Smoke of Love

S i x t e e n

TORY

Pouso a minha mala em cima da cama e começo a dobrar as minhas roupas para guardá-las. Estou tão animada para sair logo daqui que nem tirei o uniforme do corpo, vou deixar para fazer isso em casa assim que for me arrumar para festa de aniversário. O meu celular recebe constantes mensagens sobre a festa na minha casa hoje à noite, mas me atenho apenas a responder o meu pai, que avisou que está vindo me buscar no colégio, e também a Bryan, que está me ajudando na organização da festa.

— Você vai mesmo a minha festa de aniversário hoje? – pergunto a Phoebe.

A loira na cama ao lado também está arrumando a sua mala e vestida com o uniforme do time. Tive que fazer essa pergunta várias vezes ao longo da semana, porque ela estava sempre atarefada com os preparativos do baile, e também porque não é um segredo que a mãe dela não gosta muito de mim. Eu não sei se o motivo da rejeição da mãe da loira comigo é a minha personalidade ou se ela apenas não foi com a minha cara mesmo, mas isso sempre torna as coisas um pouco mais difíceis quando vamos sair.

— Claro que sim. Eu vou na mesma hora que o Bryan, então provavelmente vou me arrumar na sua casa. – minha amiga responde.

— É porque a sua mãe não vai muito com a minha cara. – digo irônica.

— Ah Tory, ultimamente ela tem sido bem mais legal quando falo sobre você. – a loira tem um olhar carinhoso sobre mim.

— Tem certeza que isso não tem nada a ver com o fato dela gostar bem mais do seu namorado do que de mim, ao ponto de confiar bem mais nele do que em mim?

Phoebe morde o lábio inferior.

— Claro que não. – ela sorri.

Phoebe e eu terminamos de arrumar nossas coisas e saímos do nosso quarto. Nós arrastamos nossas malas com rodinhas conforme vamos caminhando pelo gramado, seguindo os outros alunos que também se dirigem para o estacionamento. A loira me explica que Bryan foi embora mais cedo para poder encontrar com Ian e resolver a questão das bebidas da festa. Quando chegamos ao estacionamento a mãe de Phoebe já está esperando pela filha, ela me abraça rapidamente dizendo que vai me encontrar mais tarde e entra no carro da senhora Roberts.

Checo a última mensagem do meu pai e fico esperando por ele encostada em uma pilastra do prédio principal. Depois olho para os inspetores avisando os alunos para não ficarem perambulando pelo campus, e Mason está entre eles. Não consigo parar de olhá-lo e pensar que ele vai sair com a Mia justo hoje no dia do meu aniversário. Já faz alguns dias desde que conversamos no campo de futebol, depois disso não fiz mais questão de convidá-lo para a festa, e por isso já tenho a certeza de que ele não vai.

Faíscas raivosas se manifestam dentro de mim quando vejo a sonsinha da Mia se aproximar de Mason. Como eles estão distantes demais de mim, eu não consigo ouvir o que estão conversando, apenas percebo que Mia está muito animadinha, enquanto Mason direciona alguns olhares para mim às vezes. Rolo os olhos e respiro fundo no instante em que Christian entra no meu campo de visão.

Eu não sei o que é pior: Mia se jogando para cima do Mason, ou Christian no meu pé feito um cachorrinho de rua.

— Quer uma carona pra casa? – ele pergunta, ajeitando a mochila no ombro.

Nunca vi os pais de Christian o buscarem no colégio, ele sempre vai embora sozinho com o próprio carro. Acho que a agenda lotada de um político não tem muito espaço para se preocupar com o único filho, que passa a semana toda preso em um colégio interno.

— Não, obrigada. – respondo indiferente.

— Tem certeza? Eu acho que o seu pai vai demorar a aparecer. – Christian me fita dos pés à cabeça me fazendo revirar os olhos mais vezes do que eu gostaria.