Quando Anastácia foi para sua carteira a professora pediu para que eu me ajustasse para apresentar o meu trabalho. Deixei o monitor arrumado e tentei aliviar o nervosismo, em vão.
Respirei fundo contei até três e pedi para Renata colocar a primeira foto no projetor. Ela se encarregou de cuidar do computador para mim já que não poderia passar as fotos e apresentar o trabalho sozinha, eu me atrapalharia toda.
E assim ela fez. A primeira foto apareceu no quadro negro mostrando a pergunta "O Que é beleza para Você?"
- O que é beleza para você? Bem essa pergunta parece ser tão fácil, não? Quando pensamos em beleza nossa mente nos remete a uma pessoa "bonita" ou atores, cantores, lugares, comidas, imagens... - enquanto eu falava, Renata ia passando as imagens, mostrando vários atores e lugares bonitos - Se procurarmos no dicionario vamos encontrar que: beleza: é um "substantivo feminino Característica, particularidade, caráter ou atributo do que é belo; expressão própria de belo; boniteza, encanto ou lindeza".
- Mas e se procurarmos um pouco mais fundo? - Renata para em uma foto minha com o resto da turma do ensino fundamental, antes da minha "transformação".
Senti os olhares confusos em cima de mim e também uma pontada no peito.
- Essa sou eu! - apontei para mim na foto - durante esses dois anos eu tentei esconder quem eu era no ensino fundamental, pensando que eu era um monstro horrível e horripilante por conta da beleza ou melhor da falta dela; mas agora eu vejo que não era bem assim. - Renata passa para próxima foto que me mostrava rindo de Anastácia juntando os livros que eu havia derrubado no chão.
- É! agora, essa sim, que conseguiu um título de menina mais bonita da escola, essa é a menina mais feia e horripilante que conheci na minha vida. - Renata passa para próxima foto que mostrava as anteriores, uma do lado da outra. - Essa menina aqui, - aponto para antiga - era dedicada, se esforçava na escola e fazia de tudo por todos, tentava ser feliz sem pisar em ninguém, tinha sonhos incríveis e incentivava outras pessoas a não desistirem dos seus, ela discriminava qualquer tipo de maldade e odiava sofrer bullyng por ser quem era, mas mesmo assim não revidava. Seguia seu caminho sem olhar pra traz sem se importar com a maldade e sem deixar se contaminar por ela. É essa Bia que eu olho e vejo beleza! - respiro fundo na intenção de conter as lagrimas que estão prestes a escorrer pelo meu rosto, aponto para a segunda foto que mostra eu agora e continuo.
- já essa Bia, essa de agora que está rindo de uma colega de classe que só quer estudar e ficar em paz, que por mais hipócrita que seja representa essa Bia do fundamental que eu fui e que até algumas semanas atrás fiz sofrer como eu mesma sofri, essa sim é um monstro, um monstro horripilante que fez pessoas sofrerem para massagear o próprio ego. - ao invés de chorar me encontrei suspirando e sentindo nojo de quem eu era - realmente uma grande hipócrita! Que poderia se defender assim como Anastácia fez, sem precisar fazer alguém passar pelo que ela passa para se sentir melhor. Dando um belo tapa na cara de quem a fez se sentir mal tentando abrir os olhos dela e ver que a vida vai muito além do que status e beleza exterior.
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Mudando O Roteiro
Genç KurguAna Beatriz é uma garota de 17 anos que sofreu muito no ensino fundamental, mas decidiu que não sofreria mais. Ela faria sofrer! Tudo o que fizeram de mal para ela no ensino fundamental, ela transmitiu para outras pessoas no ensino médio. Mas nunca...