Se deixa levar

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O castelo é muito, muito, muito maior do que a gente esperava. Eu e Felina rodamos o dia inteiro, procurando qualquer pista de onde estivesse o cetro. Seguimos por imensos corredores, vimos dezenas de salas, nos perdemos, nos achamos, despistamos guardas (a maioria delas não confia na gente como a rainha, ou melhor, em mim).

Sem sucesso.

A rainha disse para ficarmos para a festa de sua filha, que é hoje. Então, teoricamente, iremos embora amanhã.

Precisávamos de mais tempo.

Ainda por cima, não recuperei minha espada. Não faço ideia de para onde as guardas a levaram e não consegui falar com a rainha para pedi-la de volta. Vou tentar encontrar com ela durante a festa.

O sol estava quase se pondo quando eu e Felina decidimos voltar para o quarto e esperar o horário do aniversário da princesa.

Estávamos na banheira, mas, dessa vez, não cometemos o mesmo erro de ontem e ficamos com as roupas íntimas.

E eu não me aproximei dela. Nem ela de mim.

Ficamos uma em cada canto da banheira, em uma distância segura para evitar transbordo de hormônios.

- Mais um dia se foi... Sombria vai me matar! - Gritava Felina com as mãos no cabelo.

- Ela nunca disse que seria uma missão fácil. Precisamos dar um jeito de ficar mais tempo por aqui.

- Vai lá conversar com a maravilhosa e boazinha rainha. Você é favorita dela, não deve ser difícil convencê-la de estender a estadia.

- Você é insuportável, sabia?

- Não mais que você. - Ela me mostrou a língua.

- Põe essa língua para fora de novo que eu pego um alicate e- Fui interrompida por batidas na porta.

- Entra. - Gritou Felina.

Entrou a mesma senhora que nos trouxe para esse quarto. A tal governanta da rainha. Com ela, tinha mais umas três pessoas, carregando diversos vestidos e acessórios.

- Está quase na hora da festa. - Disse a mulher. - Estamos aqui para arrumá-las.

- Já posso me arrepender? - Resmungou Felina.

A repreendi com o olhar e saí da banheira. Ela suspirou e veio atrás pouco depois.

As mulheres arrumaram os vestidos e os assessórios sobre a cama, para que a gente escolhesse.

Tinha de todos os tipos e cores. Longo, curto, tomara que caia, folgado, colado, claro, escuro. Obviamente, escolhi um vermelho. Longo, sem mangas, que marcava minha cintura e soltava daquele ponto para baixo. Além de pegar uma presilha dourada.

Felina olhava as peças com cara de nojo.

- Eu não vou usar vestido.

- Ah, Felina. Não começa. - Reclamei.

- Fale o que quiser, Adora. Eu não vou usar vestido! - Aumentou o tom de voz na última frase.

A mulher a olhava com uma expressão impassível.

- O que a senhorita gostaria de vestir?

- Qualquer coisa que não me deixe parecendo uma idiota.

A senhora olhou Felina de perto. Analisando seu corpo. Levantou os braços da morena, os abaixo, passou uma fita por sua cintura, coxas, envergadura e sei lá mais o que for possível de se medir. Então, olhou para as mulheres que a acompanhavam.

- Levarei a senhorita para encontrar uma vestimenta que a agrade. - Segurou no braço de Felina, depois apontou para mim. - Conto com vocês para a deixarem impecável.

Oi, AdoraOnde histórias criam vida. Descubra agora