8 - ISABEL

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- Flashback On -

O dia estava nublado, eu não tive uma boa noite de sono e havia me atrasado mais do que o habitual. Mônica foi mais uma vez foi um anjo da guarda, remanejou meus compromissos e graças ao bom Deus eu não tive problemas maiores.

Apesar da manhã corrida que eu tive, tudo caminhava bem, eu já havia gravado várias entrevistas e estava presa a uma hora em reunião com a equipe criativa do programa. Eu os amava, mas essas reuniões tiravam a minha paciência, eu sempre acho que podia estar aproveitando essas horas em reunião para fazer outras mil coisas.

Debatíamos as pautas futuras e as novas tecnologias que a emissora estava testando quando Mônica, literalmente, invadiu a sala de reuniões dizendo que precisava de mim urgentemente. Ela praticamente me carregou pra uma das salas de reunião que estava vazia e soltou uma bomba na minha cabeça.

- Criatura de Deus, você não pode invadir as reuniões assim, ta maluca, por mais eu as odeie eu sei que são importantes e necessárias. Que bomba é essa que você tem pra me contar? - Eu parecia uma matraca descontrolada, mas estava aliviada por ter sido tirada da reunião.

- Se você me deixar falar, eu agradeço! - Monica me interrompeu nervosa, e completou - Isabel, eu preciso que você se sente e beba essa água todinha, minha querida!

- Aconteceu alguma coisa? Mônica, você ta me assustando! - Eu já estava em pânico!

- Aconteceu sim, e você vai precisar ser muito forte!

- Mônica, FALA LOGO!

- Foi o Otávio... Ele... - Não terminou a frase, me deixando ainda mais aflita.

- O que aconteceu com o meu marido? Ele ta bem?

- Eu não consigo pensar em outra forma de falar isso, então eu vou falar de uma vez! Isabel, acabaram de ligar do hospital, o Otávio infartou!

- O QUE? COMO ASSIM INFARTOU? EM QUE HOSPITAL ELE TÁ, EU TO INDO AGORA PRA LÁ... - Eu já estava desesperada, não via nada na minha frente, eu só queria correr para o hospital, queria ver o meu marido.

- ISABEL! - Mônica gritou e me segurou, eu já estava quase saindo pela porta - Se acalma pelo amor de Deus, eu não vou deixar você sair assim!

- Mônica eu preciso ir pro hospital agora, e ninguém vai me impedir!

- Eu não quero te impedir, eu vou com você, você não pode dirigir assim, você pode se acidentar pelo caminho! Vamos, eu te levo, mas por favor se acalma!

- Eu só vou me acalmar quando eu ver o meu marido, vamos logo Mônica!

Eu não sei qual das duas estava mais desesperada, mas eu mentalmente agradeci a minha assessora por estar dirigindo o meu carro, eu não faço ideia de como chegamos ao hospital, eu não sei nem como sai da emissora, eu não via nada na minha frente, eu só rezava e pedia a Deus pela saúde do Otávio.

Chegando a recepção, nos encaminharam para uma sala de espera e em seguida fomos interceptadas pelo médico que atendeu Otávio.

- A senhora é parente do seu Otávio? - Perguntou o jovem médico.

- Eu sou a esposa, essa é a minha assessora! Como está o Otávio? Eu posso vê-lo?

- Infelizmente a senhora não pode vê-lo ainda, eu preciso que a senhora se acalme, por favor, sente-se!

- Eu não quero me acalmar, eu quero ver o meu marido, mas que droga! Será que alguém pode me dizer o que é que ta acontecendo com ele?

- Isabel, pelo amor de Deus, deixa o doutor falar! - Mônica tentou me controlar, mas a minha vontade era sair batendo de porta em porta a procura de Otávio

- O senhor Otávio chegou ao pronto socorro de ambulância, ele passou mal durante uma reunião e foi trazido para esse hospital já inconsciente, nós tentamos todas as manobras possível, mas não obtivemos sucesso.

- Pera aí, o senhor ta me dizendo que o Otávio... o meu... o meu marido ta morto? - A pouca voz que eu tinha saiu depois do que pareceu uma eternidade, eu estava no meio de um pesadelo.

- Infelizmente o senhor Otávio faleceu, eu sinto muito!

Dito isso, ele teve mais uma paciente, por que eu desmaiei aos seus pés e aos pés de Mônica que estava tão chocada quanto eu. Era um pesadelo, o meu marido estava morto. É verdade, eu nunca quis me casar, mas o Otávio foi uma exceção na minha vida, eu o amo, eu sabia que casaria com ele assim que o vi no dia da entrevista que ele me deu. Ele mudou a minha vida para melhor, me deu dias e noites maravilhosas e agora simplesmente tinha me abandonado. Eu estava sozinha, de novo. Eu não sabia o que fazer!

Quando eu acordei estava numa maca do hospital, com Mônica ao meu lado falando ao telefone, ela só percebeu que eu acordei quando ouviu um soluço do meu choro desesperado. Eu não me imaginei nessa situação, eu preferia mil vezes ter morrido antes do Otávio. Eu sentia um vazio dentro de mim, como se alguém tivesse arrancado um pedaço do meu coração sem anestesia.

- Mônica, por favor, diz que é mentira, diz que conseguiram salvar o Otávio, pelo amor de Deus - Disse a ela em meio aos soluços de um choro que não tinha fim.

- Eu sei que é surreal demais pra acreditar que o seu amor partiu assim, de uma hora pra outra, mas é verdade minha querida, ele se foi!

- NÃOOOOO - eu gritei nos braços da minha amiga e só pedia a Deus pra que eu fosse com ele, eu só queria morrer. - Ai que dor, que dor meu Deus, o que que eu vou fazer da minha vida agora?!

- Você vai erguer a sua cabeça, você é uma das mulheres mais fortes que eu conheço! Tudo vai ficar bem Isabel, tenha fé... - Mônica me abraçava e tentando me consolar.

Naquele momento eu não tinha fé em nada, eu só tinha uma dor imensa e estava completamente perdida.

- Olha não se preocupe com nada, eu vou te ajudar em tudo e eu já liguei pro Dominic, ele já está a caminho do aeroporto para vir para o Brasil...

Eu não conseguia nem agradecer, as horas que seguiram foram terríveis, Mônica me levou pra minha casa e cuidou de tudo, a imprensa ficou sabendo e quando nos demos conta a porta da minha casa estava lotada de repórteres e fotógrafos, o telefone não parava de tocar, mas eu não estava ali, eu não ouvia nada, eu não via nada, até que amanheceu e ele chegou.

Dominic estava no Brasil outra vez.

- Flashback Off -

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