14 - ISABEL

16 2 0
                                    

“A pandemia se espalhou pelo mundo de forma rápida, descontrolada e infelizmente fatal. Por esse motivo, a decisão do governo do Estado do Rio de Janeiro foi a de implementar uma quarentena para evitar que o caos no sistema de saúde público, seja um dos principais fatores em relação as mortes dos pacientes com COVID-19. Por tanto, a partir de segunda-feira, pedimos a população que fique em casa! Os únicos serviços em funcionamento são os que chamamos de serviços essenciais. A princípio essa quarentena estará vigente por duas semanas e conforme as atualizações, informaremos a população sobre as medidas que serão tomadas no futuro. Caso não cumpram as recomendações que serão ditas de forma clara, as empresas, ou até mesmo os cidadãos serão multados, por estarem colocando em risco a vida do próximo. Boa noite!”

Ouvir esse recado no jornal mais importante da televisão brasileira, me fez pensar estar vivendo em um universo paralelo. O caos tomou conta do mundo nos últimos dias, e por trabalhar na televisão, eu sabia que as coisas estavam ruins e que ainda tendem a piorar, já que a população nunca leva coisas de tipo a sério, pois acha que isso nunca vai acontecer a alguém que está diretamente no seu convívio social.

Eu tinha várias entrevistas já gravadas, por que estava planejando tirar umas férias para descansar minha mente de umas coisas que estão me perturbando nos últimos dias. Ok, coisas não, no caso é alguém que está tirando o meu juízo e vocês já devem imaginar de quem se trata. Enfim, como eu ia dizendo, com essa frente de programas gravados eu estava tranquila em relação ao meu programa, a emissora nos reuniu hoje a tarde e dispensou grande parte da equipe, para que pudessem trabalhar de maneira remota.

Por ser um serviço considerado essencial, os cuidados seriam tomados com os funcionários que teriam que continuar a comparecer na televisão. Fui dispensada e minha equipe trabalharia, assim como eu, de maneira remota. Não sabíamos como tudo ia funcionar, mas a situação é nova para todos.

Assim que cheguei em casa, dispensei os poucos funcionários que cuidavam da mansão enquanto eu e Dominic trabalhávamos e lhes garanti que assim que o governo liberasse e fosse seguro todos voltariam as suas funções normais, além claro de que manteria seus respectivos salários. Assim que os dispensei, Dominic entrou pela porta parecendo exausto de mais um dia de trabalho.

— Nossa, você chegou cedo, e parece exausto, ta tudo bem? — Perguntei estranhando, raras vezes o vi chegar assim.

— Na verdade eu estou morrendo de dor de cabeça. Essa quarentena promete ser longa e nada fácil. Vou tomar um banho e um remédio, eu já desço para conversarmos, ok?

O respondi com um manear de cabeça, eu nem podia imaginar o caos que a Conti devia estar com isso tudo o que está acontecendo no mundo. Pensando no que Dominic disse fui a dispensa da casa ver o quanto de comida tínhamos, mesmo não sendo do grupo de risco, eu pretendia passar todo esse momento pavoroso trancadinha na minha casa, não vou correr riscos, sou medrosa demais pra furar o isolamento social, e ainda tinha Dominic, tinha que pensar nele também.

Sai da dispensa depois de constatar que teríamos alimentos para no máximo uma semana e olhando na agenda que a minha funcionária anotava os gastos da casa, notei que ela faria as compras do mês na próxima semana, não teria jeito, teria que ir ao supermercado para nos abastecer. Comecei a anotar tudo o que precisaríamos e com a lista em mãos fui ao meu quarto tomar um banho e me preparar para as compras.
Escolhi um jeans justo e uma camiseta soltinha, fazia calor e mesmo sendo noite, eu não sabia quanto tempo levaria no mercado. Assim que retornei à sala, encontrei Dominic sentado no sofá concentrado em algo em seu celular.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora