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TORY
Passo o peito da minha mão no meu nariz em movimentos repetitivos, encosto-me no estofado do banco e tento tirar essa angustia do ar quente de dentro de mim. O ar seco e tropical de Miami entra pelas minhas narinas circulando pelos meus pulmões e sai queimando o canal da minha faringe, nem mesmo o ar-condicionado do carro de papai parece resolver esse calor insuportável. Tento me entreter com a paisagem que passa pela janela do carro já que o meu celular está descarregado e não posso mandar mensagem para ninguém.
— Está gostando do que ver, Tory? — Papai pergunta ao me olhar pelo espelho central.
Prefiro não responder, pois ainda acho que a sua decisão de vim morar em Miami foi muito precipitada. Eu roo as minhas unhas pintadas de preto, enquanto penso na vida que deixei para trás e não me refiro aqueles mortais idiotas da escola, aquele lugar era uma grande perca de tempo para mim. Quero me referir a Tyler e todos os amigos que tínhamos em comum, os mesmos amigos que conheci graças a ele. Minha mudança não é para outra rua, não é para outro bairro, meu pai quis me tirar da minha cidade, me tirar de Nova Orleans aonde passava os meus fins de semana procurando por mais festa.
Papai passa pelos portões de ferro e estaciona o carro em frente à nossa nova casa que parece uma mansão com a sua fachada exuberante, meio antiga e totalmente branca com janelas de vidro. Pelo lado de fora já dá para ver a escada em espiral ao lado da porta, também têm um caminho de pedras brancas até a porta e um longo gramado verdinho com palmeiras na frente, arbustos abaixo das janelas e mais para o lado tem um caminho de pedra que leva até a garagem. Meu pai abre a porta do carro para mim, coloco as minhas botas para fora me pondo de pé assim que saio do veículo.
Fico parada ao lado de papai que tem um sorriso idiota nos lábios e avisto uma mulher alta de cabelos negros saindo casa, na qual eu deduzo que seja a nossa nova governanta já que a antiga não pode vir morar conosco por preferi não deixar a família em Nova Orleans. Eu que queria ser deixada pelo meu pai lá.
— Olá, sr. Belline — diz a mulher estendendo a mão e com um sorriso nos seus lábios pintados de vermelho — Eu sou a Carmen, a sua nova governanta.
— Carmen, essa é a minha filha Tory — ele aperta a mão dela e olha para mim.
Não tiro os meus óculos de sol para não ter contato visual com a mortal. Eu escutei papai conversando com ela há alguns dias antes da nossa mudança, ele procurava por alguém para trabalhar na nossa casa de preferência uma mulher madura e sem filhos, aposto que a contratou para ficar de olho em mim.
— É um prazer conhecê-la, srta. Belline — ela sorri, estendendo a mão para mim, mas a ignoro. Papai me dá uma cutucada com o ombro, e eu apenas tiro os meus óculos escuros. Isso já é o bastante para nos conhecermos — Você tem lindos cabelos azuis — sorri sem jeito.
— Obrigada! — É a única coisa que pronuncio e saio andando em passos largos em direção a casa.
Papai e a nova governanta me acompanham logo atrás. O interior da casa chama a minha atenção por ser muito moderno e com cores neutras como marrom, branco e algumas plantas; dois sofás com várias almofadas; um tapete felpudo; cadeiras e um centro de mármore no centro.