Você pode estar pensando que essa história vai ser um romance dramático e clichê do enteado que se apaixona pela madrasta, mas acredite, apesar desses elementos estarem em jogo, eu nunca pensei que passaria por isso. Eu sei, eu preciso te contar tudo o que eu vivi para que você entenda a minha situação e é claro que eu farei isso, mas eu já aviso logo, se você estivesse no meu lugar me entenderia perfeitamente, por que se tem uma coisa que eu descobri na minha vida é que tudo que o Dominic quer ele consegue.
Bom, eu não sou uma sofredora, já digo de uma vez, eu não sofri traumas na infância, muito pelo contrário, fui muito amada pelos meus pais e pela minha família. Sempre lutei por tudo o que eu quis. Tudo na minha vida foi conquistado, nunca ganhado.
Meu pai sempre disse que as coisas somente têm um gosto bom nas nossas vidas, quando são conquistadas por nós de maneira árdua, e é a mais pura verdade. Óbvio, que eu ganhava presentes, não é disso que se trata, eu falo em outro sentido, como a minha profissão, por exemplo, mas calma, eu vou chegar lá.
Eu hoje tenho 53 anos, e apesar da minha idade, eu não sou viciada em plásticas e muito menos quero ficar igual a uma boneca inflável toda esticada. É lógico que eu me cuido, tenho meus rituais de beleza, mas nada que envolva agulhas ou anestesias, até por que eu morro de medo delas, mas a minha profissão pede uma atenção maior em relação ao meu corpo e a minha beleza, e eu também amo me cuidar, só não sou complexada, sei que a idade tem suas consequências e isso não há plástica que resolva.
Eu só estou dizendo tudo isso, para que você entenda que quando eu decidi ser uma artista de televisão na minha adolescência, obviamente, fui desencorajada pelos meus pais.
"Nossa, mas seus pais eram tão preconceituosos assim Isabel?" — Nem tanto, mas eles morriam de medo do preconceito que eu certamente sofreria naquela época, onde todo mundo que trabalhava com televisão era visto como perdida, drogada ou puta. Era assim, e por mais mente aberta que meus pais fossem, era a realidade que o Brasil enfrentava naquele tempo. E digamos que eu nunca tive o corpinho de uma modelo, tô mais pro tipo gostosona sabe?! Coxa grossa, quadril largo, peitão e bundão, concorda que esse não é e nunca foi o biótipo das apresentadoras de televisão?
Minha família é descendente de mexicanos e meus avós vieram ao Brasil para tentar melhorar a qualidade de vida dos meus pais e foram felizes em seu propósito. Não tive uma infância de menina rica, mas vivíamos bem, sem apertos.
Eu decidi trabalhar na televisão, eu corri atrás dos meus sonhos, fiz testes e consegui, aos 20 anos de idade eu já trabalhava em uma grande emissora, na produção de um dos maiores produtos da emissora na época e aos poucos fui ganhando o meu espaço e um belo dia eu me vi estreando como apresentadora. De degrau a degrau, eu trabalhei muito para um dia ter um programa de entrevista só meu. E EU CONSEGUI! Foi o dia mais feliz da minha vida, minhas bochechas doíam de tanto que eu sorria.
Nem tudo foi fácil, eu tive minhas derrotas também, mas eu não sou mulher de me abater e deixar a peteca cair. Tudo o que eu quero, eu consigo!
Eu tive os meus romances, minhas aventuras, um ou dois namorados sérios, mas por mais que eu tentasse (e eu juro que tentei) a minha profissão sempre foi colocada em primeiro lugar. Eu lutei demais pra chegar onde eu cheguei, e por mais que eu saiba que amar é importante eu não abriria mão do que eu construí pra ficar caçando um marido. Eu me amava, amava a minha profissão, dei uma vida muito digna aos meus pais até os seus respectivos últimos dias de vida e eu era muito feliz assim. Até que um dia as coisas mudaram, a exatos 15 anos atrás, um furacão entrou na minha vida, e eu não estou falando do Otávio, meu falecido marido.
— Flashback On —
Era mais uma segunda-feira corrida e comum na minha vida, quando eu sai do meu apartamento para mais um dia normal de trabalho. Gravaria umas entrevistas e chamadas do meu programa e depois participaria de uma sessão de fotos comemorativa que já estava agendada a dias pela minha fiel escudeira e melhor amiga Mônica. Ela era a minha assessora e todos os dias salvava a minha vida encaixando os milhares de compromissos que a emissora agendava, muitas vezes sem falar comigo, na minha rotina. E a propósito, eu tenho um defeito, eu sou impontual, meu caso é grave! No meu trabalho eu até tento me policiar, mas na vida eu sou uma lástima, então a Mônica é praticamente a minha chefe, e não minha funcionária, ela faz a minha vida funcionar como deve!
— Bom dia raio de sol! — Tentei ser o mais alegre possível para agradá-la, eu ainda estava na sala de maquiagem e ela provavelmente já estava no estúdio me caçando loucamente.
— Não me venha com bajulação não minha filha, cadê a senhora que ainda não chegou no estúdio? — Olha aí, não te disse!
— Esse seu bom humor as segundas-feiras devia ser estudado Mônica! Eu já estou chegando meu amor, em 5 minutos eu saio aqui da maquiagem!
— Não tem o que estudar, trabalho pra você a tantos anos e você somente tem que se acostumar. Não vou mudar, odeio as segundas-feiras. Apressa essa maquiagem aí, o seu dia promete e se você atrasar no primeiro compromisso vai virar uma bola de neve.
— Eu também te amo meu amor! Chego aí quando você menos esperar, beijo!
Desliguei o telefone e sai correndo pro estúdio, a entrevista de hoje era com um empresário muito rico e conhecido. Ele tinha várias joalherias e minas de pedras preciosas e estava expandindo os seus negócios pelo mundo. Otávio Bittencourt acabará de encontrar em uma das suas minas, uma pedra extremamente rara e valiosa e topou dar uma exclusiva para a emissora que me incumbiu de entrevistá-lo.
Quando eu cheguei ao estúdio e fui apresentada ao Otávio, algo diferente aconteceu, eu não sei explicar, ele era um dos homens mais bonitos que eu já tinha colocado meus olhos, educado, inteligente, charmoso e uma voz que me deixou com as pernas bambas. Eu me apaixonei e senti, imediatamente, que me casaria com aquele homem. Eu o entrevistei com todo o profissionalismo que sempre tive, trocamos olhares e sem que eu percebesse, Otávio deu um jeito de pedir meu telefone a Mônica.
— Flashback Off —
Não era a primeira vez que isso acontecia, mas foi a primeira vez que eu adorei o gesto. O mês que transcorreu depois da entrevista foi de puro romance, eu me sentia uma adolescente quando falava com ele ao telefone, nos jantares que tivemos, ele não era um homem que queria o meu dinheiro, ou surfar na fama que eu tinha, era um homem vivido, viúvo e que estava querendo viver depois de ter sofrido muito com a partida da esposa.
Nos apaixonamos, e eu me tremi toda no dia que ele me disse que queria mesmo um relacionamento sério e que estava pensando me apresentar para o filho dele. Confesso que estava curiosa, ele falava demais do rapaz, dizia que Dominic era o orgulho da vida dele, assim como a Conti, a empresa que ele o pai fundaram. Eu queria tudo o que ele me prometia, eu confiava nele. Ele era o meu futuro.
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Inevitável
RomanceEla não foi uma madrasta malvada e ele não foi um enteado presente. A tensão sexual de ambos venceu o tempo e a distância! E agora não há nenhum impedimento, muito pelo contrário, o destino parece dar um empurrãozinho quando eles se vêem trancados n...