MASON
Impaciente, olho mais uma vez a tela do meu celular para me livrar desse terno idiota de inspetor na hora do almoço. Caminho pelo corredor e avisto um aluno com o casaco do time saindo da sala. Reviro os olhos por ter que fazer aquela pergunta irritante sobre o aluno ter uma autorização do professor e ainda ter que ficar lidando com o estrelismo dos jogadores de futebol. Eles se acham melhores do que todos aqui só porque acertam uma bola, mas esquecem que sou o filho do diretor do local. Assim que me aproximo vejo que é Bryan, ele dá um passo para trás quando esbarra em mim.
Bryan passa a mão pelos seus cabelos negros lisos e enfia as mãos nos bolsos do casaco. Ele já não tem mais o olho roxo, mas também não posso dizer que voltamos a ser como antes. Meu irmão e eu estamos vivendo uma guerra fria. Os olhos claros e frios dele se voltam para mim.
— O que você quer? — ele pergunta, inquieto.
— Sua autorização. — me limito a responder isso.
Bryan reprime os lábios e olha ao nosso redor. Ele está um tanto agitado, me deixando incomodado com o seu comportamento.
Bryan nunca foi de tratar ninguém assim, ele nunca foi frio e indiferente com as pessoas, por mais que o meu irmão seja lentinho para entender a motivação das pessoas para realizarem as suas vontades, ele continuava sendo amigo de todos. Sinto falta das nossas conversas, das nossas saídas noturnas para festas e até falar sobre mulheres.
— Eu não tenho. — responde baixo.
— Você sabe que não posso deixá-lo passar sem uma autorização.
Relaxo a minha postura e enfio as mãos nos bolsos assim como ele.
Bryan trava o maxilar ao me fitar.
— Você não faz o tipo que segue regras, Mason. — Bryan reclina a cabeça para trás. — Você sempre vai ser o cara que faz o que não deve. — seu tom sarcástico se refere sobre a Jéssica.
Respiro fundo e prefiro não responder suas provocações.
Eu não vou cair mais nas indiretas de Bryan, por mais que eu saiba que ele está namorando a Phoebe e que eles parecem estar se dando bem juntos como namorados. Eu sei que o problema do meu irmão continua sendo comigo e eu não sei mais como tentar resolver isso. Ainda não consigo conversar com ele sobre isso sem sair na porrada.
— Não sou eu que faço as regras, Bryan. — mantenho a conversa sobre a autorização do professor.
Bryan solta um risinho irônico e inaudível, então, passa por mim ao bater o seu ombro no meu braço, me fazendo me virar para ele.
— Bryan! — o chamo alto. Bryan para mais a frente e me olha esperando que eu continue a falar. Passo a mão pelo meu cabelo, tentando conter a minha impaciência, e abro a boca algumas vezes, mas nada do que eu quero realmente falar sai dela. — Nada! — desisto.
Bryan sai andando pelo corredor até que eu o perca de vista. Não ia adiantar de nada ficar insistindo no assunto, ele não vai me respeitar enquanto ainda me odiar. Retiro o celular do bolso e mando uma mensagem para minha mãe, a lembrando que vamos almoçar juntos hoje.
Finalmente, quando dá o horário do almoço dos alunos, eu posso tirar esse terno ridículo e usar as minhas roupas. Caminho para o estacionamento do colégio, monto na minha moto e ligo a mesma ao girar a chave e pisar no pedal com força. Deslizo a mão no meu cabelo, juntando os fios para trás, ponho os meus fones de ouvidos e depois coloco o capacete na minha cabeça. Os portões do colégio se abrem para mim e saio dali cantando pneu, já garantindo mais uns gritos do meu pai mais tarde.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Smoke of Love
Roman pour Adolescents"Não existem bad boys, existem garotos que foram magoados" Em 3° lugar na categoria romance do Golden Writer 2020.