Inevitável

16 - ISABEL

Esse safado só pode estar brincando com a minha cara. Depois de ver o strip-tease que ele fez no meio da cozinha, fiquei tentada a subir e invadir seu banheiro e confrontá-lo. Aquilo tinha que parar. Eu não ia aguentar viver com ele fazendo esses joguinhos.

Depois que terminei tudo na cozinha, apaguei as luzes e subi as escadas em direção ao meu quarto, tinha que ligar pra Mônica, precisava desabafar e aquela doida tinha que me ajudar a lidar com o Dominic no modo cachorro-vadio.

Meus passos foram interrompidos quando passei enfrente ao quarto de Dominic, a porta estava entre aberta e eu o ouvi no telefone. E antes que você julgue o fato de eu estar ouvindo a conversa dele atrás da porta, eu tenho que me defender e dizer que só parei por que ouvi o meu nome, não sou tão fofoqueira assim vai...

— Eu não aguento mais isso Guilherme, eu vou partir com tudo pra cima da Isabel! Eu pareço um adolescente, batendo umazinha no banheiro toda vez que fico mais de 10 minutos perto dela. Cansei desse jogo, cansei de fingir que não a quero, cansei de lutar contra tudo isso que eu sinto a tantos anos! Ela vai sei a minha mulher, fim de papo!

Eu estava chocada, ouvi-lo falar com tanta veemência quase me tirou do eixo. Imaginá-lo se tocando pra mim me deixou doidinha, mal sabia ele que eu também passava por isso no quarto ao lado.

— E o que que você quer que eu faça? Eu já dei todos os sinais, ela não entendeu que eu to doido por ela!

Que sinais, meu Deus?! Eu não posso ser tão cega assim, né!? Eu notaria algo... Se bem que ele sempre me tratou de forma estranha e desde que Otávio morreu, ele mudou. E enquanto ele ouvia a resposta do amigo ao telefone, na minha cabeça, uma enxurrada de imagens dele agindo de forma fofa e quente quase me fizeram cair de joelhos no chão. Como eu posso ter sido tão burra?

— Eu não vou fazer isso Guilherme! Eu vou seduzir essa mulher, mostrar que eu sou tudo o que ela precisa, mas eu me recuso a arrumar alguém pra fazer ciúmes nela!

Só de pensar em alguém tocando nele eu fico doida, eu mato esse cachorro se ele encostar em alguma piranha só pra chamar minha atenção. Ele está indo bem, já me tem cativa e totalmente entregue, eu só sou um pouco lenta, PAREM DE ME JULGAR!

— Hoje eu dei o primeiro passo, mal sabe ela o que a aguarda. Eu não vou deixá-la fugir de mim e do meu amor! Ela vai ser só minha, pra sempre! Essa quarentena veio em boa hora, ficar trancado com ela nessa casa, totalmente sozinhos é tudo o que eu preciso pra mostrar tudo o que eu sinto. Ela não vai ter chances.

E antes que ele me pegasse no flagra, corri para o meu quarto e me tranquei lá dentro. Eu precisava digerir tudo o que tinha vivido e ouvido naquele dia. Depois de controlar a minha respiração e o tesão acumulado, peguei o telefone e meus fones de ouvido sem fio e fiz uma chamada de vídeo com a Mônica, e com medo de Dominic ouvir minha conversa com ela, assim como eu acabara de fazer, me fechei no meu banheiro.

— Mas será possível que você não consegue ficar umas horinhas sem mim? Estamos em quarentena, larga do meu pé Isabel!

— Da pra fechar a matraca e me escutar, eu preciso muito te contar umas coisas!

— Coisas? Que coisas criatura, não tem nem 5 horas que fomos liberadas da emissora e você já tem que desabafar...

— É o Dominic, ele vai me enlouquecer, ficar trancada nessa casa com ele sabe Deus por quanto tempo não vai dar certo Mônica!

— Para de andar de um lado pro outro, ta me deixando tonta mulher! — Assim que ela chamou minha atenção eu parei, tinha que me controlar. — Respira fundo e me conta o que aquele pe-ca-do de homem fez hoje... Tô ansiosa — Finalizou tirando uma com a minha cara.