Olá rascunho! Já sinto que somos grandes amigos. E decidi acabar com toda essa formalidade de te cumprimentar sempre que chego.
Então a partir do nosso próximo encontro já vou chegar transbordando suas paginas com minhas letras garrafais sem cerimônias, Certo? Certo.
Então, hoje seria outro dia "monótono" como todos os outros, se não fosse terça-feira. E como todas terças feiras, depois da aula vou correndo para o clube do livro, onde posso realmente ser quem sou!
Vai lá rascunho, pode confessar. Você esta chocado? Se perguntando como uma patricinha como eu adora livros!? É isso, eu adoro! Mas até então eu não podia estragar minha reputação. Por isso sempre ia escondida de todos.
Você sabe, né? Se não sabe, vou te contar um segredinho agora:
Patricinhas são BURRAS, e isso faz delas patricinhas. Quer dizer, elas não podiam ser burras e feias, então a beleza vem como um bônus para despistar esse "inconveniente".
Ou seja:
Nós somos lindas; não temos medo de nada; podemos ter quem queremos aos nossos pés, inclusive as meninas; podemos humilhar quem quisermos, somos superiores a qualquer ser existente; e a lista continua enorme. Porém, somos extraordinária mente burras. Urgh!
Mas, isso não acontece comigo. Eu não me considero burra, sou muito inteligente, aliás, até mais do que a maior nerd da escola Anastácia Sousa... Que vejam só! Até o nome de nerd ela tem. Mas aqui na escola eu tinha que manter as aparências e seguir o roteiro. Sempre joguei " uni-duni-te" para escolher o próximo idiota iludido, apaixonado ou com medo de mim, para fazer minhas atividades e meus trabalhos. Até cola nas provas eles me davam, mesmo eu não precisando. Acredita? Patético! Como eles conseguem se submeter à isso!?
Pois bem, por isso amo tanto o clube do livro, lá eu sei quem realmente sou e me sentia livre de todas as regras que me submetia a seguir. E foi lá que encontrei pessoas maravilhosas e descobri que podia me arrepender do que andava fazendo, e não seria humilhante ou vergonhoso.
Por que vergonhoso mesmo era eu ter a coragem de queimar o caderno de alguém só para continuar no topo.
E humilhante mesmo era eu colar vários papeizinhos por toda a escola que diziam:
"Anastácia Sousa ainda é virgem! Quem se candidata a mudar isso?"
Por pura inveja da vida que ela leva. Por pura raiva e vontade de fazer ela passar o que passei, para mostrar que eu não merecia ter passado por isso sozinha.
Mas caramba, que culpa ela tinha do que fizeram comigo? Nem uma. Rascunho, eu tive coragem de passar por ela e falar que nem isso a ajudaria e ri. Agora lembrando disso eu sinto tanto nojo de mim mesma. Até mais do que eu sentia de Amanda. Como? Como eu tive coragem de fazer isso? O que deu na minha cabeça, e porquê demorei tanto pra perceber o quão hipócrita eu estava sendo?
Sim, hipocrisia que se chama! Eu odiava tanto a Amanda. Eu a achava a pessoa mais horrível do mundo, eu rezava para que um dia ela parasse de me atormentar, que se arrependesse do que vinha fazendo. Mas isso nunca aconteceu.
E olha no que eu me tornei. Poderia dizer que uma pessoa mil vezes pior do que Amanda foi. Ela gastava seu tempo todo apenas comigo, e até hoje não sei o porquê. Mas era só eu que ela prejudicava. E eu também não posso dizer que ela é a culpada por eu ter feito tudo que eu fiz.
Eu que tive a ideia, foi tudo planejado, os passo-a-passo as roupas até o corte de cabelo. Fiz por que quis, escolhi o caminho errado pois pensei ser mais fácil para mim fazer sofrer do que sofrer. E não espero que todos aqueles que machuquei me perdoem, duvido muito que tal coisa aconteça.
Por falar em Amanda, não me pergunte por onde ela anda. Quando cheguei das férias, arrasando no meu novo visual e procurei por ela, para esfregar em sua cara quem era a "esquisitona" não a encontrei.
Rolam boatos de que seus pais sofreram um acidente e sua mãe faleceu. E então ela teve que se mudar com seu pai para cidade de sua avó, se é verdade? Não sei! Mas do fundo do meu coração espero que não. Nem a pior pessoa do mundo merece perder a sua mãe. Eu morreria se minha mãe morresse.
Mas em fim, eu destruí dias e dias de várias pessoas. Sem nem mesmo ter um motivo óbvio. Eu fazia por pura imaturidade e medo.
Medo de que alguém se aproveitasse de qualquer fragilidade de minha parte, para me destruir. Para zombar da minha cara e fazer eu chorar dia após dia. noite após noite. Como acontecia antes.
Não deixei que fizessem comigo. Me senti no topo da hierarquia, uma verdadeira Cleópatra: Eu mando! Vocês obedecem.
Porém, acabei fazendo outras várias pessoas passarem pelo que eu não quis passar.
Queria ter o "orgulho" de dizer que decidi mudar sozinha, que abri os olhos e vi como eu estava sendo tóxica por conta própria. Mas não foi assim, e agradeço aos céus por ter várias pessoas realmente boas ao meu redor, mesmo sem merecer.
Eu vou te contar como finalmente abri os olhos e decidi que pararia de maltratar todas aquelas pessoas. E ainda melhor, me redimir com todas elas. Uma a uma.
Mas isso vai ficar para outro dia. Prometo que logo, mas agora tenho que ir, já estou super atrasada para o clube do livro.
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Ansiosissima para começar essa nova fase, explicando como a Bia em fim acordou pra vida.
Até lá!!!!
Não se esqueçam de deixar a estrelinha.
Beijinhosss :****
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Mudando O Roteiro
Teen FictionAna Beatriz é uma garota de 17 anos que sofreu muito no ensino fundamental, mas decidiu que não sofreria mais. Ela faria sofrer! Tudo o que fizeram de mal para ela no ensino fundamental, ela transmitiu para outras pessoas no ensino médio. Mas nunca...