TORY
Paro em frente ao espelho após sair do banho, passo a mão pelo mesmo para tirar o vapor e analiso o reflexo de meu corpo, enrolado em uma toalha, e meu cabelo, todo bagunçado. Suspiro com a indisposição de ter que voltar para o colégio hoje. Nunca me sinto renovada o suficiente quando passo o fim de semana em casa, e ainda mais agora que Christian e eu terminamos. Ligo o secador com a esperança de dar um jeito em meu cabelo, e, com o auxílio da escova, vou secando os fios ondulados para que fiquem lisos. Depois que termino de domar os fios rebeldes, saio do banheiro e vejo Carmen terminando de arrumar a minha mala.
— Bom dia, Tory. Seu pai está esperando você para o café da manhã.
— Bom dia! Eu já vou descer.
Ela apenas assente e sai do meu quarto, levando a minha mala.
Encaro o uniforme verde do colégio esticado sobre minha cama e sinto vontade de arrumar uma desculpa qualquer só para não voltar para o colégio essa semana. Eu não quero ter que ver o Christian agora, não estou fugindo dele, mas não quero ter que ficar sofrendo de vergonha alheia com ele implorando para voltar e também não sei se me sinto pronta para vê-lo novamente sem sentir vontade de chorar. Eu sei que ele vai tentar conversar comigo, não é a primeira vez que passamos por isso, porém eu quero que seja a última.
Mexo a cabeça para espantar os pensamentos sobre Christian. Pego uma lingerie no meu guarda-roupa, visto a mesma e em seguida passo a camisa branca do uniforme pelos meus braços, e fecho os botões na frente. Subo a saia pelas minhas pernas e prendo os suspensórios. Me sento na cama, passo a meia calça preta até a metade das minhas coxas e, em seguida calço, os coturnos pretos. Vou até minha penteadeira, coloco uma tiara em minha cabeça e resolvo me maquiar, usando apenas um pouco de corretivo nas olheiras de quem passou a madrugada chorando por ter mais um relacionamento fracassado. Faço um delineado gatinho preto e um pouco de batom de cor avermelhada nos lábios.
Pego a mochila em cima da cama e coloco meus aparelhos eletrônicos dentro da mesma, então fecho a porta de meu quarto e desço para a sala de estar. Logo na porta sinto o aroma agradável de café que acabou de ser feito, e isso faz o meu estômago roncar. Papai beberica o seu capuccino e desliza o dedo pela tela do celular. Me sento ao seu lado da mesa e me sirvo com algumas panquecas com mel, ovos mexidos com bacon e café bem forte.
— Bom dia, Tory — seus olhos se voltam para mim e pousa o celular em cima da mesa. — Animada para mais uma semana no colégio?
— Toda vez você faz a mesma pergunta, e sabe que terá a mesma resposta. — Reviro os olhos e beberico o café.
— E qual seria o motivo do seu mau humor essa semana? Seu fim de semana não foi tão bom assim sem o Christian? — ele pergunta calmo, me olhando de soslaio, porém seu tom é muito sugestivo.
Não é segredo que o meu pai não gosta das minhas escolhas amorosas e devo confessar que também não estou gostando delas. Entretanto, o meu fim de semana não foi muito bom, e não consigo parar de pensar no meu termino com Christian e em todas as mensagens dele, nas nossas fotos que ele me mandou, nas músicas que postou nos stories do Instagram, e nas ligações que tentou fazer comigo durante a madrugada. Se achar que chorar por um namoro que acabou é ter um "ótimo fim de semana", então estou no auge da badalação da minha vida de adolescente.
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Smoke of Love
Teen Fiction"Não existem bad boys, existem garotos que foram magoados" Em 3° lugar na categoria romance do Golden Writer 2020.