One.

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O cacheado pode pensar que já está nessa reunião faz horas, tudo o que ele mais quer nesse momento é ir embora, sua mente está latejando com pontadas agudas. Seus lábios foram comprimidos enquanto observava o homem mais velho à sua frente falar sobre tudo o que está planejando fazer. Seu estômago revirava varias e varias vezes. Seu olhar checou as horas, mas ainda teria mais duas de reunião. Guinchou baixo e tentou se concentrar no que os homens diziam, talvez assim ele finalmente se distraisse.

- Você precisa melhorar seu relacionamento com a sua esposa, Harry! - Andrew disse. Um cara com seus quarenta anos, portado de um terno fino, seus cabelos grizalhos arrumados num topete.

- O que a minha vida pessoal tem haver com minha carreira? - resmunguei.

- Tudo. - disse e massageou as têmporas. - Você deve fazer isso, pelo menos na frente das cameras. Andem mais de mãos dadas. Melhor, hoje mesmo vocês irão à um encontro. Precisam mostrar que estão em um bom relacionamento, não importa se está ruim, a mídia não precisa saber disso. - Harry sentia o seu sangue correr mais rapido com cada palavra pronunciada.

Sua paciencia estava se esvaindo.

- Não preciso de ninguém cuidando da minha vida. - o jovem estalou ouvindo uma risada do homem ao lado do grizalho.

- Deveria ter pensado mais vezes antes de assinar um contrato então, meu caro. - o mesmo se pronunciou.

- Christopher! - Harry passou as mãos pelos cachos impaciente.

- Quer que eu lhe mostre? Tenho cópia de todas as folhas, posso lhe relembrar, talvez esteja esquecido do que há nele. - disse de maneira desafiadora.

- Vocês são malucos. - Harry sacudiu a cabeça e soltou um suspiro longo. - Mas, foda-se, como quiserem. Vamos logo. De que horas será o encontro? - o mesmo rosnou impaciente.

- Às sete. - disse Christopher com um sorriso.

Harry's POV

Você consegue fazer isso, meu subconciente me cutucava.

Eu tenho que conseguir. Aqueles homens continuavam a falar sobre tudo o que estava planejado para mim nessa semana e eu estava me sentindo como um fantoche. Mas para ser sincero eu realmente sou um nas mãos deles. Esses caras comandam cada passo que eu dou. Às vezes eu me esqueço da carreira de cantor, já que minha vida é praticamente toda uma ficção criada por eles.

Preciso de paz. Não que eu tenha algo contra a Cara. O problema não é com ela.
Harry lembre-se pelo qual motivo você deu ínicio a tudo isso, meu subconciente me alfinetou novamente.

Olhei para o lado e notei que a loira mantinha seu olhar nos dedos que estavam entrelaçados um nos outros. Sei o quanto isso a incomoda. Ela pode parecer uma vislumbrada que pensa apenas em compras às vezes, mas assim como eu Cara é apenas mais uma vítima das circunstancias. Como se tivesse no lugar errado, na hora errado.

Me sinto grato e culpado.

Ela ergueu a cabeça e me lançou um sorriso reconfortante. Tentei sorrir, porém meu rosto não obedeceu, deve ter se tornado algo quase que como uma careta.

- Harry você está ouvindo alguma palavra? - Andrew guinchou.

Não.

- Estou sim, senhor. - respondi.

- Isso é uma coisa excelente. - ele me respondeu de volta com um sorriso sínico.

Finalmente essa maldita reunião acabou. Agradeci aos céus. Agarrei a mão da Cara e a puxei para fora. Ela falava algumas coisas em um tom baixo quase imperceptivel logo atrás de mim, mas eu não tratei de prestar atenção.

- Será que a Hazel está melhor? Eu fiquei preocupada com a nossa menina. - a ouvi.

- Eu também estou. Por mim eu carregaria ela para todo canto, mas ela é pequena e está doente. Além de que não merece ter que passar por essas coisas na quais nós temos que conviver. - eu disse enquanto olhava para a frente.

- E quanto a esse encontro que temos as sete? - ela questionou e rosnou baixo.

- Me desculpe se não sou um bom marido. - lhe olhei rapidamente e avistei de longe um ser baixo de preto se esconder por trás de uma construção.

- Não é sua culpa. - ela tentou formular um sorriso.

- Claro que é minha culpa. - passei a mão no rosto.

- Fomos vítimas do acaso. Você está ciente disso que eu sei. Agora vamos voltar para casa, temos uma filha nos esperando. - ela sorriu de lado e eu concordei.

Entramos no carro. Gosto dessas nossas conversas que não são controladas pela mídia, que não são puros jogos. Acho que eu e Cara não somos os tipos de pessoas que funcionamos mais como marido e mulher e sim apenas como grandes amigos. Mas por culpa de um emprego idiota eu sou obrigado a manter isso. Okay, meu emprego não é idiota. Eu amo meus fãs e eles são tudo para mim, mas meu coração balança e falha quando vejo um sorriso no rosto deles ao pensarem que o meu relacionamento é de verdade. O número de shippers de Carry é absurdamente grande, mas o número de pessoas que acham que é aparencia também é enorme.

Eu queria poder mostrar quem eu sou de verdade para cada menina daquela. Esse ser que eu demonstro ser na frente das cameras que é casado e tem uma vida feliz não é real. Eu quero me mostrar.
Mas eu não posso.

The Paparazzi {L.S.}Onde histórias criam vida. Descubra agora