo que eu esteja louco pra te beijar de novo, precisamos mesmo almoçar, temos uma reunião de emergência agora a tarde e você precisará participar, é importante para a Conti.

Maneio com a cabeça em confirmação e o abraço, afundo o meu rosto em seu pescoço e inalo o seu cheiro que me acalma tanto. Sabe quando você sente que terá uma conversa decisiva? Então, sinto que esse jantar pode mudar os rumos das nossas vidas, e eu espero sinceramente que eu não esteja navegando nesse barco sozinha, eu preciso entender tudo isso que ele me disse. E tem conversas que não podem ser adiadas, essa que teremos, certamente é uma delas.

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