Câncer? Sei o que é, mas não queria acreditar.

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-Oi. -disse baixinho para a recepcionista, sem olha-la. -Onde posso candidatar-me ?

-Que!? -Ela falou um pouco alto de mais, o que chamou atenção desnecessária. -Você precisa falar mais alto gracinha.

-Onde eu posso me candidatar? -falei em tom normal desta vez.

-Quer ser voluntário durante às férias? -ela perguntou quase não acreditando em mim. Acho que ela era mais desligada do que pensei, considerando que a cidade toda já sabia.

-Só dá pra me dizer isso logo? -Não suportava mais aquela conversa.

-Ah claro, é só assinar aqui. -ela me entregou uma ficha e notei que meu nome era o único ali. Porque não estava surpreso?

Assinei e olhei para a cara da recepcionista burra e que mascava um chiclete de boca aberta. Desejei muito pedir para ela jogar aquilo fora.

-E então? O que eu faço agora?

-Espera aqui, vou chamar um dos médicos pra você. -ela entendeu que eu sou voluntário, não um paciente?

Ela saiu de trás do balcão e entrou em uma das salas no corredor. Não demorou muito e um homem alto de jaleco saiu pela porta junto à recepcionista.

-Olá. -ele olhou na lista. -Adriel?

-Sou eu.

-Bem vendo ao hospital e agradecemos a sua ajuda como voluntário. Vem eu te explico seu trabalho no caminho.

Acompanhei-o por um corredor.

-E então vai falar o que é pra eu fazer? -perguntei quando percebi que ele já deveria ter dito algo.

-Shhh. -ele respondeu. Sem parar de andar. - Pronto. Eu só queria afastar-nos daquela recepcionista ignorante.

Pelo visto eu não era o único a odiar a recepcionista.

-Eu sou o responsavel pelos voluntários. Na verdade pensei que ninguém apareceria, mas é um prazer te-lo aqui senhor Adriel. Eu sou o Doutor Zimmerman. Édison Zimmerman. -Ele estendeu a mão.

-Muito prazer senhor. Mas o que eu tenho que fazer?

Ele riu. -Vejo que está animado.

Na verdade não estava mas eu não queria conversar. Continuei o encarando esperando ele falar logo! Isso estava ficando irritante.

-Ah sim, seu trabalho é observar os pacientes e fazer anotações, depois entregue-me e eu avaliarei. De acordo com isso posso mandar os pontos para sua escola e você ganha nota extra. Legal né.

Arquiei uma sobrancelha. Não isso não era legal, mas se fosse pra fazer algo de útil com a minha vida, eu topo.

-Talvez você goste mais na prática. Seguimos pelo corredor e entramos em uma sala. Lá, ele me entregou um jaleco e uma prancheta para anotações, junto com uma lista dos pacientes e quartos que eu poderia visitar.

-Lembre-se, você não é médico. Então não toque nos pacientes e nem receite nada, você só deve observar o estado deles e se quiser perguntar como eles se sentem.

-Ok. Entendido.

-Bom. Agora tenho que continuar meu trabalho, sinta-se à vontade e pode começar com o paciente que quiser, mas não se esqueça de completar a ficha.

-Tá bem.

Ele saiu pelo corredor e me deixou lá. Olhei a lista de pacientes e decidi que seguiria a lista pela ordem alfabética. Entrei no primeiro quarto. Era um senhor idoso, ele parecia ter somente ossos e pele, literalmente, ele era branco como um fantasma. E pela aparencia me parecia estar com fome.

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