O último abraço.

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-Uma mulher de 21 anos e o um homem de 22, são encontrados mortos em um lago próximo à chácaras na cidade de Getuliana. Conhecidos dizem que o casal estava noivo a dois meses e sairam para acampar perto do lago no dia anterior as mortes. Ao retirar os corpos da água bombeiros afirmam ter encontrado as vítimas abraçadas. Estão mortos a pelo menos 11 horas e serão levados à autopsia para confirmar que a morte foi acidental. Protestantes pedem o fechamento permanente do local. O casal celebrava o noivado no que se acreditava ser um simples acampamento que acabou sendo uma das maiores tragédias...
-É disso que estou falando, ninguém mais respeita a placa dizendo perigo. No meu tempo ao ver uma placa dessas nós saiamos correndo de lá com tanto medo que nunca mais chegavamos perto. Os jovens de hoje se acham bons e dá nisso! - Meu pai reclamava em frente a tv, que agora estava desligada.Ele é policial e não admitia tamanha burrice dos "jovens" que praticamente se suicidavam ao ultrapassar uma placa dizendo : "Perigo. Risco de morte".

-Calma amor. Olha por outro lado, agora que eles morreram as pessoas que sobraram vão ficar assustadas e se afastar do local, evitanto novas mortes ou adolescentes perdidos. - Minha mãe o consolava.

-E eu vou evitar vomitar me retirando daqui. - Afastei a cadeira do balcão onde tomava meu café da manhã e me levantei.

-Filho, antes que vá eu preciso de um favor seu. - Meu pai disse antes que eu pudesse sair da cozinha.

-Fala. - me virei para encará-lo.

-Nós vamos ter que sair no fim de semana e queriamos que cuidasse da sua irmãzinha.

-Ahhh pai, eu nunca fico em casa no fim de semana.

-É só desta vez Adriel, Kathe é muda e não é toda babá que sabe libras.

-Tá. Eu cuido dela. - me retirei da cozinha antes que pudessem me pedir mais alguma coisa.

Era segunda-feira de manhã e eu detestava a ideia de ter que acordar e sair de casa para ir à escola numa segunda de manhã, deveria ser proibido até acordar numa segunda de manhã. Tá talvez eu tenha isagerado, mas não parece justo estudar cinco dias na semana e descansar só dois, isso deveria ser divido igualmente, ou pelomenos o contrário.

Encontrei kathe na sala, ela me disse: "Oi". Por meio de libras. Kathe nasceu com algum problema que eu não lembro o nome e teve que retirar as cordas vocais bem cedo. Por isso todos nós aprendemos a falar em libras, meus pais, kathe e eu. Na verdade kathe não sabe "falar" tão bem, ela só tem três anos, tudo o que sabe é o básico dos básicos.

Eu respondi um "Oi, tudo bem?".

Ela me perguntou onde estavam mamãe e papai, e eu apontei para a cozinha. Ela me respondeu um "Obrigada". Kathe era fofa eu tinha que admitir, estava usando um vestidinho rosa e andava meio que cambaleando para os lados, usava um sapatinho branco e arrastava seu coelho de pelúcia também branco para todos os lados. Ela tinha olhos grandes e verdes que brilhavam encantando qualquer um que olhasse. Possuía também longos cachinhos dourados que quase chegavam a sua cintura. Fiquei vendo ela se afastar em direção a cozinha, depois que sumiu de vista eu me foquei novamente em pegar minha mochila e ir pra escola.

Subi no meu quarto peguei a mochila que tinha deixado em cima da cama e sai de casa rumo a escola.

Bufei. Ninguém merece.

A Cura Está Na Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora