Capítulo 19

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— Como já disse: é um romance improvável.

— Madu!

— Eu gosto da princesa Jade!

Meu queixo caiu ao ouvir aquilo, pisquei algumas vezes. Como eu nunca reparei nisso antes?

— Nada é impossível.

— Ela é uma princesa e eu apenas uma criada.

— Eu era uma rebelde e agora sou a futura rainha de Vênus, a atual, por sua vez era uma amante. Não duvide de si mesma, nunca!

— Como você consegue ser tão destemida?

— Quer saber um segredo?

Madu afirmou com a cabeça, seus olhos brilhavam. Ri com aquilo, falei baixinho:

— Eu não sou tão destemida assim — Esperei para ver sua expressão confusa. — Só é mais difícil enxergar a própria força. — Voltei ao tom normal.

— Acho que nunca verei a minha.

Levantei seu queixo no mesmo instante que ela abaixou a cabeça.

— A força de alguém vai muito além do que os outros veem ou pensam de ti. É não desistir de ser você mesma, é lutar pelo que você é, um dia você vai conseguir ser você mesma.

— Mas essa sou eu, a quieta e desajeitada Madu.

— Quieta? — Eu ri enquanto soltava seu rosto. — Quando cheguei aqui, você não parava de falar com Agatha sobre mim. Não é porque você age como os outros esperam que você seja essa pessoa. O maior desafio é não se importar com o que pensam, mas não se preocupe, há quem goste de café e há quem o deteste, independente de quanto açúcar você ponha para disfarçar seu gosto amargo.

Ela sorriu, acho que entendeu o que eu quis dizer. Não demorou muito para que Madu saísse de meus aposentos para repousar nos seus. Não comi. Virei de um lado para o outro na cama até pegar no sono, acordei faminta, então decidi descer para tomar café da manhã. Escutei uma batida na porta enquanto colocava um vestido, pedi para que a abrisse, Anastácia então adentrou meu quarto. Mal tinha acabado de abotoar o vestido quando ela veio em minha direção e me abraçou, não entendi nada. Porém, ao me soltar, ela segurou meu rosto.

— Você está bem?

Sua preocupação me deixou pensativa. Do que ela estava falando?

— Kalel contou do seu quase abuso.

Respirei profundamente pela boca.

— Serena, quem foi? — Perguntou com um certo cuidado. — Diga-me e eu mandarei que tomem as devidas providências, Dhrumond está de acordo.

— Meu pai já deu um jeito nisso. — Falei baixo.

— Não existe jeito para esse tipo de trauma.

Encarei-a assim que ouvi sua voz, parecia mais um pensamento alto do que um comentário. Abri a boca, minha voz não saiu, não sei se ela gostaria de falar deste assunto. O silêncio era estranho, não constrangedor, apenas incomum. Sentia que alguém gritava em meus ouvidos que eu deveria apenas escutá-la. Então não a questionei, apenas coloquei minha mão sobre o braço de Anastácia.

— Ser amante do rei não é algo fácil, mas os outros nobres a enxergam assim.

Eu não sabia o que responder.

— Existem reis que preferem suas amantes à sua mulher. Dhrumond não era esse rei. Posso contar, em apenas uma mão, as vezes que dormimos juntos antes de nos casarmos. Ele cometeu um erro, mas amou Helena, nunca se importou comigo. Então seus convidados queriam diversão. Para a minha sorte, consegui Neko-te com uma representante de Saturno.

Golpe de Estado (Coroa de Vênus - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora