Capítulo 13 ♀

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Elena

Depois do episódio mal sucedido para pôr em prática meus dotes culinários ontem, eu e Juan passamos o dia inteiro arrumando a casa para a chegada de seu tão esperado "namorado". Ele zombou da minha cara o dia inteiro pelo frango queimado! Eu tentei né... E se não tivesse me distraído com a música na sala, teria ficado delicioso. Agora estamos aqui, eu com espanador na mão, ensinando a Juan como se passa pano no chão.

— Juan! Você não está fazendo isso direito!

— E qual é a técnica para passar pano? — Debocha rindo da minha cara.

— Você é um idiota mesmo! Não existe técnica nenhuma! Você só precisa colocar mais pressão e passar nas beiradinhas.

Minha intenção foi inocente, mas eu percebo malícia em seu olhar. Logo ele solta uma risada sarcástica.

— Pelo menos, eu sei cozinhar.

Provoca, gargalhando de mim, enquanto fico com a cara emburrada. Sério! Hoje ele está de parabéns na arte da irritação. Posso não saber cozinhar, mas limpo a casa como ninguém! Depois de um tempo, percebo que ele até melhorou um pouco, mas nunca falarei isso. Quando acabamos de limpar tudo, meu "quase deus grego" resolve fazer um prato popular da Inglaterra, chamado "cornish pasty", que é uma massa oval recheada com carnes e legumes.

Esse homem me surpreende ainda mais e quando parar com essa bobeira de querer fugir, vou fazê-lo meu escravo em todos os sentidos. Enquanto mastigo essa delícia que ele fez, sorrio com essa possibilidade de escravidão perpétua.

— Por que essa cara travessa? — Pergunta Juan, mastigando. Seu prato parece que vai alimentar a população da China inteira. Já vi porque esse homem é grande como uma muralha de músculos. Do lado dele eu pareço uma formiga.

— Você nem imagina no que estou pensando... — Solto, dando uma piscadela safadinha.

— Posso imaginar...

— Jura? — O desafio.

— Na verdade, retiro o que disse. — Ele gargalha e eu sinto vontade de beijar seu sorriso.

— Estava pensando que você podia se tornar meu escravo para sempre.

— Só você mesmo para pensar umas coisas dessas, Elena... — Juan se levanta sorrindo e vai em direção a pia.

— Pode deixar que arrumo a cozinha.

Afirmo me levantando e tocando sua mão que segura a esponja. Nós ficamos muito perto um do outro e a tensão que estava levemente adormecida resolve acordar. Ficamos estáticos por um tempo com o olhar centrado um no outro. Minha vontade é de beijá-lo. Ah, se ele soubesse da vontade que tenho de tocar aqueles lábios perfeitamente desenhados. Porém, me controlo e fico parada. Não vou ficar tomando a iniciativa sempre. Sei que toda essa história de namorado é mentira.

O pouco tempo que o conheço, deu pra perceber que não é do tipo que engana ou trai. Depois de um tempo parados, sinto Juan se aproximar dos meus lábios. Contudo, a magia é quebrada com o som da campainha. Droga! Imediatamente, Juan "acorda" e se afasta de mim para ir até a porta. Quem é o filho da mãe ou a filha de uma rapariga, que resolveu aparecer justo agora? Minha resposta é obtida com a empolgação de Sara.

Amigaaaaa! — Ela saúda, me abraçando.

— Oi, amiga, até que enfim deu sinal de vida! — Retribuo enquanto Juan vai ao banheiro.

— Amiga, que boy magia era aquele? — Questiona Sara, me olhando com cara de "eu sei que vocês vão transar loucamente".

— Lindo né? — Suspiro, admirada.

Por ela eu viro hétero. ♂♀ - DESGUSTAÇÃO. Onde histórias criam vida. Descubra agora