Por ela eu viro hétero. ♂♀ - DESGUSTAÇÃO.

Capítulo 12 ♂

Juan

Depois de viver mais um momento de desejo e carinho com Elena, percebo que estou gostando de verdade dessa garota. Disse para mim mesmo que não ia me envolver com ela, mas o tiro saiu pela culatra. Quando fui para seu quarto com a intenção de aliviar sua pele maltratada pelo sol, já devia saber que ia acontecer alguma coisa. E de fato aconteceu, pois mais uma vez cedi à vontade insana de sentir seu corpo. Agora me explique você: como pode um homem deixar a cabeça de baixo comandar seus movimentos e não a cabeça de cima? Louco, né? Os seres humanos gostam tanto de falar sobre racionalidade, mas esquecem dos sentimentos.

E o que a ciência explica sobre isso? Todos os nossos desejos e sentimentos são comandados pelo cérebro? Se for, o meu cérebro está agindo somente pelo desejo de possuir Elena. Acho que se abrissem meu crânio, e verificassem o lóbulo central, encontrariam o nome da Elena gravado. Achou isso poético? Eu achei gay! Que Josh nunca tenha poderes telepáticos ou acharia mesmo que sou homossexual. O engraçado é que, quando a gente menos espera, alguém aparece e abala todas as nossas estruturas.

Sempre fui um cara extremamente centrado e racional, mas bastou uma doce mulher para sumir com minha razão. Apesar de estar gostando de Elena, não posso me envolver com ela. Meus pais iriam infernizar sua vida e sabendo como é não daria certo. Sei que posso estar sendo tolo em ignorar esse sentimento, mas é o melhor para nós. Ontem tive minha primeira noite de sono com uma mulher. E foi muito bom. E quando digo primeira, é primeira mesmo. Nem com minha mãe eu já dormi. Minhas relações com prostitutas eram rápidas e nunca senti vontade de só dormir com uma mulher. O mais engraçado é que foi de conchinha. Quem diria, hein?

Por incrível que pareça, me senti relaxado ao acordar e ver Elena dormindo serenamente. Se pudesse, ficaria velando seu sono por um bom tempo, mas meu corpo precisa de alimento. Resolvo levantar e tomar uma vitamina. Coloco minha roupa de academia e resolvo pegar pesado, já que tem mais de uma semana que não malho. Ainda é cedo e dará tempo de preparar algo para Elena comer. Depois de malhar, volto para casa e percebo que ela está no banho. Minutos depois, sai nua. Nuazinha? É isso mesmo. Essa mulher está querendo me matar! Porra, assim vai ficar difícil conviver com ela exibindo seu corpo perfeito.

Conforme anda exalando o cheiro de sabonete, meu pau vai criando vida. Ela parece não se importar com a nudez e eu fico estático, admirando.

— Bom dia! — Ela sorri naturalmente, como se ficar nua na frente dos outros fosse normal.

— Bom dia. — Respondo realmente afetado pela sua nudez deliciosa. Ela percebe meu constrangimento.

— Trouxe o nosso café? — Ela vem aproximando e percebo que seu cabelo ainda está molhado.

— Elena, por que não coloca uma roupa? — Sugiro, tentando não parecer afetado. Ela sorri maliciosamente e diz com as mãos na cintura:

— Está incomodado?

— Não é isso... É que não estou acostumado a ver mulheres nuas como se fosse esporte.

Afirmo seriamente e ela arqueia as sobrancelhas. Sei que se não colocar uma roupa, não conseguirei disfarçar minha ereção evidente. Estou me esforçando ao máximo para agir como um homem racional, mas Elena provoca. Percebo seu olhar de divertimento, até que ela diz:

— Está bem, querido, vou me vestir para tomarmos café.

Elena beija minha bochecha e sai rebolando, me deixando aflito e louco de desejo. Enquanto vai se vestir, decido ir tomar um banho. Ligo o chuveiro e deixo a água gelada cair sobre mim e diminuir a temperatura do meu corpo. Malhação e tentação é foda! Depois de estar limpo, percebo que Elena se adiantou e está arrumando a mesa, cantarolando. E, porra, que voz linda! Ela está cantando "Big girls don't cry" da Fergie. Seu inglês está razoável, mas sua voz é tão doce que se estivesse cantando Hakuna Matata, estaria perfeito. Ela está distraída, até que resolvo dizer:

— Sua voz é linda.

— Obrigada.

— Vou comprar um violão pra nós cantarmos juntos qualquer dia.

Sorrio e imagino nós dois cantando. Meus instrumentos musicais ficaram na Inglaterra, mas logo irei comprar por aqui.

— Será ótimo. — Sua voz parece triste e distante.

— O que foi? — Pergunto segurando seu queixo. Fito seu olhar por alguns segundos e percebo que, por baixo dessa Elena doida e bem humorada, existe uma mulher ferida.

— Minha mãe era cantora. — Murmura e eu não sei o que dizer.

— Sério? Ela cantava o quê?

— Ela cantava de tudo. Geralmente se apresentava em barzinhos e restaurantes. Porém não seguiu a carreira, pois meus avós eram contra.

— Que pena.

— Vamos tomar café? — Ela muda de assunto e eu já sei que não gosta de falar muito sobre essas coisas.

— Claro. — Afirmo sentando também. Nós comemos silenciosamente até que seu celular toca.

— Alô. — Ela conversa durante alguns minutos até que desliga, dizendo:

— Espero você no sábado então, Sarita.

— Era Sara, minha única e melhor amiga.

— Legal.

— Ela virá no sábado para te conhecer.

— Ótimo.

Afirmo, sorrindo e nem um pouco interessado em conhecer mais mulheres. E se é amiga de Elena, deve ser tão maluca quanto. O dia passa rápido e eu aproveito para resolver alguns problemas na faculdade, já que as aulas começam essa semana. Elena tem se controlado mais, porém tenho a sensação de que está aprontando alguma coisa.

Depois que resolvi os assuntos da faculdade, passei o dia visitando os pontos turísticos do Rio. Ao chegar já à noite em casa, me deparo com Elena dançando na sala e sinto o cheiro de alguma coisa queimando no forno. Imediatamente, abro o fogão e vejo um frango tostado. Elena percebe minha chegada e vem correndo em direção à cozinha:

— Ah, não! — Lamenta com uma expressão chateada, e eu não consigo prender o riso.

— Acho que alguém andou aprontando...

— Vai à merda, Juan! Queria fazer uma surpresa pra você, mas acabei me esquecendo de apagar o forno.

— Foi mal, Elena, não quis ferir seus sentimentos. Mas o que importa é a intenção!

Exclamo jogando o frango queimado no lixo. Ela parece querer rir um pouco, mas se contem.

— Vai fazer alguma coisa para comermos? — Pergunta, com cara de criança faminta.

— Claro! É pra já.

Nem percebo que ela está se aproximando e quando dou por mim, ela já está dizendo, próximo ao meu ouvido:

— Sabe, você é incrível mesmo. Além de gostoso, inteligente, massagista, bom comedor, cozinheiro e cavalheiro, você ainda me atura.

Depois de falar essa declaração bem quente, Elena sai em direção à sala, rebolando com aquelas roupas indecentes. E eu? Como você imagina que fiquei? De pau duro, é claro. Ah... Vai ser difícil não ceder para Elena. Espero que Josh saiba atuar bem, se não, ela vai descobrir a farsa assim que colocar os olhos nele.