Sem Sinal

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deixa o voto ai no capítulo meu chapa🤨

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Acho que os corredores dessa escola nunca me pareceram tão grandes e largos quanto naquela manhã de segunda feira.

Meus pés iam em encontro ao chão em passos rápidos e ansiosos, segurando-se para não iniciarem uma corrida desesperada pelo espaço pequeno qual tinha para percorrer.

Ela havia sumido.

Lembro de sentir meu cenho dolorido ao contrair em frustração por não encontrá-la em lugar algum. Não importava aonde eu ia, ela era boa em se esconder.

Minha outra alternativa era perguntar a outras pessoas se elas a viram.

Merda. Essa era a pior parte.

Ao que eu me aproximava da primeira pessoa meus ombros se contraíram e certo rubor tomou conta do meu rosto mais especificamente na área das maçãs do rosto, elas queimavam, maltratavam minha pele como uma punição por sair da minha zona de conforto.

Eu não deveria me sentir assim. Aquela não era uma pessoa estranha, eu conhecia seu rosto. Ê Double Trouble. Elu fazia parte do clube de teatro e nossas aulas de inglês se coincidiam no mesmo horário e dia da semana. Sem falar que já ê vi conversando com Felina algumas vezes.

Pra ser sincera, eu ê admiro bastante. Admiro a forma qual elu consegue envolver qualquer um com suas palavras melodiosas e persuasivas, como uma música estranha, ao que causa certo incômodo pela ousadia de seus acordes, também consegue te deixar imerso e afogado nas águas mornas dos versos iniciais ao refrão.

Eu pareço uma aberração pensando desse jeito.

— Oi. — uma de minhas mãos involuntariamente percorreu o caminho até minha nuca, coçando o local por nervosismo.

Ê garote tinha a postura perfeitamente alinhada e ereta, com o corpo direcionado ao interior de seu armário que ficava nas partes mais escuras dos corredores.

Observei um de seus braços rapidamente fechar a porta do armário e o tronco virar-se em minha direção, olhando com as feições surpresas para meu rosto.

Aos poucos, ele parecia ler meus atributos físicos e os processar melhor e me reconhecer, logo baixando a guarda e me lançando um olhar qual transmitia compaixão.

— Oi, querida. — elu retrucou. — O que você quer?

Me senti um pouco desconfortável com elu me chamando assim sem termos muita intimidade, mas aquele não era o ponto.

Conseguia sentir as unhas da minha mão direita arranharem a palma da contrária e deixar algumas marcas fracas e momentâneas. Era algo rápido e simples.

— Você viu a Felina por aí? — indaguei, e elu me olhou surpreso outra vez.

— Não. — respondeu. — Ela sumiu, não é?

Elu parecia entender a situação.

— Sim...

Escutei um suspiro vindo de sua parte quando elu resolveu pegar a xuxinha amarrada em seu pulso para prender as mechas loiras e compridas em um rabo de cavalo desajeitado, porém que estranhamente ficava elegante nelu.

— Por que ela é tão difícil? — aquela parecia ser uma pergunta mais para si mesmo do que para mim.

— Olha, eu até que entendo ela. Deve ser complicado aturar os babacas dessa escola falando coisas horríveis sobre você. Além de que ela parece ser bastante tímida, ela não retruca eles nem nada do tipo, ela só fica quieta mesmo. — aquelas palavras simplesmente fluíram para fora de mim, eu sabia que meus olhos brilhavam, pois sentia meu coração pulsar forte ao lembrar de seus traços e o pouco que eu conhecia dela. Até mesmo a forma qual ela me tratava mal me encantava.

Double Trouble olhava para mim como se soubesse. E eu também não fazia tanta questão de esconder.

— Qual é o seu nome, gata? — elu perguntou.

— Adora.

— Então, Adora — as costas delu se encostaram em seu armário já fechado. — Eu não sei onde ela está exatamente, mas posso dar um palpite.

— Ok, pode falar.

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Eu havia me esquecido do quão frio estava do lado de fora da escola.

Mesmo usando um casaco qual rondava meus braços e parte do meu corpo, ainda sentia meus ossos tremerem ao sentir a brisa gélida fazer cócegas por debaixo da minha pele.

Mas precisava passar por isso caso quisesse achar ela.

Double Trouble havia me dito que quando ela não estava nos corredores, era provável que ela estivesse na quadra qual sempre se encontrava vazia durante intervalos.

Meus passos eram tímidos e curtos, eu tentava ser silenciosa ao caminhar.

Os olhos percorriam todo o local sorrateiramente em busca das roupas escuras que aquela garota sempre usava.

Eu não a encontrava em lugar algum, não importava o quanto eu procurasse. Ela tinha algum talento especial para sumir da vista dos outros ou algo do tipo?

Aquilo me preocupou um pouco.

Eu não queria deixá-la sozinha, mas talvez ela realmente precisasse daquele tempo pra colocar a cabeça no lugar.

Cinza • Catradora Onde histórias criam vida. Descubra agora